Celebração

Impasse para realização da festa de Iemanjá

Federação de Umbanda pede flexibilização do espaço no Balneário dos Prazeres

Foto: Carlos Queiroz - DP - Festividade reúne milhares de pessoas à beira da Lagoa

Por Rafaela Rosa
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As regras para que aconteça a festa de Iemanjá, no dia 2 de fevereiro, em Pelotas, não vêm agradando a Federação Sul-riograndense de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros. A entidade alega que diversos empecilhos foram colocados pela Prefeitura, dificultando o acesso e a permanência dos religiosos no local, como a restrição de espaço na beira do Balneário dos Prazeres, e regramentos para chegada e partida dos ônibus. O Executivo sustenta que o regulamento é necessário devido a parte do espaço ser Área de Preservação Permanente (APP).

Tradicional no Município, o momento reúne milhares de pessoas à beira da Lagoa dos Patos, que acampam no local desde a noite anterior. O principal problema apresentado pelo presidente da Federação, Joabe Bohns, é a demarcação feita para os umbandistas e simpatizantes ocuparem. “Só liberam espaço para 15 terreiras, como se a festa fosse só de 15 casas. Há 490 casas religiosas filiadas na Federação”, diz.

Outro receio de Bohns é que a festa perca sua popularidade pelas dificuldades impostas. “Estão esvaziando a nossa festa, a festa popular que era uma das maiores de Pelotas”, lamenta. “Nossa tristeza com isso é que durante o ano todo eles [Poder Público] nem chegam lá perto, não sabem o que estão destruindo e para o dia da festa criam essa série de impasses”.

O presidente ressalta que não questiona o trabalho da Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA), pasta responsável pela liberação do espaço, mas sim o tratamento com os umbandistas. “Eu questiono a imposição que eles fazem com a nossa religião, que para mim é um preconceito religioso disfarçado. Já faz alguns anos que estão complicando e cada vez piora mais. Transformaram a festa num terror, como se a gente destruísse tudo no mato e na verdade não é”, sustenta.

O pedido de Bohns é que haja fiscalização, mas que o espaço seja flexibilizado para que toda comunidade possa celebrar Iemanjá. “Peço que não levem flor de plástico, barquinhos de madeira, barquinhos de isopor, que façam suas oferendas sem deixar garrafas, não queremos isso, queremos tudo limpo. O ideal seria não ter imposições de marcações e regras sobre subir e descer carros e ônibus, que a SQA apenas fiscalizasse”.

O que diz a Prefeitura
Em relação a restrição do uso de espaço para acampamentos no Balneário dos Prazeres, a SQA esclarece que trata-se de uma Área de Preservação Permanente, que possui fragmentos de mata importantes sob o ponto de vista da conservação ambiental. Desde 2010 o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) vem recomendando a restrição de eventos deste porte na orla do Barro Duro, especialmente na parte de mata, pois a prática pode gerar danos à vegetação.

O MP-RS chegou a propor que houvesse o fechamento das áreas de mata e que fossem criados cercados, para que essas áreas não fossem mais utilizadas. Como alternativa, ao longo dos últimos anos a SQA tem delimitado as áreas em torno da gruta de Iemanjá. Este ano, foi criado um perímetro para uso da área próximo à gruta sem infringir áreas de proteção. Esta espécie de zoneamento permite o uso de forma isonômica, com a disponibilidade de pelo menos 15 espaços de uso do local nos dias de festa.

O secretário de Qualidade Ambiental, Eduardo Schaefer, explica que durante reunião com a Federação Sul-riograndense de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros e a Secretaria de Cultura (Secult) foram discutidas outras alternativas para a instalação do acampamento, caso haja muita procura. “Entendemos essa questão como importante dentro da premissa de liberdade aos cultos religiosos”, declarou. ​

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