Tristeza
Mais animais morrem após paralisia na Z-3
Sete aves e três cães já perderam a vida após contaminação por cloreto de potássio na localidade
Carlos Queiroz -
Depois da possível contaminação de mais de 15 cães na Colônia de Pescadores Z-3 por cloreto de potássio, segundo exame de sangue feito em, pelo menos, seis destes animais, e da morte de dois deles, a comunidade registrou o óbito de mais um cachorro e sete aves. Os galos e galinhas eram da família de Josiane Henke, que aguarda por uma autópsia para saber a causa das mortes. “Não posso afirmar que eles morreram por ingerir cloreto de potássio na água ou no alimento, mas como os sintomas nas minhas aves, inclusive a paralisação dos membros, coincidem com a mesma data em que começou nos demais cães, acredito que o fator de contaminação tenha sido o mesmo”, aponta. A família tem ainda uma cadelinha, que também está paralisada desde a última quinta-feira.
Como as galinhas eram de estimação da família de Josiane, e não criadas para abate, todas tinham nomes. Ela conta que no domingo passado, dia 27, dois dias depois do possível início da contaminação, morreu a primeira ave, a Coraline. Na sequência morreu um dos galos, o Joãozinho. Mais tarde, Polly, Princesa, Jade e Tarapara, todos filhos de outro galo, o Gaudêncio, que acabou morrendo neste sábado. “Todos estamos muito tristes, porque eles eram de estimação da nossa família. Nós começamos a criá-los em razão da minha filha Ryanna, e eles estão conosco há uns cinco anos”, observa Josiane. “Minha filha implorou pra que eu salvasse as galinhas, mas não houve jeito”, completou.
Gaudêncio era o preferido da pequena Ryanna. Foi por causa dele que a família passou a criar as aves como pets. O galo tinha, inclusive, uma página de Facebook, com 168 amigos. “Ele foi adotado já adulto e ficou com a gente por cinco anos. Depois dele veio o restante. Gaudêncio foi muito amado pela minha família e nós estamos muito tristes, tanto pela sua partida como pela dos demais”.
Sobraram ainda cinco galinhas. Destas, uma está bastante afetada e completamente imóvel. “Observei que as outras estão se comportando de maneira diferente, bem ariscas (são bem domesticadas) e não se alimentam muito bem”, disse Josiane, que aguarda agora a realização de exames para saber a causa. “A vereadora Marisa Schwarzer (PSB) já entrou em contato com a gente e solicitou que viessem recolher as galinhas mortas para levar para exames. Pelo que me disseram, elas serão recolhidas amanhã (hoje) e levadas para um laboratório”.
O início do caso
No dia 25 de março, a protetora de animais, Maira Fernandes, moradora na Colônia Z-3, percebeu que um de seus cães comunitários, o Pirata, estava sem poder se locomover. Ao mesmo tempo, recebeu diversos pedidos de ajuda de outros tutores de cães, que relataram que seus pets estavam na mesma situação, todos com os membros paralisados.
Em um único dia, Maira contou mais de dez animais com paralisia na localidade. Ela e demais moradores perceberam que os sintomas coincidem com a pulverização de uma área próxima à colônia de pescadores, feita por uma aeronave agrícola, na mesma data em que os sintomas surgiram nos primeiros animais. “Vimos quando o avião passou. E segundo o resultado de exames de sangue, há evidência de cloreto de potássio nos animais”, relatou.
Os exames de sangue foram feitos pela médica veterinária Juliana Lemos. Todos os cachorros apresentavam um quadro de fraqueza muscular, sem progressão da doença - com exceção de dois casos à parte, em que os cães morreram após a paralisia. “Os casos ocorreram entre os dias 25 e 26 de março e, de acordo com relato de moradores, coincidem com a atividade de aviação agrícola em propriedade adjacente, em dia de muito vento, e em baixa altitude”, disse a profissional.
Ainda conforme Juliana, considerando as informações obtidas, sinais clínicos observados e achados laboratoriais, a suspeita é de uma intoxicação por cloreto de potássio. “O que também pode justificar a proximidade dos casos, seja pela dispersão do vento ou pela exposição de comedouros e bebedouros”, apontou.
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