Réveillon

Fim de ano traz preocupação com a queima de fogos de artifício

Apesar de proibida por lei, prática é comum neste período e causa problemas para animais e pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Foto: divulgação - DP - Momento de celebração pode gerar transtornos

Por Helena Schuster
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(Estagiária sob supervisão de Vinicius Peraça)

A chegada das festas de fim de ano é motivo de comemoração, mas, para alguns, também pode virar um problema. Apesar de proibida por leis municipais e também por uma lei estadual, a queima de fogos de artifício segue sendo um transtorno durante as comemorações de Ano Novo, principalmente para animais, idosos, autistas e pessoas internadas em hospitais. No início deste mês, o problema chegou a ser alvo de discussões na Câmara de Pelotas.

Para quem possui Transtorno do Espectro Autista (TEA), e também outros tipos de transtornos e deficiências, as festas de fim de ano podem ser estressantes. A diretora do Centro de Atendimento ao Autista Dr. Danilo Rolim de Moura, Débora Jacks, explica que muitos autistas possuem hipersensibilidade e dificuldade em processar estímulos sonoros altos. "Os autistas processam diferente esse barulho. É como imaginar um amplificador dentro da nossa cabeça", exemplifica. Segundo Débora, a sobrecarga sensorial causada pelos fogos pode, inclusive, desencadear crises. "Cada um reage de uma forma diferente, mas realmente é bastante nocivo. Eles precisam fazer um esforço muito grande para suportar o barulho, é um processo doloroso."

Os animais também estão entre os principais afetados pela queima de fogos. A veterinária e residente em clínica médica de pequenos animais do Hospital de Clínicas Veterinária (HCV-UFPel), Eugênia Barwaldt, explica que os pets possuem capacidade auditiva maior que a dos humanos. Por isso, qualquer som ou ruído acima de 60 dB (decibéis) já pode causar estresse físico e psicológico. "Cães e gatos percebem uma frequência maior de ruídos e conseguem detectar sons quatro vezes mais distantes que nós. Dependendo do animal, até uma conversa mais alta pode causar estresse", observa.

Devido aos estampidos dos foguetes e fogos, são comuns nos dias seguintes ao Réveillon os relatos de tutores à procura de animais que fogem de casa assustados com o ruído.

Relembre a discussão na Câmara
No início deste mês, o Diário Popular trouxe detalhamentos da audiência pública do dia 9 de dezembro, liderada pela vereadora Marisa Schwarzer (PSB), que discutiu a fiscalização das duas leis sobre o tema já existentes no Município: uma de 2017, que proíbe o uso de fogos de artifício ruidosos, e outra deste ano, que proíbe a comercialização, armazenamento e transporte do material.

Segundo a assessoria da parlamentar, um dos principais problemas para o cumprimento da lei atualmente é o armazenamento dos fogos apreendidos. Um dos encaminhamentos da audiência foi a tentativa de enquadrar o recolhimento e armazenamento do material na lei de resíduos sólidos, hipótese descartada pela Prefeitura. Agora, Marisa espera por uma reunião com o Comitê Municipal de Proteção Animal (Comupa) para discutir outras alternativas, como um convênio com o Estado, através da lei estadual que proíbe a queima de fogos, para auxiliar no cumprimento das leis.

O que fazer para reduzir danos
Para minimizar os efeitos do barulho para pessoas com TEA, Débora sugere a utilização de fones de ouvido e a permanência em locais em que o barulho não seja tão alto. A diretora do Centro Dr. Danilo Rolim de Moura também recomenda que as famílias conversem e preparem as crianças para o momento, trazendo previsibilidade e antecipando que vai haver barulho.

Já para os pets, Eugênia recomenda preparar um ambiente que abafe os sons e seja seguro, evitando manter o animal em correntes ou perto de sacadas e piscinas. Se possível, a veterinária também sugere a permanência do tutor junto ao animal durante os momentos de tensão. Outra dica é investir em brincadeiras e exercícios na tarde que antecede as noites de festas, para que os animais estejam mais relaxados à noite. Também é importante manter o pet identificado para que, em caso de fuga, tenha mais chance de ser encontrado.​

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