70% de aumento

Gás de cozinha é o grande vilão dos lares brasileiros

Nos últimos sete meses os reajustes chegaram a quase 70%; previsão é de que o botijão custe R$ 100,00 em julho de 2018

Gabriel Huth -

O gás de cozinha se transformou no vilão do orçamento doméstico. Nos últimos sete meses, os preços do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) sofreram alta acumulada de 67,8%. Os constantes aumentos ocorreram com base na política instituída pela Petrobras em junho, mas que deve mudar em 2018 para suavizar o impacto causado pela volatilidade do mercado internacional para os preços domésticos. Os distribuidores em Pelotas, que vendem o botijão de 13 quilos em média a R$ 70,00, estimam que até julho de 2018 deverá chegar a R$ 100,00.

Em alguns lugares o consumidor pode comprar por até R$ 75,00, mas há também os estabelecimentos com promoções entre R$ 60,00 e R$ 65,00. Depende se o consumidor comprar na portaria das distribuidoras ou na porta de casa, com o acréscimo da taxa de entrega. De acordo com o proprietário de distribuidora, Edmílson Fernandes, nos últimos meses o gás de cozinha aumentou em torno de R$ 12,00 a R$ 13,00 e com isso deveria ser comercializado no mercado a R$ 72,00.

Ressalta que sua mãe também tinha depósito de gás e não se recorda de aumentos tão frequentes como agora na história do preço do GLP. “E vai subir mais, até julho, todos os meses. Tranquilamente vai chegar aos R$ 100,00”, afirma.

Fernandes salienta que as vendas devem cair, não apenas porque no verão costumam ter queda de 50%, mas pelo fato de que as pessoas vão utilizar mais aparelhos elétricos. Mesmo que o valor da conta de luz também seja alto, ainda sai mais barato que o gás. Conforme o distribuidor, o liquinho, botijão de dois quilos, também subiu bastante de preço. Está em torno de R$ 33,00, mas as vendas diminuíram significativamente. “Ninguém compra mais devido ao preço, só quem compra é quem tem embarcação”, fala.

Outro distribuidor, que prefere não se identificar, comenta que o incremento nas vendas de GLP de 13 quilos no inverno é de 30%. Ele não acredita em queda nas vendas após mais um aumento por se tratar de produto de necessidade básica. A professora aposentada Maria Ferreira, 54, diz não se surpreender com a continuidade dos reajustes nos preços do GLP. “Sobe toda semana praticamente”, acentua. Ela avalia que os aumentos pesam muito no orçamento doméstico, sobretudo das famílias maiores. “A minha é pequena, gasto um por mês e assim mesmo pesa”, acrescenta.

O cobrador de ônibus Jairo Garcia, 38, tem duas crianças em casa e costuma pesquisar preços de todos os produtos para comprar onde é mais barato. As altas nos valores do gás de cozinha não o surpreendem, tendo em vista os dos combustíveis. “A gente até espera e não adianta, temos que comprar. Precisamos de botijão”, observa.

Mudança de metodologia
A Petrobras ainda não definiu a nova metodologia de reajustes para 2018, segundo anunciou no último dia 7, mas informou que vai continuar a utilizar a referência do mercado internacional. O GLP é o produto derivado de petróleo de consumo mais popular, sendo o principal combustível de uso doméstico. O mercado é regulamentado pelas portarias da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e pela lei 9.478/97 (Lei do Petróleo), segundo informa a Petrobras.

Preços em Pelotas
De 26 de novembro ao dia 2 deste mês:
Preço ao consumidor
de R$ 55,00 a R$ 76,80
Preço/distribuidora
de R$ 37,00 a R$ 55,87
Fonte: pesquisa da ANP


Evolução dos preços do GLP no RS em 2017
Janeiro - R$ 56,95
Fevereiro - R$ 56,47
Março - R$ 56,69
Abril - R$ 57,58
Maio - R$ 58,46
Junho - R$ 59,14
Julho - R$ 59,16
Agosto - R$ 59,27
Setembro - R$ 59,89
Outubro - R$ 63,57
Fonte: ANP


Variação dos reajustes
Junho: 6,7%
Julho: - 4,5%
Agosto: 6,9%
Setembro: 12,2% e 6,9%
Outubro: 12,9%
Novembro: 4,5%
Dezembro: 8,9%
Total geral acumulado de um mês para outro - 67,8%
Fonte: Sindigás


Composição de preços ao consumidor
Dados baseados na média dos preços do GLP ao consumidor das principais capitais:
46% - Distribuição e revenda
16% - ICMS
0,3% - PIS/Pasep e Cofins
35% - Realização Petrobras
Fonte: Petrobras

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