Deterioração

Está no inventário, mas não protegido da destruição

Prédio da prefeitura, localizado na avenida Saldanha Marinho, tem sido alvo de vandalismo e virou retrato de abandono

Paulo Rossi -

O prédio integra a lista de imóveis do Inventário do Patrimônio Cultural de Pelotas. Parece inacreditável. Porta arrombada, vidros quebrados, parte do forro desabado. Sujeira, odor de urina, itens de mobília destruídos. A construção na avenida Saldanha Marinho, onde já funcionou uma escola, foi abrigo ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e sede de setores da Secretaria de Educação e Desporto (Smed) e da Secretaria de Habitação, hoje é retrato de abandono. Mas é propriedade da prefeitura, desde 1925.

Quem vive pelas redondezas ou circula pelo local tem acompanhado a movimentação de entra e sai. E a deterioração também. "É uma judiaria a gente ver este prédio lindo se destruindo", conta um dos moradores, mas prefere não ser identificado. Nos últimos dias, até uma criança foi vista nas janelas de cima. A preocupação da maioria, entretanto, se refere aos riscos de o imóvel virar ponto de concentração para uso de drogas - como já tem ocorrido - e refúgio para episódios de furto e roubo.

Na terça-feira pela manhã, quando o Diário Popular esteve no local, um homem dormia em um dos cômodos, enrolado a um lençol, em meio a pares de chinelo, mochila, embalagens de alimento e lixo. Bastante lixo.

O que diz a prefeitura

O secretário de Administração e Recursos Humanos, Eduardo Schaefer, explica que o Executivo irá tomar medidas para fechar as aberturas do prédio e evitar o vandalismo. "O cercamento que havia foi retirado em função das obras e o que era para ser uma requalificação do canteiro acabou gerando este revés", argumenta.

Um estudo iniciado no ano passado irá apontar as condições dos imóveis do Município que estão fechados, para analisar a possibilidade de venda ou definir novos usos. O antigo Grupo Escolar Dona Antônia, na Saldanha Marinho, 67, está na lista de avaliações. Pelas características da construção - inventariada e com cerca de 300 metros quadrados de área -, a hipótese de venda está descartada. O desafio será obter recursos para restauração, que deverá seguir padrões ditados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O tipo de uso do casarão, no futuro, também segue em aberto. Uma das possibilidades, caso não volte a abrigar departamentos da própria prefeitura, será firmar parceria com alguma instituição que imprima ao imóvel um fim social, educacional ou cultural - exemplifica o secretário de Administração;

Saiba mais

O prédio está no eixo da avenida Saldanha Marinho, descrito como de Interesse Especial do Ambiente Cultural. A definição consta no Plano Diretor e é reconhecida no parecer que decidiu pelo tombamento do Conjunto Histórico de Pelotas, em maio de 2018, pelo Iphan. As praças José Bonifácio, Coronel Pedro Osório, Piratinino de Almeida, Cipriano Barcelos e o Parque Dom Antônio Zattera, assim como a Charqueada São João e a Chácara da Baronesa, ganharam o status de Patrimônio Cultural Brasileiro.

A construção, hoje alvo de depredação, permaneceu ocupada até os primeiros meses de 2017, quando a Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária deixou o local. Nos últimos dias, diante da preocupação da comunidade, equipes da Guarda Municipal (GM) e da Brigada Militar (BM) passaram a ser acionadas.

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