Nuvens pesadas
Japão, Equador e Uruguai sofrem com fenômenos climáticos e naturais
Terremotos no Japão e no Equador, além de inundação no Uruguai, deixaram também rastro de destruição
Fenômenos naturais que atingiram três países no final de semana - o Equador, o Japão e o Uruguai - provocaram a morte de pelo menos 278 pessoas. O caso mais grave foi registrado no Equador, sacudido pelo terremoto mais violento dos últimos 37 anos. Até este domingo (17) o governo contabilizava 233 mortos. Em Dolores, no Uruguai, um tornado atingiu a cidade e deixou um rastro de destruição. O fenômeno fez quatro vítimas fatais. Já o Japão vem sendo atingido por terremotos desde a última quinta-feira.
Equador em emergência
Pelo menos 14 mil agentes da Força Pública do Equador foram mobilizados depois que o país decretou estado de emergência devido a um terremoto de 7,8 graus na escala Richter, registrado na tarde de sábado. Até este domingo, dados oficiais indicavam que havia pelo menos 233 mortos.
O estado de emergência se aplica a seis regiões administrativas do Equador - Esmeraldas, Manbí, Santa Elena, Guayas, Santo Domingo e Los Ríos - e permite a destinação de recursos financeiros, a mobilização de forças de segurança pública e a centralização de informações sobre os danos provocados, informou o vice-presidente Jorge Glas.
Os locais mais afetados foram Pedernales e Portoviejo, em Manbí. Segundo Jorge Glas, o terremoto foi considerado o mais forte desde 1979.
Foram deslocados dez mil agentes das forças armadas e 300 bombeiros a Manabí, dos quais 200 exclusivamente a Pedernales, além de 3,5 mil membros da Polícia Nacional para Manabí, Esmeraldas, Guayas e Santa Elena.
O governo também mobilizou recursos do Ministério de Transporte e Obras Públicas e do Ministério da Saúde para esses locais. Um hospital móvel foi montado em Pedernales.
O ministro do Turismo, Fernando Alvarado, informou que toda a força aérea nacional (aviões das empresas públicas Petroamazonas, PetroEcuador, Tame, helicópteros da Polícia e Forças Armadas) foi colocada à disposição para se deslocar conforme as necessidades. Os aviões da Tame transportaram policiais, médicos, bombeiros e membros da Cruz Vermelha para as áreas mais afetadas.
Neste domingo, segundo informações do vice-presidente, não existia alerta de tsunami e as pessoas que evacuaram suas residências por precaução já podiam regressar, pois o alerta de prevenção emitido foi suspenso. Jorge Glas informou também que os organismos internacionais de assistência a emergências estão alertas; que nenhuma estrutura de represas foi afetada e que a energia em Manabí estava sendo restabelecida paulatinamente.
O presidente Rafael Correa estava em Roma para uma visita mas decidiu voltar ao país. Equipes de resgate vasculhavam os destroços deixados pelo tremor, cujo epicentro se deu em uma região pouco povoada do litoral, a 170 quilômetros de Quito.
No Japão, 41 mortos
O exército e as equipes de resgate seguiram trabalhando no final de semana na busca por sobreviventes presos em escombros, após dois fortes terremotos atingirem a região sudoeste do Japão. O número de vítimas fatais subiu para 41, conforme as autoridades locais, enquanto mais de 200 mil casas seguiam sem energia elétrica e 400 mil sem água.
Fortes chuvas sobre a região prejudicam os trabalhos de resgate e podem provocar deslizamentos de terra. O primeiro-ministro, Shinzo Abe, expressou preocupação sobre desastres secundários, diante dos fortes ventos e de precipitações.
Na madrugada de sábado um tremor de 7,3 graus atingiu a região de Kumamoto, na ilha de Kyushu, deixando 32 mortos. O primeiro terremoto, de 6,5 graus, atingiu o local na noite de quinta-feira, matando nove pessoas. Há pelo menos 184 pessoas gravemente feridas e cerca de 91 mil habitantes tiveram de deixar suas casas.
O epicentro dos terremotos foi localizado a cerca de dez quilômetros abaixo da superfície, nível considerado "raso" por especialistas. A Autoridade de Regulação Nuclear do país reportou não identificar anormalidades na usina nuclear de Sendai. (Fonte: Associated Press)
Uruguai contabiliza os prejuízos da chuva
O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, anunciou que o governo nacional irá enviar materiais para a reconstrução de Dolores, atingida por um tornado às 16h da última sexta-feira, e abrir a possibilidade de receber doações privadas, a ser coordenado pelo escritório de Planejamento e Orçamento (OPP). Estavam desalojadas no final de semana 2.057 pessoas. O fenômeno provocou a morte de quatro pessoas.
O presidente pediu cautela às pessoas nos deslocamentos em estradas por causa das inundações. O Exército Nacional, com tropas especializadas na contenção de emergência, foi acionado para ajudar. A Força Aérea disponibilizou todos os seus meios entre Durazno e Montevidéu, além do transporte por helicóptero dos feridos.
O chefe da polícia nacional, Mario Layera, disse que Dolores tem 150 policiais, incluindo funcionários da sede da Soriano, Highway Patrol, Guarda Republicana e pessoal do Corpo de Bombeiros. (Fonte: governo do Uruguai)
O tornado e a relação com o calor
A MetSul Meteorologia estima que o tornado que devastou Dolores tenha sido de intensidade F3 na escala de Fujita, o que representa ventos acima de 250 km/h. O fenômeno se formou na área rural, avançou para a zona urbana e fez com que vários carros fossem levantados e virados pelo funil de vento.
O tornado tem correlação direta com a incomum onda de calor que afeta o Rio Grande do Sul. A massa de ar quente muito intensa para esta época cobre o Estado e vem trazendo máximas de 35ºC a 37ºC em plena metade de abril, em Porto Alegre e no interior. É um padrão de bloqueio atmosférico que favorece o calor incomum e mantém a instabilidade retida no Centro da Argentina e no Uruguai. Por isso não se pode afastar o risco de mais ocorrências de tornados no país vizinho, já que o jato deve seguir atuando com força até esta segunda-feira.
Tornados não são raros no Uruguai, que tem histórico do fenômeno, com alguns casos graves de vítimas e destruição. O país está no chamado Corredor de Tornados da América do Sul.
No Rio Grande do Sul, o calor não dá trégua. Segue muito quente, com máximas acima de 35ºC, com chance até de recordes históricos para abril, até a quarta-feira. A intensa instabilidade no Uruguai, em alguns momentos, avançará para o Norte e vai pegar o Sul e parte do Oeste gaúcho, sobretudo na fronteira e em áreas de Pelotas ao Chuí. Nestes pontos, nos próximos dias, sol e calor vão se intercalar com períodos de chuva e temporais, com risco de tempestades severas muito fortes e com potencial de danos em setores isolados. (Com informações dos meteorologistas Estael Sias e Luiz Fernando Nachtigall)
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