Epopeia Simoniana

Por: Carlos Eugênio Costa da Silva

Na Pelotas de antanho,
a Capital da Cultura,
nasceu a grande figura
de nosso Regionalismo,
semeador do civismo,
das letras, amigo dileto,
o Príncipe da Literatura:
João Simões Lopes Neto.

Era o apogeu do charque
e assim, o tempo perpassa,
quando na Estância da Graça
alicerçou seus afãs,
com os pais e as irmãs
semeou sua grandeza
em constante e fecunda
relação com a natureza.

Mas, o tempo foi passando,
e em idade escolar,
João precisou mudar
para o estudo na cidade,
e mais tarde, pela vontade
de seu avô prazenteiro,
adentra a Escola Abílio
lá no Rio de Janeiro.

 

De volta à Princesa do Sul
retornou para a Estância
pra poder matar a ânsia
que teimava em lhe judiar.
Pôde a saudade abrandar,
amanhecer com o sol,
inspirar-se com o silêncio
que anunciava o arrebol.

E foi no jornal “A Pátria”
que Simões Neto, iniciou,
e dois poemas publicou
mostrando sua inspiração,
depois, inaugurou a sessão
chamada “Balas de Estalo”
onde nomes unidos ao riso
ficavam a representá-lo.

João Ripouco, João Riforte,
João Rigago, João Ricomfé,
e os versos em triolé
divertiam o leitor,
sátiras com bom humor
flamejavam alegria
demonstrando o grande autor
que no futuro seria.

Em 92 a aura empresária
com ideias lhe convence
e a Vidraçaria Pelotense
num upa, logo inaugura,
porém poucos anos dura
e a veia empresarial
dá lugar a criação de peças
pra “troupe” do Caixeiral.

No mesmo ano, o amor
queima no peito qual brasa
e com Francisca se casa
um par eterno formando.
Ao verem o tempo passando
surge então uma luz divina
que fulge, com a chegada
e adoção de Firmina.

Entre ideias e escritos
os sonhos mantinha vivo
e o teor corporativo
volta a lhe dar razão,
funda a Cia de Destilação,
Café Cruzeiro (na vitrina)
Cigarros Marca Diabo
e Antiparasitário Tabacina.

 


Nenhuma obteve êxito
apesar de seu labor,
mas sua sina de escritor
fazia-o brilhar ao sol,
como Serafim-Bemol,
seu pseudônimo, então,
cria o folhetim “Mandinga,”
prosa urbana de ficção.

Dedica-se à dramaturgia
com entusiasmo de fato,
escreve a peça “O Boato”,
“Mixórdia” e “Bacharéis”,
e assim colhe os lauréis
da literária seara
em dupla com Gomes Mendes,
de alônimo: Moura-Rara.

Na alma, aspirações
regadas pelo lirismo,
e assim, semeou civismo
através de conferências
a todos, dava ciência
e a ideia então se debuxa
descrevendo seu orgulho
nas laudas de “Terra Gaúcha”.


Rememorou sua infância,
quando ao ouvir os peões,
assimilava as tradições
do sul deste seu Brasil,
e no Correio Mercantil
materializa seu anseio
publicando M’Boi-tatá
e Negrinho do Pastoreio.

O livro “Cancioneiro Guasca”
inaugurou sua biografia,
que marca e influencia
a Literatura Regionalista,
traz danças, trovas, conquistas,
e Simões, com autoridade
retova a alma gaúcha
com tentos de poeticidade.

Depois, “Contos Gauchescos”
e, “Lendas do Sul”, após,
mostrando com terrunha voz
o valor de homens campeiros,
amores, lidas, entreveros,
fé, honra, assombrações,
marcos que deram respaldo
a nossos costumes e tradições.

 


Mas, a vida lhe judiava,
lhe negando a história,
triste, pobre e sem glória,
lembrava o tempo passado,
E o que havia lhe restado?
A mesa de redação do jornal,
sua última atividade
na escala da existência final

Mil novecentos e dezesseis
quatorze de junho, a data,
a tristeza fez sonata
com acordes de lamentos,
brandos ficaram os ventos
soprando saudade e afeto.
Partiu pra Querência Eterna,
João Simões Lopes Neto.

Sem ter o reconhecimento
que esperou de verdade,
diziam, nas ruas de sua cidade,
que ele, grande coisa não era,
vivia da sorte, em espera,,
tendo às letras por sacerdócio
e culpavam-as por seu fracasso
como um homem de negócios.

 


Mas a justiça não falha
embora possa tardar,
e o tempo pôde testemunhar,
a vitória então alcançada
obras suas foram publicadas
e pelo mundo acolhidas
para então em várias línguas
elas serem traduzidas.

Suas lira,venceu o tempo
ultrapassando fronteiras
e assim, desta maneira,
auxiliou a divulgar,
nossa lida, linguajar,
costumes e nossa história
eternizando pra sempre
a gauchesca memória.

Destarte, colheu os louros
que em vida o mundo negou,
a história lhe reverenciou
eternizando seus feitos
recuperando o respeito
por quem, com seu bucolismo
marcou um lugar de honra
junto ao Regionalismo.

 

Mil gracias, Simões Lopes Neto
por ao mundo ter mostrado,
que quem nasce neste Estado
orgulha-se de suas raízes.
Enquanto os regionais matizes
erguerem letras e voz,
tua lembrança será eterna
e continuarás entre nós.

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