Saúde

Estudo de Coorte da UFPel ainda aguarda pelos nascidos em 1993

Pelo menos 22% do grupo epistemológico já atendido pelos pesquisadores têm o diagnóstico de asma

Paulo Rossi -

A alta prevalência de asma entre entre os jovens é um dos principais alertas revelados em dados preliminares divulgados pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Exatamente 22% dos nascidos em 1993, que já atenderam ao chamamento da Coorte e passaram por exames e entrevistas, têm o diagnóstico médico da doença. O índice bem acima da média do país - que é de 4,8% entre pessoas de 18 a 29 anos - provoca o questionamento dos porquês. E são, pelo menos, quatro hipóteses.

O estudo também traz dados relevantes sobre redução do número de fumantes, aumento da obesidade e o uso de narguilé; o cachimbo d´água utilizado, pelo menos uma vez na vida, por 15,8% dos 3.161 jovens de 22-23 anos que já haviam comparecido ao Centro de Pesquisas até o final do mês de abril. Portanto, se você nasceu em 1993 em Pelotas e ainda não participou da nova etapa da Coorte, não perca tempo. A estimativa é de que o levantamento se estenda até o final deste mês. No máximo até a primeira quinzena de junho.

E, detalhe: o fato de morar fora da cidade ou do Estado não é impeditivo de participar do acompanhamento. Basta solicitar e você será ressarcido do valor investido nas passagens. Foi o que já ocorreu com jovens que se deslocaram de Santa Catarina e do Rio de Janeiro para se engajar ao estudo que é referência ao Brasil e ao mundo e pode, inclusive, embasar o desenvolvimento de políticas públicas.

Asma em alta
Por quê?
A expectativa do que indica a Ciência não se confirmou com os jovens da Coorte 93. Na infância, 28% dos participantes eram asmáticos. Na adolescência, o dado caiu para 25%. Agora, nesta fase que marca a transição à vida adulta, o esperado era de que um número reduzido deles permanecesse com a doença; assim como demonstra a última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2013, em que 4,8% das pessoas na faixa etária entre os 18 e os 29 anos têm diagnóstico de asma no país. Não foi o que ocorreu em Pelotas: 22% dos jovens de 22-23 anos ainda enfrentam os problemas respiratórios.

A estatística, portanto, suscita debate entre os pesquisadores e levanta quatro hipóteses para entender os porquês. 

Foco inédito no narguilé
O uso do cachimbo d´água passou a integrar o questionário da Coorte e deixa preocupação entre os pesquisadores: 15,8% dos entrevistados admitiram já ter experimentado o narguilé; utilizado em ambientes coletivos fechados, como se não estivesse restrito pela lei federal 12.546, de dezembro de 2011. E, ao contrário do que a maioria acredita, é extremamente prejudicial à saúde. A água não o torna menos agressivo, como muitos defendem - ressalta a pneumologista. Uma hora de uso, por exemplo, equivale a fumar cem cigarros. E, o pior, animado pelo convívio social em torno do narguilé, inúmeros jovens podem nem saber que produto estão consumindo.

Confira
# Obesidade: o excesso de peso, que está vinculado a questões inflamatórias (assim como as doenças respiratórias), pode ser uma das explicações. Estudos científicos confirmam a associação entre o índice de gordura abdominal e a asma. Como a obesidade também apareceu em alta entre os jovens, principalmente entre as mulheres, a alternativa ganha força.

# Alergias: os quadros de rinite alérgica também devem contribuir com a prevalência de asma. Afinal, não raro, as alergias acabam por desencadear as crises asmáticas. E mais: 30% dos jovens que já compareceram à Coorte confirmaram o diagnóstico médico de rinite.

# Clima: até hoje é difícil confirmar, cientificamente, a relação entre as condições climáticas e as crises de asma - afirma a coordenadora da Coorte 93, Ana Menezes. Relatos de pacientes, entretanto, apontam à conexão.

# Diagnóstico confirmado: é possível também afirmar que os médicos que atuam em Pelotas e na região, assim como em geral ocorre no Rio Grande do Sul - pelo perfil qualificado dos profissionais -, detectem mais casos da doença. Seria outro fator para contribuir com o alto índice.

Fumo em baixa, obesidade em elevação
Os dados preliminares do estudo também demonstram dois extremos: redução do tabagismo e crescimento da obesidade. Os resultados tomam como base paralelo traçado com a Coorte 82, ao avaliar os jovens com os mesmos 22 anos de idade, em 2004. No caso do fumo, o dado de Pelotas acompanha a tendência do país e demonstra um exemplo em que os esforços unificados em campanhas e legislação deram resultado positivo. Já para prevenir a obesidade, as orientações não têm surtido efeito e revelam as consequências da combinação entre vida sedentária e dieta pouco saudável.

Saiba mais
# Quantos jovens foram ouvidos (até o final de abril): 3.161
# Quantos ainda devem ser acompanhados: cerca de 750
# Este é o quarto acompanhamento em que a equipe procura abordar todos os nascidos em 1993. Os outros três ocorreram aos 11, aos 15 e aos 18 anos de idade. 
# Até agora, um quarto dos participantes que compareceram à pesquisa tem filhos. Já são 910 crianças; número acima da expectativa. Ao estender as análises aos pequenos, a estimativa inicial, em novembro de 2015, era de que em torno de 800 pessoas a mais passassem a compor o estudo. É o caso de Jenifer Lessa, 23. Ao comparecer ao Centro de Pesquisas, na última sexta-feira, a moradora do loteamento Getúlio Vargas foi acompanhada dos três filhos: Tauander, de quatro anos, Isabelle, de dois, e a caçula Isadora, de apenas quatro meses. E o primogênito engrossa as estatísticas da gurizada com problemas respiratórios: “Uso bombinha quando ele tá em crise”, conta e comemora o fato de Isabelle e Isadora estarem livres, até agora, da asma.

Participe!
Coorte 93 - Acompanhamento
Centro de Pesquisas Epidemiológicas
# Endereço: rua Marechal Deodoro, 1.160
# Horários flexíveis: os atendimentos podem ocorrer também à noite, aos sábados e domingos
# Telefone: (53) 3284-1300 - ramal 362
# Endereço eletrônico: [email protected]
* Detalhe: há área de lazer, com internet e lanche para os jovens e seus filhos.
* Você vai receber auxílio financeiro para cobrir as despesas com a participação na pesquisa
* Quem precisar se deslocar a Pelotas será ressarcido do valor das passagens; basta apresentá-las
* Para facilitar o acesso, o Centro também disponibiliza vans para buscar os jovens em casa

 

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Desaposentação tem decisão favorável da Justiça Federal em SP

Próximo

Sérgio Moro homologa acordo de leniência da Andrade Gutierrez

Deixe seu comentário