Depois de 53 dias sem movimentações nos preços, a gasolina ficará mais cara. O reajuste de 2,8% no valor do combustível vendido pelas refinarias aos postos deve impactar em um acréscimo de R$ 0,10 por litro do produto em Pelotas, segundo os gerentes entrevistados pela reportagem. O diesel também passou pelo reajuste, dessa vez de 1,2% - o que também vai deixar o produto mais pesado no bolso dos consumidores. O anúncio foi feito nesta terça-feira (19) pela Petrobras, que relacionou a elevação no combustível ao aumento do dólar e aos reajustes que acompanham os preços do petróleo.

Na última semana, conforme levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo, o preço médio entre 14 postos de combustíveis da cidade era de R$ 4,708. Para essa semana, ainda há incerteza quanto ao valor que será repassado para o consumidor. "Precisamos aguardar a movimentação do mercado", explica o gerente de um dos postos de gasolina visitados pela reportagem, Leandro Martin. O estabelecimento fica na avenida Bento Gonçalves, lugar de grande fluxo de veículos e movimento nas bombas de gasolina. Aumentar o preço da gasolina é sinônimo de diminuição nas vendas. "Sempre se perde um pouco", lembra o gerente. Apesar disso, é difícil segurar o repasse dos valores dos combustíveis. A estimativa é que o litro da gasolina fique R$ 0,10 mais cara.

Em outro ponto da cidade, na rua Almirante Barroso, o gerente de posto no local, Matheus Alalan, estima uma variação entre R$ 0,10 e R$ 0,15 por litro. Quanto ao reajuste no valor do diesel, nos dois locais a perspectiva é que o repasse, se ocorrer, será mais baixo que o da gasolina. Isso por que, como explicou Alalan, o combustível não é o tipo mais vendido aos consumidores. "A gasolina nós compramos quase que diariamente, então acompanhamos a inconstância nos preços", afirmou.

O aumento também deve impactar a movimentação de final de ano, época em que o fluxo de clientes é maior nos postos. Como lembra o gerente, a situação já foi melhor há alguns anos. "Hoje tá complicado, muito diferente de uns dois, três anos atrás. Todo final de mês nós ficamos preocupados", conta Alalan. Para sustentar os custos com funcionários, manutenção de maquinário e frete dos combustíveis, os postos precisam fazer o repasse dos valores de compra dos combustíveis das refinarias. "Se não fizermos o repasse, é praticamente só trocar dinheiro", complementou.

Difícil para quem depende do carro para trabalhar

Quem utiliza o carro para trabalhar também sofre com os reajustes dos preços. "É um absurdo", resume o motorista da rede Uber, Leandro Dutra. De acordo com ele, nas contas mensais, o preço da gasolina consome cerca de 30% dos ganhos com as corridas pelo aplicativo de transporte. Por outro lado, o número de viagens aumenta. "O pessoal deixa o carro de lado e chama Uber", comentou o motorista.

É o caso do Maicon Sengik, 35, que vê as empresas de transporte por app como uma saída para economizar alguns litros de gasolina por mês. "Não dá pra deixar de sair", frisa. A rotina de trabalho e compromissos é dentro de carro, por isso o mais recente aumento nos preços o deixa preocupado.

Entenda os motivos do aumento

O último reajuste dos preços da gasolina vendida pela Petrobras havia sido em 27 de setembro, momento de tensão internacional, após os ataques à maior refinaria da Arábia Saudita. A empresa ficou 53 dias sem anunciar novo aumento, o que, segundo nota da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicon), implica em uma diferença de preços que afeta diretamente os importadores. A Abicon calculou um acréscimo de 6% no preço do combustível no mercado internacional desde a data do último ajuste. 

A Petrobras, procurada pela agência Reuters, afirmou que segue sua política de preços para a gasolina e o diesel, com princípios da paridade de importação. Assim sendo, se a cotação internacional do petróleo aumenta, o preço repassado pelas refinarias também será maior.