Aniversário

Irmã Assunta: um século de devoção e caridade

Religiosa que dedicou a vida ao conhecimento das plantas medicinais e tratamento de pessoas necessitadas completa cem anos neste sábado

Foto: Jô Folha - DP - Irmã Assunta está completando cem anos

Com um sorriso amigável, muita e ainda mais disposição para trabalhar. É assim que dona Marculina Tacca, mais conhecida como Irmã Assunta, alcança a marca dos cem anos de vida neste sábado. A religiosa, que dedicou a vida ao conhecimento das plantas medicinais e ao trabalho de caridade, recebeu o Diário Popular na Casa do Caminho, instituição idealizada por ela, para conversar um pouco sobre sua história.

Em uma entrevista que durou mais de uma hora, Irmã Assunta demonstrou memória e lucidez invejáveis para uma mulher centenária. "Aos sete anos eu ajudava minha mãe a atender os pobres. Ajudava porque gostava", relembra. Foi lá, ainda na infância, que ela se aproximou da fitoterapia, prática terapêutica que usa plantas medicinais para tratar doenças. Foi através deste profundo conhecimento que Irmã Assunta se dedicou a atender e curar milhares de pessoas ao longo dos mais de 70 anos dedicados ao trabalho social.

A vocação para ajudar o próximo encontrou seu guia na formação religiosa, que começou em 1949. "Trabalhei a minha vida toda para as pessoas serem felizes e terem saúde, mas o trabalho não é meu, é de Deus. É uma missão que temos aqui. Eu sou apenas um instrumento", garante. Assunta garante que a fé é fundamental para o trabalho e para a vida, mas dispensa julgamentos quando o assunto é religião. "Trabalho com todas as religiões, não tenho essa história aí. Umbanda, espírita, evangélico, todo mundo", diz.

Raízes pelotenses

"Eu não planto para mim, planto para o futuro", diz ela sobre as plantas, árvores e ervas que enchem a área verde da Casa do Caminho, instituição fundada por ela nos anos 1990. É lá que, até hoje, as pessoas buscam semanalmente a cura de doenças através da fitoterapia ou, apenas, o acolhimento oferecido pela equipe.

O trabalho desenvolvido por dona Marculina dentro e fora da instituição, que já ministrou cursos e atendeu pessoas em diversas comunidades, rendeu, em 2012, o título de Cidadã Emérita Pelotense à Irmã Assunta. Natural de Ivorá, cidade gaúcha com cerca de dois mil habitantes, ela realizou missões em todo o País até fixar raízes em Pelotas nos anos 1960.

Semente para o futuro

Aos cem anos de vida, pode parecer estranho falar em futuro, mas isso não é um problema para Irmã Assunta, que pretende continuar trabalhando na instituição até quando puder. "Se Deus me colocou aqui e me deixou até agora, é porque tenho uma missão, que é ajudar o povo. Já disse para Jesus, enquanto eu caminhar e tiver cabeça boa, quero estar com o povo", garante.

Com tranquilidade, ela acrescenta que o trabalho precisa se renovar a cada dia e irá permanecer para além de sua vida. "Se o trabalho for de Deus, ele continua. E esse trabalho sempre continuou, mas precisamos de muita ajuda. Precisamos de gente jovem. Agora, mesmo, precisamos muito de alguém para limpar nossa horta", comenta.

A renovação se reflete em figuras como o atual coordenador da Casa do Caminho, João Berneira, que assumiu o cargo há poucos meses. "A Irmã já não vem toda semana, mas o atendimento continua sempre nas tardes de terça e quinta-feira, a partir das 14h. Queremos fazer um bom trabalho social. É bom a renovação, gosto de quebrar paradigmas", diz o coordenador, que conheceu a Irmã anos atrás quando estava à frente do Presídio Regional de Pelotas e desenvolveu, junto dela, um projeto de horta comunitária dentro da instituição

Fé e caridade

Marculina é a única da família de 13 irmãos que ainda está viva. A rotina é a mesma já há algum tempo: acorda às 4h da manhã e a primeira coisa a fazer no dia são as orações. Hoje em dia, caminha sozinha com alguma dificuldade, mas foi aconselhada pelos médicos para não usar bengala, já que não precisa do auxílio a maior parte do tempo. Quando perguntada sobre o 'segredo' para chegar com saúde e lucidez aos cem anos de idade, ela é enfática. "O segredo é rezar e trabalhar bastante. Sem a palavra de Deus, não temos nada. Esse caminho é essencial", diz ela.

Comemorações

O centenário da religiosa não irá passar despercebido pela comunidade. No próximo sábado, 23 de março, a partir das 14h, haverá uma visitação da Casa do Caminho (avenida Zeferino Costa, 129). Já às 17h30min, na Catedral Metropolitana de São Francisco de Paula, haverá uma missa alusiva ao aniversário da irmã. No domingo, as comemorações se encerram com um almoço, ao meio dia, no Centro Português (rua Cidade de Faro, 238). Os ingressos custam R$ 50 e podem ser adquiridos na papelaria Lápis e Papel (rua José Pinto Martins, 724), Vidraçaria Pampah (rua General Osório, 1.016) ou diretamente com o voluntário Enício Possenti pelo telefone (53) 99948-4377.

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