De novo

Falta de fraldas adultas se repete em Pelotas

Problema de estoque do item básico de higiene volta a ocorrer e Prefeitura atribui aumento na demanda como causador

Foto: Rodrigo Chagas - Ascom - Farmácia Municipal enfrenta constantes faltas do produto

As redes sociais ajudaram a aproximar pessoas em todas as questões, inclusive em situações de problemas imediatos. Um deles é um grupo, criado em maio, e que conta com 185 pessoas. O nome dá a tônica: “Familiares de pacientes usuários de fralda”. Nele, diversas situações são postas pelas pessoas que sofrem com a frequente falta do item na rede pública. Só neste ano, esta é a terceira reportagem do Diário Popular sobre o tema. Estas pessoas tentam achar, de alguma maneira, soluções para um problema que, entre tantas outras nuances, escancara a falta de dignidade para muitos na rede pública de saúde.

A reportagem acompanhou um dia neste grupo. Com troca de mensagens intensa, familiares dividiam seus dramas, trocavam informações que conseguiam garimpar e expunham a insatisfação com agentes públicos de todos os níveis. Contatos de vereadores e seus assessores eram frequentemente jogados para tentativa de exercer pressão. Outros acionavam conhecidos na área da saúde. Reproduções de telas chegavam com mensagens indicando o melhor caminho a seguir, onde seria possível, talvez, ainda encontrar fraldas remanescentes no estoque do Município e, em paralelo, acontecia até a organização de uma manifestação cobrando providências. “Eu sou nova neste grupo e já estou apavorada. Ainda não recebi nem o resultado se vou conseguir fraldas. Minha mãe tem 85 anos e amputou uma perna”, dizia a mensagem de uma participante. Uma das informações dadas por lá, supostamente oriunda de uma servidora da saúde, aponta que as fraldas devem chegar na próxima semana.

O drama é corriqueiro, aponta uma das administradoras do grupo, Catia Bartz, moradora da zona rural de Pelotas e mãe de Leonei, 28, diagnosticado com paralisia cerebral. Ela conta que ainda conseguiu pegar no dia 3 algumas fraldas GG para o filho, mas diante da informação recebida pelo grupo, a preocupação voltou. “A gente está numa luta que não sabe para onde correr”, desabafa. Ela diz que, no grupo, há trocas de doações, mas quando isso não acontece, a saída é a fralda de pano. E, aí, começa outro sofrimento, com a higiene e com as assaduras que afetam o rapaz. A fralda mais barata custa R$ 28 o pacote, que dura cerca de três dias.

O que causa a situação?
Em contato telefônico com a Farmácia Municipal, quem precisa das fraldas tem a confirmação da falta do produto, dada pela servidora que atende a ligação.

Via assessoria de comunicação da Prefeitura, a diretora de Atenção Especializada Hospitalar da Secretaria Municipal de Saúde, Caroline Hoffmann, explica que a demanda por fraldas adultas, especialmente no tamanho GG, aumentou muito nos últimos meses e os desabastecimentos têm sido gerados pelo aumento dessa demanda e, no caso dos episódios do final do ano, por um problema logístico do fornecedor que causou atraso na entrega dos produtos para a Prefeitura de Pelotas. “A Secretaria realiza compras em grandes quantidades, mas por vezes os fornecedores fracionam as entregas, o que pode gerar eventuais desabastecimentos”, acrescenta.

Caroline diz, ainda, que a Secretaria de Saúde tem trabalhado para solucionar os problemas e, para isso, mantém abertos os registros de preço, além de realizar compras através do consócio de municípios da Zona Sul. “As compras de todos os tamanhos, em especial aqueles em falta, já foram feitas, agora esperamos a entrega dos materiais”, afirma.

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