Pelo segundo mês consecutivo, a prefeitura de Pelotas, através da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), cancelou as férias de servidores da área para evitar desfalques nos atendimentos, sobrecarregados pela maior onda de casos positivos de Covid-19 desde o início da pandemia. Só nesta última semana, mais de três mil novos infectados foram registrados. Na quinta-feira houve o recorde diário, com 1.009 contágios.

A secretária de Saúde, Roberta Paganini, explica que o crescimento no número de casos e a alta demanda de investigações - na sexta-feira eram mais de 2,1 mil exames em análise - vêm preocupando a gestão, que decidiu repetir a decisão já tomada em janeiro, quando os números, impulsionados pela nova variante Ômicron, dispararam. “Os pontos de testagem continuam lotados, as unidades sentinela, o Centro Covid, todos os serviços seguem com uma demanda de sobrecarga, e aí, claro, isso tem reflexo dentro de outras áreas da SMS”, destaca.

Segundo levantamento da Secretaria de Administração e Recursos Humanos (Sarh), até o final da semana, 31 servidores estavam afastados por infecção e 38 com suspeita da doença, sendo 14 positivados e 24 suspeitos apenas na SMS. Tanto a Sarh quanto a titular da SMS apontam que o cancelamento das férias é necessário para o remanejo de pessoas entre as áreas, que já está sendo feito há algum tempo. “Equipe da regulação ajuda nas investigações, servidores que atuam na saúde mental estão ajudando também nas investigações ou nas inserções dos casos novos no Painel Covid”, exemplifica Roberta.

Expectativa de um terceiro ponto de testagem

O comprometimento no quadro pessoal dos servidores vem adiando a abertura do terceiro ponto de testagem rápida e gratuita, pelo Testar RS, previsto para ser instalado na Associação Rural de Pelotas (ARP). De acordo com Roberta, a apresentação dos inscritos no chamamento ainda não foi finalizada. “Ainda estamos aguardando que todos se apresentem para a gente deixar a equipe minimamente necessária para abrir esse ponto de testagem. Ele já está todo organizado em termos de estrutura, mas está faltando ainda completar a equipe para poder abrir”, informa.

Atualmente, três pontos recebem os pelotenses, sem sintomas, para teste antígeno com resultado em, no mínimo, 15 minutos: um localizado no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), na antiga Estação Férrea, outro na rua Marcílio Dias, 357, e ainda a UBS Laranjal, esta última para atendimentos apenas aos finais de semana. Entretanto, apesar dos locais serem destinados a assintomáticos, a reportagem esteve nos pontos centrais, sem identificação, e percebeu a ida de pessoas com algum sintoma gripal na fila, além de crianças com sintomas levadas por pais e responsáveis. Todas acabaram sendo orientadas a ficar e foram atendidas.

Apesar do município ter as unidades sentinelas como referências para pessoas com sintomas leves, o Centro Covid para adultos com sintomas moderados e graves e o Pronto Socorro de Pelotas (PSP) para crianças com sintomas mais evoluídos, Roberta Paganini explica que os locais exclusivos para sintomas gripais acabam atendendo os pacientes que chegam. “A gente sabe que, por exemplo, no Centro Covid a gente tem pacientes que são ‘ficha azul’, como a gente chama, que poderiam ter ido em uma unidade sentinela, mas eles vão lá e vão ser atendidos. E o contrário também”, comenta.

Medidas não estão unificadas na Zona Sul

A secretária de Saúde afirma que a pasta vem monitorando a situação da pandemia constantemente para tomar as medidas necessárias e que mantém o diálogo constante com os prestadores de serviços para, caso haja necessidade, realizar uma ampliação de acordo com a condição de cada um. Porém, em sua análise, não adianta só um município tomar uma medida restritiva e, por isso, Pelotas aguarda a manifestação de outros prefeitos da Zona Sul para avaliar possíveis novas ações para frear o avanço do coronavírus, principalmente após a emissão do Alerta, feita pelo governo do Estado na última quinta.

“Pelotas é o único município da região que está exigindo comprovante vacinal e testagem para entrar à noite nos locais que têm pista de dança ou show. Não tem nenhum outro município que esteja exigindo isso e o ideal é que a gente tenha medidas unificadas”, defende Roberta, que acrescenta que a questão está sendo organizada pela Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) e pelos prefeitos.