Economia
Inflação é maior para os idosos
Explicação pode estar no aumento do preço dos itens de subsistência
Jô Folha -
Dados do Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i) revelam que a inflação acumulada nos últimos 12 meses para este público chega a 5,14%. A taxa é 0,71 pontos percentuais a mais em relação ao restante da população. Habitação, alimentação e saúde são os principais vilões do aumento.
Na casa da aposentada Carmen Lúcia Dias, 64, o aumento pesou. "Está tudo muito caro, principalmente a comida", fala. A solução, então, foi diminuir ao máximo os gastos. No supermercado, por exemplo, ela dá preferência a marcas mais baratas. A aposentada reclama também do aumento no botijão de gás e na conta de luz. "Estufa eu não ligo mais e sempre apago a luz quando saio das peças", revela.
A tarifa de energia elétrica realmente teve grande impacto no índice da inflação, com um aumento de quase 14% no segundo trimestre do ano. Junto com o acréscimo na taxa do condomínio residencial, transformaram o setor da habitação no maior culpado pelo aumento da inflação. Se no primeiro trimestre o índice era de 0,07%, no segundo chegou a 3,08%.
Já a alimentação foi a segunda classe que mais contribuiu para o aumento da inflação. A taxa inflacionária passou de 1,41% no início do ano para 2,5% nos últimos três meses. O leite longa vida foi o que mais pesou, apresentando acréscimo de 18,8% no período. Na saúde, o aumento no valor dos medicamentos e no plano e seguro de saúde foram os principais culpados pelo crescimento da inflação. O índice passou de 1,59% para 2,55%.
Os aumentos mais significativos foram percebidos em itens de subsistência. O economista e professor da Universidade Católica de Pelotas Ezequiel Megiato explica que, quando isso acontece, a população de menor renda e os idosos são os mais atingidos. "Eles alocam a maior parte de seu recurso nesses itens", pontua. Em Pelotas, 60,9% da população com mais de 60 anos é responsável pelo sustento do lar.
O aumento nos preços reflete na chamada inflação de custos. De acordo com Megiato, esse tipo de reajuste é motivado pelo aumento da matéria-prima, fato que gera um efeito cascata em toda a economia. Nos últimos três meses, além da energia elétrica, a gasolina subiu 7,83%. "Esse tipo de inflação demora mais a cair", explica o economista. Por isso, a tendência é de que a inflação se mantenha em alta nos próximos meses.
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