Vida
Hospital Escola homenageia grupo Medicação
No Corredor Arte, 34 imagens formam um importante registro dos momentos em que eles levaram música para os pacientes
Leandro Lopes -
Até o dia 3 de agosto quem passar pelo Corredor Arte do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel) poderá conhecer a história de um grupo que há 14 anos atua na unidade. Nas paredes estão expostas 34 imagens do acervo do hospital que formam um importante registro dos momentos em que a Banda Medicação levou alegria para os pacientes.
Toda quarta-feira, às 15h, o grupo Medicação faz dos corredores do HE-UFPel um grande palco. Nele percorrem por cerca de 40 minutos, levando música, sorrisos e esperança. Para a estrutura do show, contam com alguns instrumentos como cavaco, surdo, tantan, pandeiro e afoxé. Entre uma unidade e outra, as canções ganham novas vozes – até mesmo alguns dançarinos. Os pacientes cantam, dançam e, por alguns segundos, esquecem o motivo de estar ali.
Mas nesta quarta-feira (20) foi diferente. A assessoria de comunicação e a direção do local surpreenderam "seu" Brasil, Miro, Fabio Saraiva, Claudinho, Lauro, Fabio Bizarro, Amâncio Jorge e Lúcia com a exposição que os homenageia. Uma forma de agradecimento e reconhecimento pelo trabalho que o grupo desenvolve há mais de uma década no Hospital Escola.
A representante da superintendência do HE-UFPel, integrante da Divisão da Gestão do Cuidado, Isabel Arriera, 51, explica que o projeto existe porque a instituição trabalha com a humanização no ambiente hospitalar. Por isso, promove ações que possam melhorar a qualidade de vida dos pacientes. “Quarta-feira é o dia da alegria. Pessoas sensibilizadas pela doença podem encontrar força na música”, afirma.
O reconhecimento também vem dos pacientes. O sorriso alegre, o balanço das mãos e o embalo nos pés parece ser unânime. São os primeiros sinais de que a presença do Medicação proporciona o que o próprio nome sugere. Simonele Ferreira Ramos, 28, Carla Rosane Matos de Oliveira, 55, e Joelma Garcia Gonçalves, 39, viram o grupo pela primeira vez na tarde desta quarta. Se encantaram. “Adorei”, “bonito”. Era só o que diziam. A música as pegou de surpresa e as levou para o corredor. Internadas há menos de uma semana, elas não sabiam da existência do projeto. “Melhora o dia”, disse Simonele.
O grupo
O Medicação começou a atuar em 2002 no HE-UFPel como um projeto de extensão da Universidade Federal de Pelotas. O nome original: Urutágua Tupãy, termo de origem indígena, que significa "A canção que vem de Deus".
Seis anos depois, o projeto de extensão chegou ao fim, mas o espírito do grupo se manteve vivo. O samba não morreu no Hospital Escola. Sequer agonizou. A instituição abraçou o projeto – agora como parte da humanização do ambiente hospitalar – e adotou o novo nome "Medicação".
A estimativa é que mais de 30 pessoas tenham passado pelo grupo. Hoje a formação conta com a participação de cerca de dez músicos – dentre eles dois integrantes da formação original, Miro e o “seu” Brasil, como é conhecido. “Enquanto tiver forças e me quiserem aqui, vou continuar”, garante Brasil. Diz mais: “É muito gratificante, é uma troca, a gente traz a música e o retorno das pessoas nos faz bem.”
Reencontro
A visita do “seu” Brasil nesta quarta no Hospital Escola foi especial. Além da homenagem ao grupo exposta no Corredor Arte, ele pôde visitar o velho amigo João – que não via já há algum tempo. Semana passada, Brasil soube que ele está internado no HE. Uma simples coincidência que, apesar da razão do encontro, foi motivo de alegria para os dois.
João Paulo Alves Gonçalves, 52, está em tratamento há 25 dias. Ele e os companheiros de quarto gostam da presença do grupo. “Faz a gente ver que a vida é boa. Perdemos muito tempo nos preocupando com outras coisas, então isso nos dá ânimo para lutar mais para ficar bem”, afirma.
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