Diagnóstico
Emergências pela Zona Sul do Estado
Afetados com as chuvas dos últimos dias, prefeitos se reúnem para contabilizar estragos e traçar estratégia para recuperação e reconstrução das áreas atingidas por temporais
Paulo Rossi -
Atualizada às 17h49 para acréscimo de informações
Os prefeitos da Associação de Municípios da Zona Sul (Azonasul) estiveram reunidos na manhã desta segunda-feira para debater os estragos causados pelos temporais que atingiram a região nos últimos dias. Nesta terça-feira, o grupo também se encontra com o governador Eduardo Leite (PSDB) para tratar do tema. Os principais estragos foram registrados nos municípios de Canguçu, Piratini, Arroio Grande, Pedras Altas e São Lourenço do Sul, todas já ou prestes a declarar a situação de emergência. A associação pretende ir a Brasília tratar do assunto com o Ministério da Integração Nacional.
O cenário entre os municípios se assemelha. Todos os prefeitos relataram enfrentar grandes dificuldades orçamentárias para encerrar este ano, fator que prejudica a manutenção de estradas, por exemplo, muito afetado com o temporal. Soma-se a isso a preocupação vivida pelos líderes da região com a perda de maquinário pertencente ao Estado e o pouco resultado efetivo de outros decretos de emergência. Os problemas serão levados nesta terça-feira ao Palácio Piratini, onde os prefeitos esperam encontrar apoio para a região.
Chuvas e temporais atingiram praticamente todas as regiões do Rio Grande do Sul na última semana. “A situação é grave em todas as localidades. Não temos recursos para custeio ou recuperação das avarias em pontes e estradas, onde os problemas são mais acentuados. Precisamos que o governo estadual envolva-se no problema e busque conosco recursos federais”, disse o presidente da Azonasul, Mauro Nolasco (PT), prefeito de Capão do Leão .
40 pontes danificadas em Canguçu
Somente em Canguçu, que possui cerca de nove mil quilômetros de estradas rurais, a água causou estragos em 40 pontes e pontilhões. Em 16 delas, a água levou toda a estrutura e a perda é total. “Não vamos conseguir recuperar os estragos até o final do meu mandato”, relatou o prefeito Vinicius Pegoraro (MDB), no exercício até o final de 2020. Um levantamento feito pelo Emater deve ser finalizado até a reunião com o governador.
Conforme Vinicius, lavouras inteiras de fumo foram perdidas com a chuva. Escolas na zona rural continuam com aulas suspensas e o alagamento e uma chuva de granizo atingiu duas unidades básicas de saúde do município.
A proposta que mais chamou a atenção foi de Pegoraro. Se não há recursos financeiros para ajudar, disse, o Estado dispõe de estruturas como maquinário que pode ser deslocado para serviços na região, além de postes de luz e outros equipamentos.
Desabrigados em Arroio Grande
O prefeito Luis Henrique Pereira da Silva (PP) também informou das dificuldades enfrentadas no município. Mesmo sem recursos, o executivo precisou adquirir mais de 250 telhas para distribuir entre os atingidos pelo granizo. “Em Santa Isabel tem gente dormindo na Igreja desde sábado. No centro estamos abrigando no ginásio municipal. Precisamos de ajuda”, disse. Com a economia baseada no agronegócio, o município também prevê grandes perdas nas lavouras de soja e arroz, que já tinham previsão de redução antes do evento climático.
Estragos em Pelotas
A prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) contabilizou mil quilômetros de estradas a serem recuperadas. Há também desabrigados e desalojados na área das Doquinhas, no Porto da cidade. São 400 quilômetros de vias urbanas e 600 quilômetros na área rural. “Levantamento feito pela secretaria de Obras é que precisamos ainda de 250 toneladas de asfalto para as vias pavimentadas”, informou.
Piratini pode ficar ilhada
Outra situação que preocupa é a de Piratini. Com as obras da nova Ponte do Costa na reta final, o trânsito poderá ser desviado por uma estrada vicinal por dois meses. O acesso secundário ficou embaixo d’água com as chuvas. O prefeito Vitor Ivan Gonçalves Rodrigues (PDT) falou em desconsideração com a região.
“A gente espera uma mão do Estado de alguma forma. Se não tem como ajudar, também não pode atrapalhar”, disse, em relação a retirada de máquinas pertencentes ao RS, que podem ser direcionadas a outras regiões do Estado.
Demora por ajuda
A reunião começou com um desabafo do prefeito de Herval, Rubem Wilhelnsen (PSDB). Frente às políticas de austeridade adotadas tanto por Eduardo Leite como por Jair Bolsonaro (PSL), a principal consequência é aumentar as responsabilidades dos municípios, que também passam por dificuldade.
Mobilização política por recursos
Também participaram da reunião os deputados estaduais Pedro Pereira (PSDB), Zé Nunes e Fernando Marroni (PT) e o deputado federal Afonso Hamm (PP). Em Brasília, Afonso já se reuniu com a Defesa Civil, que informou estar sem recursos na área de reconstruções. A ideia de Hamm é montar um grupo de prefeitos e junto com a bancada gaúcha buscar recursos extras para ajudar nos estragos causados no Estado.
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