Agronegócio

Guardiões da cultura do campo

1ª Feira de Sementes Crioulas na Alimentação, dia 4 de setembro, busca preservar o produto e empoderar quem cultiva o alimento

Carlos Queiroz -

Para dar maior visibilidade e não deixar cair no esquecimento todo o valor cultural e nutritivo das sementes crioulas, instituições públicas da região se uniram para manter viva a tradição. Assim, no dia 4 de setembro, das 8h às 17h30min, ocorrerá, no Instituto Federal Sul-rio-grandense Campus Visconde da Graça (IFSul/CaVG), a 1ª Feira de Sementes Crioulas na Alimentação, em Pelotas.

O projeto surgiu através da união entre Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Embrapa e os dois campi do IFSul em Pelotas. A partir dele, professores, alunos e pesquisadores de várias áreas, como Pesquisa, Agronomia, Química de Alimentos e Segurança Alimentar, começaram a trabalhar juntos. Eles se aproximaram de pequenos agricultores e criaram a Rede Sociotécnica de Guardiões de Sementes Crioulas para Ampliação da Agrobiodiversidade, Segurança e Soberania Alimentar.

Estes guardiões das sementes tratam-se de agricultores que cultivam a mesma linha genética do produto há anos, mantendo-se à margem das mudanças aplicadas por empresas. Assim, os pesquisadores fizeram análises físico-químicas para identificar as propriedades destas sementes, algumas com riquezas sensoriais e nutricionais enormes. “Eles resultam do trabalho do agricultor no dia a dia e são moldados pelo ambiente”, explica Irajá Ferreira Antunes, pesquisador da Embrapa. Assim, o projeto trata de manter, estudar e passar à comunidade a riqueza de um alimento que também é cultural.

E foi por isso que surgiram as feiras. Nelas, além de oficinas, ocorre a troca de experiências, como a forma de produzir e consumir aquela semente, de grãos como feijão e milho. Como muita coisa foi perdida, a ideia agora é preservar. Além disso, a identificação da riqueza das propriedades diferenciadas do produto ajuda a ter um melhor uso nutricional e tecnológico, passando adiante a forma de aproveitá-lo de forma nutricional e sensorial, por exemplo.

Protegendo uma tradição
Ao mesmo tempo, há uma necessidade de proteger os guardiões de sementes. O envelhecimento da população rural e o êxodo fazem este tipo de produto acabar se perdendo. E, assim, as feiras atuam também para a formação de guardiões mirins. O pesquisador Eberson Eicholz lembra de casos em que moradores da Zona Rural entregaram a eles alguns exemplares de suas sementes para evitar que se perdessem. “O trabalho da feira é tentar que mais pessoas entendam, valorizem e reconheçam (esta cultura)”, reflete.

Para ocorrer esta valorização, o evento ministrará cursos e oficinas. O professor Jander Monks, do IFSul, acredita que o projeto é a primeira iniciativa concreta reunindo quatro das principais entidades públicas. Desta forma, acaba fomentando a conservação e a agrobiodiversidade e incentivando alunos, professores, pesquisadores e comunidade a ter contato com o tema.

O CaVG sediará a primeira edição do evento justamente como parte da iniciativa para se aproximar da comunidade e do meio rural. A instituição é historicamente ligada ao público jovem e com ascendências no campo. A professora Ana Paula Wally comemora a oportunidade de fazer esta aproximação. “A feira é para mostrar este trabalho à comunidade e também valorizar o produtor (…) é a forma mais rápida para levar a ideia às famílias”, celebra.

Para o evento, estão confirmados agricultores, guardiões de sementes, guardiões mirins e indígenas, além de pesquisadores vindos do Uruguai e da Argentina. Cerca de 300 das 500 vagas já foram preenchidas e as inscrições estão abertas até amanhã no link bit.ly/sementesCAVG. As oficinas de panificação com sementes crioulas e pratos gourmet com produtos crioulos já estão com as vagas ocupadas.

Programação
8h - Entrega de materiais
9h - Abertura oficial - Miniauditório
9h30min - Palestra - Sementes crioulas e o uso na alimentação (Irajá Ferreira Antunes - Pesquisador da Embrapa)
10h30min - Oficinas
Meio-dia - Almoço
14h - Mesa-redonda - Miniauditório
15h30min - Intervalo com café e mateada
16h - Oficinas
17h30min - Encerramento

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