Reflexos
Fechamento da Maternidade da Santa Casa já causa impacto
Contrato de 15 profissionais do setor acabou no último dia 31 e não há previsão de retomada
Carlos Queiroz -
Por Júlia Müller - [email protected]
(Estagiária sob supervisão de Débora Borba)
No dia seguinte ao fechamento do Setor Materno-Infantil do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, os reflexos já foram sentidos em outras casas de saúde. O Hospital-Escola da Universidade Federal de Pelotas percebeu um aumento na demanda da Maternidade. Em nota, a instituição reforça que seguirá atendendo conforme a capacidade máxima. O hospital possui 16 leitos obstétricos, fora isso, os atendimentos aos casos suspeitos de Covid-19, em gestantes, serão realizados em adaptações efetuadas em leitos cirúrgicos ginecológicos.
Fechada desde a quarta-feira, ainda não há previsão de reabertura da Maternidade da Santa Casa. Ontem, nove pacientes seguiam internados na instituição, sob cuidados da equipe de saúde. A categoria médica, por enquanto, prossegue sem novidades quanto à abertura de novos contratos. No último dia 31, 15 profissionais encerraram o período de trabalho no local. Enquanto as discussões de contratação seguem, os demais hospitais do município preparam-se para receber a demanda de gestantes, crianças e recém-nascidos.
A Maternidade do Hospital Universitário São Francisco de Paula também segue em funcionamento e pronta para suportar a nova demanda de gestantes. “Enquanto rede, temos três prestadores do serviço. Agora, com um a menos, é evidente que vai ocorrer um aumento da demanda”, frisou o doutor Edevar Machado Júnior, diretor de Assistência do HUSFP. Por lá, a saída para o problema no município é realizar alterações na rotina do setor, bem como de espaços. “Sempre há uma reserva funcional, embora se trabalhe no limite”, complementa.
O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) ressalta que os salários de 2020 dos médicos da Santa Casa ainda não foram pagos em sua totalidade. As parcelas de fevereiro e março ainda estão em aberto e a de janeiro teve a quitação de 75%. O diretor de Interior da entidade, Fernando Uberti, fala em negligência por parte do Hospital. “É uma postura inadmissível. A Santa Casa sabia do término dos contratos e ignorou a situação”, justifica.
A regra é para todos
Em nota, a Santa Casa afirma que a direção está empenhada para reverter a situação o mais rápido possível. No quadro de médicos, constavam 14 obstetras e um pediatra, que não receberam informe de renovação contratual. No local, a falta de profissionais para plantão e o atraso no pagamento dos salários da categoria ocasionaram movimentos de paralisação gradual neste e no último ano, que, posteriormente, foram revertidos. Além disso, a exigência de dois obstetras em plantão, por parte da prefeitura de Pelotas, aumentou as despesas, “o que tem contribuído para que a defasagem do pagamento aos profissionais médicos tenha sido maior que os demais serviços”, diz o documento. “A atual gestão entende que não podemos priorizar apenas um setor em detrimento dos demais, porque, se assim fizéssemos, teríamos que fechar grande parte dos serviços de nossa instituição, prejudicando toda uma comunidade e região”, conclui.
Na quinta-feira (2), nove pacientes seguiam internados no hospital, são cinco referentes à Maternidade e outros quatro na Pediatria. Os tratamentos continuam e a assistência é suprida por outros profissionais da casa de saúde. Com uma média de 160 atendimentos mensais nas áreas de Pediatria e Maternidade, a Santa Casa é referência no atendimento de gestantes de baixo risco para municípios vizinhos. A prefeitura de Pelotas também foi procurada para comentar a situação, mas até o fechamento desta edição não houve retorno para o contato.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário