Aos poucos, os corredores voltam a se encher de vida. A preparação para o tão aguardado momento vem acontecendo há dias - em alguns casos, há semanas. Nesta segunda-feira (26), três mil professores, funcionários e 30 mil alunos das 89 escolas municipais de Pelotas voltaram às salas de aula. O apoio da Guarda Municipal garantiu um início de ano letivo tranquilo. Mas na falta de estrutura adequada, alguns educandários tiveram que improvisar. 

Doze escoas passam por obras que irão garantir mais vagas ou reordenar o espaço. Até acabar a reforma, porém, duas deveriam ter contêineres servindo como salas de aula. Na escola Mário Meneghetti, no Getúlio Vargas, a diretora Raquel Vieiras luta por novas salas de aula desde 2011. Até o último ano letivo três turmas se acomodavam em estruturas metálicas. Neste, elas precisaram ser inutilizadas. Os estudantes foram distribuídos em locais de uso comum: o auditório, a biblioteca e o laboratório de ciências.

O término da obra que irá criar seis salas de aula e um conjunto de banheiros está previsto para maio. No entanto, a diretora acredita que a reforma irá se estender até o fim do ano. Até lá, os professores não poderão utilizar o projetor alocado no auditório. O uso da biblioteca ainda não está definido. As atividades no laboratório de ciências estão suspensas enquanto as novas salas não ficam prontas.

Vestimenta
Os novos uniformes devem chegar nos próximos meses e são fruto de uma parceria da prefeitura com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e o Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul). A primeira instituição foi responsável por criar a nova marca de Pelotas, que estampa as roupas. O símbolo foi escolhido em julho do ano passado em votação popular. As novas peças, em tons de azul, cinza e preto, foram produzidas com o apoio do curso de Tecnologia em Design de Moda do IFSul. Os 28,5 mil conjuntos, cada um com seis peças, já estão sendo fabricados.

A merenda dos alunos está garantida neste período de retorno. Quem confirma é Adolfina Mauch, diretora de Gestão Escolar da Secretaria Municipal de Educação e Desporto (Smed). Na semana passada o município finalizou a distribuição dos alimentos de longa duração, como as carnes e os não perecíveis. Até a próxima quarta-feira as frutas e verduras devem chegar às escolas.

A Operação Atena da Guarda Municipal irá às ruas pelo segundo ano seguido. Nela, os esforços são concentrados no entorno das escolas municipais. Mais viaturas devem ser vistas rondando os educandários e o ônibus operacional da corporação deve entrar em ação. De acordo com o secretário de Segurança Pública, Tenente Bruno, as escolas do Dunas, Pestano e Getúlio Vargas, além do Colégio Municipal Pelotense, receberão atenção extra. No segundo semestre, o efetivo deverá ser reforçado com o ingresso dos novos guardas aprovados em recente concurso público. 

Criminalidade preocupante
A violência é um dos temas que preocupam diretores das escolas municipais - especialmente aquelas localizadas em bairros com alto índice de criminalidade. Invasão, arrombamento, uso de drogas ilícitas e apreensão de armas foram algumas das ocorrências atendidas pela Guarda Municipal em escolas nos últimos anos, segundo Tenente Bruno.

Na última semana, uma professora foi assaltada em frente à Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Herbert de Souza. Ela estava ajudando a organizar a escola para a volta às aulas. O crime aconteceu quando ela saiu para almoçar. Casos como esse são frequentes próximos ao local que atende crianças de zero a seis anos.

Ao lado da Emei fica a Escola Francisco Caruccio, que possui turmas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e EJA e funciona nos três turnos. À noite, a questão da violência é ainda mais latente. Diversos alunos abandonaram os estudos por medo dos criminosos. Dentro da escola, porém, a diretora do turno da manhã Karen Ruzicki garante que a situação é tranquila. Câmeras internas ajudam no monitoramento dos ambientes e agentes da Guarda Municipal fazem o patrulhamento na região.

Além das atividades escolares
Programas do âmbito da educação que integram o Pacto Pelotas pela Paz continuarão a vigorar neste ano. De acordo com Loreni Peverada, diretora de Ensino da Smed, a expectativa é incrementar o trabalho de prevenção à violência. Dentre as estratégias, destaca-se o Cada Jovem Conta. O programa acompanha alunos em situação de vulnerabilidade e oferece a eles oportunidades de emprego, reforço escolar e atividades extraclasse.

As atividades em turno inverso, aliás, estão presentes em quase todas as escolas. Aulas de apoio, esportes, dança e música são oferecidos aos alunos gratuitamente. Loreni ressalta que essas iniciativas contribuem para elevar a autoestima dos alunos e também no rendimento escolar.

Nas escolas, a preparação foi grande
“A gente acaba o ano pensando no próximo.” A afirmação do diretor do Colégio Municipal Pelotense Arthur Katrein resume o clima nas escolas. Pinta, conserta, organiza. No Pelotense, maior escola da rede, duas salas de aula foram reformadas e o problema de alagamento na cantina foi resolvido. Nos primeiros dias de aula, as turmas das atividades extraclasse começarão a ser montadas. As vagas, limitadas, serão preenchidas mediante inscrição no próprio colégio.

Mudanças nas turmas também ocorreram. O nono ano do Ensino Fundamental passou a ser ministrado no turno da manhã. “Assim, os alunos poderão participar de programas como o Jovem Aprendiz”, justifica o diretor. Quase três mil alunos divididos em 119 turmas e 380 funcionários retornam hoje ao colégio.

Na Emei Herbert de Souza, as mudanças foram estruturais. A ampliação da escola se iniciou no ano passado e deve ser concluída até o final deste ano. A requalificação inclui a construção de novo refeitório, cozinha, despensa, banheiros, lavanderia e sala dos professores. Uma área com brinquedos para as crianças já foi concluída. O telhado e duas salas de aula serão reformados. A escola atende 170 crianças em turno integral.