Manifestação

Funcionários da Cosulati fazem protesto

Trabalhadores reclamam da falta de pagamento de salários há mais de 40 dias, além de questões de relações internas

Gabriel Huth -

Atualizada às 20h32min para acréscimo de informações.

Funcionários da fábrica de laticínios da Cosulati, localizada no Capão do Leão, realizaram na manhã desta segunda-feira (27) uma paralisação que durou cerca de três horas. Na pauta, temas como atraso de salários, falta de depósitos do FGTS e questões quanto à relação com gestores da empresa. Grande parte dos 234 funcionários esteve presente e foi definida a formação de uma comissão, com um representante de cada setor da fábrica para discutir internamente as questões. A empresa prometeu quitar os salários atrasados ainda nesta semana.

Os salários, pagos quinzenalmente, estão atrasados desde a segunda metade de abril. A justificativa é a menor produtividade, causada por questões sazonais que diminuem a produção leiteira, devido ao efeito do frio nas pastagens. A falta de pagamentos acaba afetando diretamente a vida dos funcionários, uma vez que alguns sustentam a família inteira com seus vencimentos. Um deles relatou que possui quatro dependentes e as contas cada vez mais batem à porta. "Chega a um ponto que a pessoa não aguenta. Nós temos contas para pagar", lamentou o trabalhador, que preferiu não se identificar. Outra reivindicação é o pagamento do FGTS, atrasado há mais de três anos. Segundo o presidente do Sindicato da Alimentação, Lair de Mattos, esta questão possui processo encaminhado, pois o sindicato entrou com ação coletiva contra a empresa, agora em fase de perícia.

A Cosulati garantiu que fará o pagamento na próxima sexta-feira, dia 31. Após horas de debates, os funcionários retomaram os trabalhos, pelo menos até este dia. A comissão interna, que será formada por representantes dos diversos setores da fábrica, irá participar da assembleia com os produtores, marcada para esta terça-feira. A ideia é expor o ponto de vista dos trabalhadores quanto às dificuldades financeiras da cooperativa. Uma vertente de opinião sugere que os trabalhos sejam retomados apenas após o pagamento dos vencimentos, mas isso acabou descartado, pois acarretaria na perda do leite presente na empresa atualmente, gerando prejuízo. "O grande resultado dessa paralisação é que abriu um canal direto entre funcionários e direção", avaliou o representante sindical.

Posição da empresa
Presidente da Cosulati há pouco mais de um ano, Almir Mendonça disse que sua gestão busca reconstruir a imagem da empresa. E isso inicia-se pelo setor primário, retomando a boa relação com os produtores. Assim, eles se tornaram prioridade nos pagamentos. No entanto, houve perda de seis deles para concorrentes, o que acabou diminuindo a matéria-prima. Isto, somado às questões climáticas e sazonais, afetou demais a produção. A expectativa é de que nos próximos meses os atrasos sejam menores, até a retomada da normalidade.

Em abril, a produção foi de 1,8 milhão de litros, quando o ideal seria em torno de seis milhões para suprir as necessidades financeiras. O presidente diz que a redução de operação, que consiste inclusive na dispensa remunerada de funcionários em dias que não há produção, também se torna uma maneira de economizar. "É bem complexa a situação hoje", lamenta. Mesmo assim, Mendonça é positivo quanto ao futuro da empresa, projetando a retomada do crescimento e da recuperação nos próximos meses, a partir de acordos financeiros e aumento da produção.

Em nota divulgada ainda na segunda-feira, a direção da cooperativa afirma que "a atual gestão assumiu em abril do ano passado com um passivo superior a R$ 200 milhões, decorrente de administrações anteriores; o pagamento dos produtores estava com atraso superior a cinco meses". No documento diz ainda que "o pagamento dos produtores tem sido mantido dentro do mês, sem acúmulo de um período para outro, paralelamente tem ocorrido parcelamento e quitação de atrasados com parte dos associados". Com relação ao "FGTS em atraso será negociado dentro da ação movida pelo sindicato da categoria e definida conjuntamente pelo Poder Judiciário, convém lembrar que o recolhimento não ocorre desde outubro de 2016".

Funcionários reclamam do tratamento
Em vários momentos durante as discussões, os funcionários reclamaram da falta de comunicação e até mesmo da confiança por parte das equipes de gestores. Uma das principais questões era a instalação de câmeras de segurança nas salas de operação. O sindicato posicionou-se contrário, mas diz que a legislação permite, desde que não afete a dignidade dos empregados, sendo apenas para segurança.

O presidente da Cosulati rebateu as questões, dizendo que sempre esteve aberto ao diálogo e que escolheu sua equipe para ajustar a empresa a uma nova visão, oxigenando a maneira de trabalhar e tentando romper vícios antigos. Quanto às câmeras, a motivação é a segurança, até mesmo dos funcionários, pois podem ser usadas para provar que eventuais falhas de equipamentos não foram causadas por erro humano.

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