Solidariedade

Jovem Atleta lança campanha por materiais escolares

Cerca de cem famílias necessitam de itens básicos para o início do novo ano letivo

Carlos Queiroz - DP - Fernando, 9, diz que quer ser jogador de futebol

Por Lucas Kurz
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Este período de início do ano, para a criançada, é repleto de uma alegre expectativa: escolher seu material escolar. Qual o personagem que estará na capa do caderno, as canetas, uma mochila com estampa da moda… Porém, há uma - cada vez maior - parcela da população que não tem a oportunidade da escolha. A bem da verdade, a expectativa foge do desenho da capa e passa a ser se haverá ou não um caderno para começar o ano letivo. Pensando nisso, o projeto Jovem Atleta lançou, mais uma vez, sua campanha de arrecadação de materiais escolares. Já são cem famílias pré-cadastradas, aguardando a solidariedade alheia.

Diante dos impactos da pandemia, a solidariedade foi uma rara semente de esperança que surgiu. Porém, essa flor murchou. Se lá atrás até caminhões com roupas e alimentos paravam na porta da sede do Jovem Atleta, hoje o cenário é de minguas, explica o coordenador da iniciativa, Carlos Oliveira. No ano passado, quase 300 alunos foram ajudados ao longo da campanha. Hoje, ainda em pré-lançamento, já eram cem cadastros. A expectativa é suprir a demanda destes e alcançar outros. O público, em geral, é de pessoas em extrema pobreza, residentes no bairro Getúlio Vargas e arredores.

Uma dessas famílias é chefiada por Luise Schulz. Viúva e mãe de três filhos, os dois menores, Fernando, 9, e Daniel, 12, fazem parte do projeto. Ela destaca a importância de manter os meninos "na linha", longe, por exemplo, do mundo do crime ou do excesso do tempo de telas dentro de casa. O menorzinho, Fernando, vestia uma camiseta do Internacional, sem o símbolo, e dizia que pretende jogar no clube no futuro - na posição que der, ele garante que vai bem em todas. O ídolo, porém, mora mais longe que Porto Alegre. "Aqui em casa, a paixão é o Neymar", garante a mãe.

Para ela, as dificuldades são muitas. Desempregada e dependendo de auxílios, chegou a um momento que a necessidade apertou. Muitas outras estão nessa situação, explica Carlos, lembrando de um caso, ainda neste final de semana, de moradores do Getúlio Vargas que estavam vendendo móveis de casa para comprar comida. Os auxílios do projeto ajudam a atenuar. Mas, em contrapartida, o projeto só funciona com apoio da comunidade.

A pandemia também tirou muitos empregos. É o caso de Cíntia Aguiar. Mãe de dois, um deles sendo uma criança com necessidades especiais, acabou perdendo a vaga de cozinheira que ocupava. Sem auxílios governamentais até o momento, ela, que foi uma das jovens do projeto, hoje colabora como pode, seja organizando o espaço da sede ou cozinhando. As doações que recebe, quando em excesso, repassa para o coletivo. É o caso de fraldas, por exemplo. "Todo mundo recebe alguma doação", comemora.

Outra mãe, que também recebe auxílios, é Raquel Oliveira. Com cinco crianças, ela ocupou um cargo temporário em uma fábrica e agora procura outra oportunidade. O marido faz bico. O Jovem Atleta ajuda a família com vale gás, em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa), mas a iniciativa está próxima do fim. Por isso, o apoio com material escolar ajuda a atenuar as necessidades.

Temporada 2023
O Jovem Atleta inicia em fevereiro a temporada 2023. Terão atividades nas praias, treinamentos e preparação para competições. As categorias sub-12 e sub-14 irão ao Uruguai para participar da IberLeague. Quase tudo será gratuito, mas ainda é necessário auxílio de transporte - Carlos diz que há expectativa de receber apoio do Poder Público para isso, mas ainda sem confirmação.

Saiba como ajudar
O projeto Jovem Atleta tem sede na Avenida Quatro, 682, no Getúlio Vargas. Além das doações presenciais, o código pix é pelo celular (53) 99192-0441. O número serve também para mais contatos com o grupo. Após as doações, a coordenação explica que é feita uma prestação de contas aos que contribuíram.

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