Pandemia
Máscaras de proteção estão 670% mais caras
No Hospital São Francisco, o aumento representa R$ 32,8 mil de acréscimos nas contas semanais da instituição
Em quatro meses, o preço de compra de uma máscara cirúrgica descartável disparou em 677%. Antes, na tabela de preços de fornecedores, a unidade do Equipamento de Proteção Individual (EPI) custava cerca de R$ 0,45; o preço subiu e hoje fica entre R$ 3,50 e R$ 4,00. O item se tornou um dos mais valiosos do mercado de produtos hospitalares, e a necessidade de compra vai além da área da saúde e chega às prefeituras, estabelecimentos e a população.
No Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP), o aumento de preços em produtos como máscaras, aventais, álcool líquido, luvas e sabonete alcança o patamar de R$ 175,7 mil de diferença. O impacto gera uma dificuldade em gerir a casa de saúde, conforme explicou o diretor de Assistência, Edevar Rodrigues, por meio da assessoria de comunicação. “Não fugimos a regra”, pontua. Nesse novo cenário, as receitas foram para baixo e os custos para cima, o que gera um “desequilíbrio no balanço operacional da instituição”, explicou. Por semana, 12 mil máscaras cirúrgicas descartáveis são adquiridas para o funcionamento do local, além de outras 500 do tipo pato, aquelas com encaixe diferente no rosto e com filtro acoplado para pequenas partículas.
A unidade da máscara do tipo pato, por exemplo, subiu de R$ 9,35 para R$ 59,00 - 531% de variação. Só nas máscaras, o acréscimo representa R$ 32 mil semanais. Outro produto de grande uso são as luvas. A remessa de compra, entre os tamanhos pequeno, médio e grande, envolvem 2,8 mil unidades. O valor gasto quase dobrou, passou de R$ 49 mil para R$ 83,9 mil.
O estoque da casa de saúde, apesar das dificuldades, segue abastecido. Ainda conforme explicou o diretor de Assistência do HUSFP, a entrega dos EPIs aos mais de mil funcionários segue as recomendações das autoridades sanitárias, com acompanhamento rigoroso do cenário epidemiológico local e regional. “Todos os setores estão sendo monitorados pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho do Hospital, além da regulação do comitê interno para enfrentamento do COVID-19”, afirmou Edevar Rodrigues.
Preço para os fornecedores também um forte reajuste
Quem trabalha com a venda desses itens também passa por dificuldades de manter os estoques cheios e as entregas em dia. Há 30 anos no ramo de distribuidoras de materiais hospitalares e para pesquisas, Paulo Moura, gerente de uma empresa fornecedora, conta que a tamanha procura pelos EPIs é atípica. “Se eu tiver 15 mil caixas de luvas, consigo vender. Não conseguimos mais manter um estoque”, explicou. A lista de pedidos de luvas descartáveis, por exemplo, chega a 40 mil caixas. E as encomendas e solicitações de orçamentos são de todos os ramos, incluindo as prefeituras de Pelotas e Rio Grande, hospitais e universidades.
Os materiais dos fabricantes também apresentam demora nas entregas, custando cerca de 20 dias a mais que anteriormente, além o aumento dos preços. Depois da primeira semana de março, quando os itens começavam a ficar escassos, os preços dispararam. “A cada consulta de preço, com base no dólar, os valores aumentavam”, lembra. Por consequência, os valores vendidos por aqui cresceram exponencialmente. A caixa com 50 máscaras descartáveis, por exemplo, custava R$ 9,00 e, atualmente, apenas uma unidade é vendida a R$ 4,50.
O ramo se tornou uma espécie de mina de ouro, todavia, consequências também são sentidas. Apesar dos aumentos no preço de venda, os valores de custo também são maiores. “É bom mas é ruim. Os impostos não baixam e nós recebemos a prazo”, ressaltou o proprietário. O recebimento das quantias ocorre cerca de 30 a 40 dias após as compras, o que impacta o funcionamento da empresa e o pedido de novos produtos.
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