No aguardo

Hospital-Escola à espera de apoio político

Principal fonte de recursos para a obra vem das emendas parlamentares; audiência debaterá sobre o assunto na Câmara de Vereadores de Pelotas

Infocenter -

Prometido e esperado pela comunidade da Zona Sul há anos, os blocos 1 e 2 do novo Hospital-Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel) ainda não têm prazo para sair do papel. O impedimento é a falta de verba. O problema atrapalha, inclusive, o andamento das obras do Bloco 3, destinado à oncologia. Uma frente parlamentar deve ser formada nos próximos dias para tentar reverter a situação.

O complexo irá atender a dois principais interesses: o da comunidade e o da UFPel. Na Zona Sul, irá seguir funcionando como um hospital regional 100% SUS, mas com a capacidade ampliada. Desta forma, irá qualificar o atendimento em saúde. O hospital é referência no atendimento materno-infantil. O segundo ponto é a formação estudantil. Hoje, há diversos programas de residência médica sendo desenvolvidos no HE e ele é fundamental para a aprendizagem.

A prioridade da Reitoria neste momento é concluir as obras do Bloco 3. No local funcionarão os serviços relacionados à oncologia e o ambulatório. As obras seguem em ritmo lento e não há mais verba disponível para o seu desfecho. O reitor Pedro Hallal afirma que são necessários R$ 7 milhões para finalizar a estrutura. É inviável à UFPel bancar todo o investimento e a verba vinda do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf) também é insuficiente. Os ministérios da Educação (MEC) e da Saúde (MS) não liberam dinheiro para a construção de hospitais universitários.

Por isso, a única chance de o Bloco 3 ser concluído e de os blocos 1 e 2 saírem do papel são as emendas parlamentares. "A UFPel não tem um real para construir o hospital. Não existe nenhuma verba destinada para a obra", frisa Pedro Hallal. Ele calcula que na hipótese de os R$ 7 milhões que faltam para finalizar o Bloco 3 entrarem em três meses, até o fim do ano a comunidade tem a unidade pronta. "Nós estamos deixando de salvar pacientes oncológicos", fala.

Antes mesmo de apresentar o novo projeto para os dois blocos, é preciso garantir a verba. O reitor estima que sejam necessários R$ 190 milhões para a construção do hospital. "A Zona Sul já entrou em um consenso de que o hospital é o melhor para a região", pontua. Pedro Hallal reitera que a escolha de destinar ou não os recursos para a obra é uma decisão política dos parlamentares. "É uma forma de eles se desculparem pelos anos de desatenção à Zona Sul", acredita.

Ainda não se sabe exatamente o tamanho do novo hospital. É preciso um estudo técnico feito por profissionais de Brasília, em conjunto com as autoridades estaduais e municipais, para avaliar a demanda existente. O número de funcionários disponíveis para trabalhar no local e a capacidade de manutenção do HE também devem ser analisados.

O prédio onde atualmente funciona o Hospital-Escola é alugado. "Este dinheiro poderia ser aplicado em serviços e atendimentos", comenta o superintendente do HE, Mateus Santin. Como exemplo, ele cita algumas salas que foram desalugadas no ano passado e significarão R$ 350 mil a mais para a manutenção do hospital. Além disso, não é permitido usar dinheiro público para reformar prédios privados. Isto inviabiliza obras de estrutura que seriam necessárias para a rotina do hospital.

Apoio regional
O vereador Marcus Cunha (PDT) está percorrendo as 22 cidades da Azonasul para explicar a importância do Hospital-Escola. Nas visitas, ele busca apoio dos prefeitos e vereadores. "Até agora, conseguimos apoio de 12 municípios", afirma. O próximo passo é formar a Frente Parlamentar em Defesa do Hospital Regional 100% SUS. Um encontro está marcado para esta segunda-feira, às 14h, na Câmara de Vereadores de Pelotas, para tratar do assunto. São esperados deputados estaduais e federais.

Marcus Cunha esclarece que o HE não concorre com a obra de duplicação da BR-116, porque a fonte dos recursos é distinta. Anualmente, cada deputado federal tem direito a R$ 15 milhões em emendas parlamentares e os senadores a R$ 18 milhões. Metade desse valor deve ser obrigatoriamente destinado à saúde. Ao todo, são 31 deputados federais gaúchos e três senadores. Em valores, isso representa R$ 519 milhões, dos quais R$ 259,5 devem ser investidos em saúde.

Em Brasília, o deputado federal Pompeo de Mattos (PDT) conseguiu o apoio de outros 200 legisladores para articular a frente parlamentar. A proposta do movimento é convencer os deputados sobre a importância do HE e conseguir pelo menos R$ 206 milhões para a obra. Depois de garantida a verba, a construção do hospital deve durar cinco anos.

O atual Hospital-Escola em números
176 leitos comuns
15 leitos cirúrgicos
6 leitos de UTI
9 leitos de UTI neonatal
3 enfermarias de urgência e emergência

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