Uma manhã para relembrar boas histórias, matar a saudade dos amigos e em especial da escola que marcou a história deles e de muitos outros. Com esse espírito, ex-alunos do Colégio Municipal Pelotense se reuniram no sábado (14) para "reconhecer" o novo ginásio da instituição e confraternizar.

Um dos organizadores, o ex-aluno e atual professor do colégio, Listi Farias, disse que a atividade, que ocorreu das 8h30min às 12h, teve na reinauguração do ginásio o foco especial do evento e, por este motivo, o encontro foi realizado lá mesmo. "Muitos ainda não tinham visto depois da reforma", falou.

Como o foco deste sexto encontro foi o ginásio, nada mais natural do que homenagear alguém que, por quase 20 anos, foi referência no local. Esta pessoa é José Barros, de 88 anos, ex-funcionário.

Barros trabalhava no Colégio, quando foi transferido para o ginásio. Com o tempo acabou abraçando a administração do local. Foram 20 anos na ocupação, de 1964 a 1984, quando se aposentou. "Não foi um cargo dado, foi conquistado", disse Farias.

Atualmente morador de São Lourenço do Sul, Barros diz que os alunos daquela época não davam trabalho. O funcionário contou que a disciplina dentro da escola era bem rígida, mas no ginásio era mais liberado, por isso os alunos gostavam tanto de estar lá.

Recentemente o ex-funcionário ganhou uma sala com seu nome no ginásio. O espaço irá receber os troféus, medalhas e homenagens.

Outro objetivo do encontro foi estimular o resgate do desenho original do Gato Pelado, criado pelo escritor Aldyr Garcia Schlee em 1952. "O gato criado por Schlee tinha um ar mais debochado. Com o tempo foram transformando ele e ficou um gatinho mais alegre. Queremos resgatar essa imagem para a gente não perder", disse Farias. A ideia é que as pessoas tragam imagens e antigos desenhos para reforçar o acervo sobre o tema.

Antes da reforma do ginásio o gato e o símbolo do colégio estavam pintados na parede da construção. Agora a intenção é que eles voltem ao local de origem, quem sabe trazendo junto o gatinho mais arteiro de Aldyr Schlee, que morreu em novembro do ano passado aos 83 anos.

Convivência e façanhas

Em grupos os amigos conversavam e relembravam antigas façanhas, como o desmaio do engenheiro agrônomo João José da Cruz, 66, em uma janta de celebração ao aniversário do Colégio. O amigo, o professor de Matemática Jai Massaut, conta que Cruz foi dar um pulo e, como o teto era mais baixo, bateu a cabeça. "Caiu desmaiado."

Cruz faz questão de mencionar que o jantar das noites de aniversário era galinhada, uma provocação ao colégio Gonzaga, rival intitulado pelos alunos do Pelotense como "galinha gorda", uma réplica ao apelido dado pelos rivais de 'gato pelado". "O pessoal do Pelotense abraçou o gato pelado, passou a fazer parte da nossa cultura", comentou Farias.

Ramão Magalhães, ex-professor e ex-aluno da escola, endossa a história do desmaio com risadas. Magalhães, que estudou na escola de 1969 a 1977, é o atual patrão do CTG do colégio, o Sinuelo do Sul, provando que o envolvimento com a comunidade escolar não se esgota quando o local da educação formal marca positivamente a vida dos estudantes.

Um dos fundadores do grupo de escoteiros Humaitá do Sul, o engenheiro Agrícola Jaime Bendjouya, 64, lembrou que as atividades extraclasse eram outro grande atrativo. Também destacou a firmeza dos professores em transmitir o máximo de conhecimento.

Para o diretor do Colégio, Arthur Katrein, 57, que é ex-aluno e professor da instituição, relatou que há egressos espalhados pelo Brasil e também fora do país, pessoas que estão sempre em contato, querendo notícias da antiga escola e de seus ex-colegas. "É importante incentivar que isso continue e que as pessoas tenham o Colégio Municipal Pelotense como referência."