Dica

Inofensivos, morcegos fazem parte da fauna pelotense; saiba como lidar

Importantes para o ecossistema, grande maioria das espécies não transmite vírus da raiva, frequentemente vinculado ao animal

Foto: Divulgação - Foram 42 solicitações ao CCZ apenas em janeiro deste ano

Quem nunca viu um morcego voando por aí? Os pequenos voadores de hábitos noturnos frequentemente causam medo e alvoroço. No entanto, especialistas garantem que, apesar do cuidado necessário no manejo desses animais, eles não são sinônimo de doença e não devem ser motivo de pânico. Em 2023, 107 morcegos foram recolhidos pelo Centro de Controle Zoonoses (CCZ) em Pelotas e apenas dois testaram positivo para raiva, doença mais comumente associada a esses animais.

A professora do Instituto de Biologia da UFPel e especialista em morcegos, Ana Rui, se dedica a mostrar a importância deles para as pessoas. "Eles prestam o que chamamos de serviços ecossistêmicos. Eles polinizam plantas, inclusive algumas de valor comercial, dispersam sementes e são controladores de insetos. Eles se alimentam, inclusive, de insetos que são considerados pragas agrícolas", resume. A espécie tadarida brasiliensis é a mais comum na área urbana de Pelotas, que tem uma população na casa das centenas de milhares.

A especialista enfatiza que os animais não oferecem riscos aos humanos. "Morcegos não atacam, não se enroscam no cabelo das pessoas e não são perigosos", destaca. Os animais podem carregar e transmitir o vírus da raiva, mas Ana observa que os casos são minoria. "A gente tem que desmistificar essa ligação direta entre os morcegos e a raiva. O morcego é reservatório da raiva, assim como outros animais silvestres, mas isso não significa que ele transmite. Apenas uma espécie transmite a raiva bovina", observa. Nas redes sociais (@morcegos.extremosul, no Instagram), o grupo de pesquisa da UFPel coordenado por Ana compartilha mais informações sobre as espécies da região.

Como agir

A recomendação da especialista é a mesma dada pelo CCZ de Pelotas, que é responsável pelo atendimento de chamados referentes aos morcegos. Quando encontrar um animal caído, principalmente durante o dia, é necessário evitar contato e chamar o CCZ. "Qualquer cidadão pode acionar esse serviço. Existem muitas espécies que moram na cidade e não causam problema nenhum, pelo contrário. De modo geral, temos que ter mais atenção quando eles aparecem de dia e/ou com comportamento atípico", explica a chefe do Departamento de Vigilância Ambiental, Isabel Madrid. Em hipótese alguma deve se matar esses animais.

Fechar as janelas ao entardecer, por exemplo, é uma medida simples para evitar a entrada dos morcegos em residências. Em janeiro deste ano, foram feitas 42 solicitações ao departamento, tanto para orientação quanto ao manejo dos animais, que podem se alocar em telhados e outros locais de casas, tanto para recolhimento de animais mortos ou doentes. Isabel ressalta, ainda, a importância de manter animais domésticos vacinados contra a raiva para evitar o possível contágio pelo contato com animais silvestres. O contato com o CCZ pode ser feito pelos números (53)99114-0546, pelo WhatsApp, ou (53)3284-7731 pelo telefone.

Moradores pelotenses

A professora da UFPel exemplifica que Pelotas está situada numa área úmida e de banhado e, portanto, ideal para morcegos caçarem insetos. "Tem morcegos por todo o mundo. Eles sempre estiveram em todo tipo de ambiente", resume Ana. Por aqui, a população percebe a presença deles, em especial no centro da cidade por conta da grande quantidade de casarões e estruturas propícias ao alojamento dos bichos. "A maioria dos moradores têm tela para evitar, porque eles ficam no telhado. Volta e meia alguém liga para avisar que entrou em casa. Tô aqui há 12 anos e sempre teve", diz Gabriel Dutra, porteiro de um condomínio residencial próximo ao Calçadão. "Às vezes eles aparecem. A gente costuma abrir as janelas e eles saem sozinhos", complementa o funcionário de uma galeria comercial nos mesmos arredores.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Beira-mar da praia do Cassino é oficialmente entregue Anterior

Beira-mar da praia do Cassino é oficialmente entregue

População sente um aumento dos preços de hortifruti nas feiras Próximo

População sente um aumento dos preços de hortifruti nas feiras

Deixe seu comentário