Pandemia

Mais 45 médicos para combater a Covid-19

Com base em portaria do MEC, UFPel antecipa formatura dos cursos de Medicina, Enfermagem e Farmácia

Divulgação -

Para somar forças contra a pandemia de Covid-19, cerca de 50 alunos de cursos da área da saúde na Universidade Federal de Pelotas podem antecipar a formatura. Destes, 45 receberam o certificado de conclusão da graduação em Medicina na última quarta-feira e muitos, em breve, devem integrar as equipes dos hospitais e das unidades de saúde que atendem pacientes infectados. A possibilidade de antecipação do término do curso se deu após publicação de uma portaria do Ministério da Educação (MEC), aprovada pelo Conselho Coordenador do Ensino, da Pesquisa e da Extensão (Cocepe) da UFPel.

Se enquadram na regulamentação do MEC os estudantes que cumprirem 75% da carga horária prevista para o período de internato médico, ou estágio supervisionado. Na UFPel, a antecipação representa quase três meses dos aprendizados, diretamente de dentro dos hospitais. Por lá, do quarto semestre até concluir os 12 da graduação, os estudantes atuam dentro de casas de saúde, como o Hospital-Escola, Pronto-Socorro de Pelotas e demais conveniados à instituição.

Os formandos da turma poderão retornar ao curso para concluir os estágios remanescentes, explicou a coordenadora do curso de Medicina, Marina Bainy. A matrícula será feita em regime especial. Ela destaca também a relevância e a gravidade do atual momento na área da saúde, o que expõe a necessidade de um número ainda maior de profissionais em ação. “A Faculdade de Medicina da UFPel, assim como as demais Escolas Médicas, preferia que seus alunos pudessem concluir na totalidade o que está determinado pelo Projeto Pedagógico do Curso, porém o contexto em saúde em que estamos inseridos fez com que tivéssemos que reavaliar com maior cuidado a proposta do governo federal em relação à antecipação de colação de grau”, explicou.

Além dos 45 de Medicina, a portaria abre possibilidade para outros alunos de cursos da área da saúde. O de Farmácia conta com três estudantes que, após resolverem pendências de Trabalho de Conclusão de Curso, ficarão aptos para a conclusão antecipada. A Enfermagem possui uma aluna apta, mas que ainda não confirmou interesse em receber o certificado. O envio do arquivo será pelo sistema próprio da universidade, o Cobalto. Não haverá uma cerimônia presencial. “Vivemos um cenário excepcionalmente grave e complexo da nossa história e nos reconhecemos como componentes importantes a contribuir na tentativa de um melhor enfrentamento à Covid-19”, frisou Marina.

Novos desafios 

Com os certificados, os novos médicos podem dar prosseguimento a certames, por exemplo. É o caso de Paulo Henrique Dario, aprovado em um concurso público de Xanxerê, Santa Catarina, para atuar em Unidades Básicas de Saúde. “Foram anos de muita dedicação. A UFPel, e mais especificamente nossos professores, nos prepararam para atuar independentemente do cenário”, aponta. “Quero poder fazer a diferença, com a seriedade e a responsabilidade que a profissão e a pandemia exigem”, completa. A colega, Liliana Jorge, também espera pelo momento em que dará mais um passo na carreira. Enquanto aguarda o registro do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul, ela analisa propostas de emprego em pronto-atendimentos e emergências de hospitais da região onde mora, em São Jerônimo, distante 290 quilômetros de Pelotas. O desejo dela é conciliar a carreira na área de ginecologia e obstetrícia à proximidade dos familiares. “Não foi uma decisão fácil, mas o que pesou mais foi a possibilidade de trabalhar na minha cidade, perto da minha família”.

Para ela, os aprendizados vão além do período da graduação e uma residência na área, em Porto Alegre, já faz parte dos planos futuros. “Sabemos que é um desafio grande, a formatura em meio a uma pandemia, que contamos com recursos limitados do sistema de saúde e com uma demanda cada vez maior de pacientes, mas estou certa de que faremos o nosso melhor na assistência à população nesse momento ímpar”.

O desejo de todos é de ajudar, de qualquer forma, no combate à pandemia. Como frisou o também formado em Medicina, Rafael Frizzo: “não é fácil se formar no meio desse turbilhão de acontecimentos no mundo todo. Mas é uma escolha, sabendo que estamos preparados. Podemos contribuir e fazer a diferença”.

Cremers aponta riscos e sucateamento da saúde

O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul veiculou, no último dia 18, um manifesto contrário à decisão do MEC. O presidente do órgão, Eduardo Trindade, vê a portaria como desnecessária e sem benefícios à saúde, além de ver como possível uma precarização dos serviços. “Para nós é muito claro que não há benefício nenhum. Os alunos já estão em atividades práticas, sob supervisão de profissionais. Outra questão são os riscos aos pacientes e aos próprios profissionais que o encurtamento das experiências práticas na graduação podem causar”, ressaltou.  A expectativa, segundo o presidente, é que a portaria seja revogada. “Estamos andando na contramão”, argumenta. Confira a nota na íntegra:

“O Ministério da Educação (MEC) editou a Medida Provisória 934, de 1º de abril de 2020, regulada pela Portaria 383, de 9 de abril de 2020, que permite a antecipação da formatura de estudantes de Medicina que concluíram, no mínimo, 75% da carga horária do internato. O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) analisou o tema, e manifesta total contrariedade à MP 934/2020, além de não concordar com a justificativa da proposta.

Para a autarquia federal, a antecipação da formatura dos alunos do internato não traz qualquer benefício, seja para a população ou para o serviço de assistência. Não traz benefícios para os próprios estudantes, que terão sua formação prejudicada em uma etapa crucial _ os últimos estágios de internato, nos quais têm acesso a importantes conteúdos e vivências, sempre sob supervisão de um profissional médico.

Além disso, a justificativa de que poderão colaborar com as ações de combate à Covid-19 não se sustenta, uma vez que esses formandos já estão em atividade no atendimento às pessoas. Já dão a sua contribuição, dentro do que a formação permite, e sob a supervisão direta de um médico responsável, o que garante a segurança do paciente e do próprio aluno. O Cremers ainda informa que estuda medidas judiciais e extrajudiciais para barrar o processo de antecipação de formatura”.

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