Alívio
Estudantes da UFPel que estavam na Colômbia retornam ao Brasil
Três dos cinco alunos em mobilidade acadêmica que permaneciam sem opções de retorno devido à pandemia estão de volta ao país
Após muitas incertezas, três dos cinco estudantes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) que se encontravam em mobilidade acadêmica na Colômbia, conseguiram voltar ao Brasil. Paula Mussi, Luísa Valreira e Andreza Bittencurt regressaram no primeiro final da semana de junho ao país. Elas pousaram em solo brasileiro através de um voo humanitário e chegaram a Pelotas na madrugada do dia 5.
O retorno foi possível pela existência de uma aeronave que realizaria um voo com destino final em Guarulhos, São Paulo. O avião viria ao país com o objetivo de buscar cidadãos colombianos no estado paulista e sairia vazio da Colômbia. Neste contexto, a empresa ofereceu a oportunidade a brasileiros que desejavam voltar para o Brasil. "Não foi um voo de repatriação, como estávamos pedindo ao Itamaraty. Foi uma chance oferecida pela Avianca. Pelo fato de eu e as meninas já termos passagens pela empresa, não precisamos pagar nenhuma taxa para retornar neste voo, assim como outros brasileiros que também já possuíam passagens para transporte da Avianca", explicou a estudante Paula Mussi, que está no terceiro semestre de Hotelaria. Para chegar em Pelotas, elas ainda precisaram pagar o deslocamento de São Paulo até Porto Alegre, antes de voltar ao município.
Assim como outros brasileiros, a estudante de Ciências Biológicas Luísa Valreira teve que renovar o visto para poder sair da Colômbia. Para realizar o procedimento, precisou pagar cerca de 92 mil pesos, equivalente a aproximadamente R$ 135,00. Foi a única taxa que precisou desembolsar antes de partir do país. Em atividade na Universidad de Ciencias Aplicadas, em Bogotá, as aulas na instituição se encerraram no último dia 31. A bolsa da pelotense já havia se encerrado no começo do mês passado. "Precisei pagar dias a mais de estadia e depois acabei ficando na casa de um amigo meu na Colômbia, o que me ajudou a reduzir os gastos até conseguir voltar. Estar novamente no Brasil foi um alívio, principalmente pelo dinheiro, pela desvalorização do real. Estava ficando muito caro, muito ruim permanecer lá", comentou a estudante.
A pelotense estava em mobilidade acadêmica na Universidad de Ciencias Aplicadas, em Bogotá. Ela destaca a falta de assistência da instituição colombiana em contribuir para a saída do país ou, até mesmo, uma eventual extensão do período de intercâmbio. "A minha universidade não se interessava muito na situação. Não demonstravam possibilidade de auxiliar a permanecer lá ou de ajudar nessas incertezas. A UFPel ainda falou com a embaixada, entraram em contato com a universidade, mas não deram nenhuma ajuda. Eu precisaria ficar lá por conta própria até conseguir retornar ao Brasil", afirmou.
As mesmas dificuldades destacadas por Luísa também foram encontradas por Paula. A estudante de Hotelaria fazia a mobilidade acadêmica na Fundación Universitaria Juan de Castellanos, em Tunja, cidade a cerca de três horas de Bogotá, capital colombiana de onde partiria o voo. A bolsa que recebia para realizar o intercâmbio fora do país se encerrou na última sexta-feira. Ela contou que a instituição colombiana não prestou nenhum tipo de auxílio para contribuir com o retorno ao Brasil. "A minha universidade foi bem radical, fui pressionada a conseguir voltar para o país. Eu queria ficar mais tempo na Colômbia, mas a minha universidade não aceitou prorrogar mais um semestre lá, já estava tudo acertado com a UFPel. Eu voltei no limite do prazo. Estava recebendo auxílio-alimentação e moradia e, depois do término, eu não conseguiria me manter lá".
Apesar de todas as adversidades, a chegada ao Brasil aconteceu no primeiro final da semana de junho. Depois de horas de viagem, em um voo que não apresentava as melhores condições, segundo as estudantes, elas chegaram à cidade. "Tudo que a Organização Mundial da Saúde recomenda foi totalmente ignorado. As pessoas não tinham um compartimento para colocar as malas, ficamos todos apertados no avião", destacou Paula. A estudante, Luísa Valreira, também falou das péssimas condições para o retorno. "O voo foi horrível. Estávamos totalmente aglomeradas naquele voo, a nave lotada. Foi um trajeto bastante difícil, em condições muito ruins. Não tinha espaço, foi de um descaso muito grande, ainda mais em tempo de pandemia. Não recebemos também nenhuma orientação nem mesmo para fazer quarentena após desembarcar", citou.
E quem ficou?
As estudantes conseguiram voltar ao país, mas ainda há aqueles que estão na Colômbia. É o caso de Bruno Oliveira, que realiza estágio obrigatório no curso de Agronomia na Universidade Nacional da Colômbia. Ele destaca que não atravessa dificuldades econômicas, em virtude do planejamento estar previsto até agosto. Entretanto, afirma que as dificuldades de transporte estão bastante presentes e que preocupa a falta de previsão de retorno ao Brasil. "Faço parte de um grupo de pesquisa e preciso ir alguns dias da semana para realizar o manejo de plantas. Mesmo com todos os cuidados recomendados pela universidade e pelas organizações de saúde, há um risco. O tráfego ainda não está totalmente liberado na Colômbia. Ainda há muita incerteza aqui", pontua.
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