Saúde

Integração gera reclamação na UBS Navegantes

Devido à vacinação infantil, serviços da Ubai migraram para o prédio do posto de saúde do bairro, causando críticas de pacientes e servidores

Carlos Queiroz -

Desde o dia 19 de janeiro, com o início da vacinação infantil contra a Covid-19, atendimentos da Unidade Básica de Atendimento Imediato (Ubai) Navegantes estão temporariamente realocados no prédio ao lado, na Unidade Básica de Saúde (UBS) do mesmo bairro, para que a estrutura seja exclusiva para a imunização. Porém, a decisão da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) vem causando reclamação de usuários e de alguns profissionais da saúde que trabalham nos locais.

Um servidor municipal que preferiu não se identificar relatou ao Diário Popular que ele e seus colegas vêm enfrentando dificuldades nos últimos dez dias. Segundo ele, a realocação dos serviços foi “improvisada” e há falta de espaço. “O posto não tem nem espaço para os funcionários deles e nós estamos lá, tentando atender da melhor forma possível. A gente fez reclamações tanto para a secretária quanto para as nossas coordenadoras”, afirma.

Segundo o funcionário, na semana passada uma pessoa teria morrido no local. “Não que se a gente estivesse na Ubai evitaria o óbito, mas com certeza o atendimento seria melhor. As pessoas não conseguem nem entrar de cadeiras de rodas. Estão atendendo na sala de reuniões da UBS e lá não tem espaço para o oxigênio, não tem local para isolamento de paciente, ficam todos no mesmo lugar. De uns tempos para cá está faltando empatia da SMS, mas o estopim foi esse óbito”, desabafa o servidor. Ele relata ainda que casos suspeitos de infecção por coronavírus também teriam sido atendidos sem isolamento pela falta de espaço. “[O paciente] estava com muita falta de ar e a médica da Ubai teve que atender porque não podia, simplesmente, mandar embora. Teve que botar na mesma sala que outros fazendo medicação.”

Fila e espera

A reportagem esteve no local na última quinta-feira, no final da tarde, e presenciou pessoas aguardando em uma fila para dar entrada no atendimento. Quem passava pela triagem, aguardava em bancos de concreto, na rua. A recepção do local é pequena e não há ventiladores. “Aquilo [Ubai] era quase um pronto-socorro. Botaram aqui que não tem estrutura para atender o público. Ontem [quarta] eu fiquei até as 22h, foi um horror”, disse a diarista Rita Insaurriaga, que alegou estar pelo segundo dia em busca de um atestado médico.

Outra paciente, em pós-operatório, que optou por não se identificar, relatou que durante atendimento realizado na manhã do mesmo dia para retirar os pontos teria presenciado as dificuldades da equipe. “A médica disse que eles estão perdidos, que teve duas reuniões sobre isso e que a Secretaria de Saúde não está nem aí. Eles não sabem nem o que fazer aqui.”

Discussões

No momento em que o DP chegou no local, o recepcionista do período da tarde discutia com pacientes que aguardavam atendimento. A situação gerou tumulto até o servidor perceber que o Jornal estava no local.

Usuários da unidade que conversaram com a reportagem reclamaram que os problemas seriam rotineiros e que reclamações já teriam sido feitas à ouvidoria. “Esse senhor que atende agora à tarde é um cavalo vestido de gente, uma coisa muito séria”, indignou-se uma paciente idosa.

Durante o período em que a equipe do Jornal esteve na UBS, servidores da unidade tiraram fotos das pessoas que conversavam com a reportagem. Uma enfermeira, que alegou coordenar o local à noite, também abordou a reportagem questionando o motivo da presença no local.

O que diz a SMS

Questionada sobre os relatos de dificuldades com a estrutura, a secretária de Saúde, Roberta Paganini, destacou que não há possibilidade de reversão dos locais - a vacinação ir para a UBS e o atendimento à população ir para a Ubai -, visto que o local destinado a atendimentos imediatos seria o ideal para a vacinação. “Tem todo um investimento que foi feito, a comunicação visual, tudo que já foi investido na Ubai e aquela não é uma estrutura para abrigar uma UBS, que tem uma lógica de atendimento diferente da Ubai.”

A secretária complementa: “Ali [na UBS] a gente tem uma estrutura física bem grande, que comporta esses dois serviços. Claro que eu entendo, a gente também tem que fazer uma leitura do contexto, que [os profissionais] estejam descontentes porque estavam em um local maior e agora estão em um espaço menor. Estar descontente porque o local não é tão bom como o outro é compreensível. Mas o que temos aqui para avaliar é se o espaço é inapropriado e ele não é, reconhecido inclusive pela própria equipe”, argumenta.

Sobre as fotos dos pacientes feitas por servidores, Roberta diz não ter conhecimento nem ter recebido os registros. “Não vejo a menor necessidade dessas fotos e não saberia te dizer porque foram tiradas. Não tenho nenhum problema com quem fala, eu sempre procurei fazer uma gestão na base da construção conjunta”, defende. Já em relação ao recepcionista do local, Roberta diz que a SMS tomará providências sobre a situação.

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