Pesquisas

Mau hálito atinge 61% dos pelotenses

Problema foi identificado em pessoas com mais de 30 anos

Carlos Queiroz -

Um estudo realizado pelo programa de pós-graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) aponta que a existência de mau hálito em adultos na cidade é bem acima da média global. Conforme a dissertação de mestrado da cirurgiã-dentista Manuela Ferrari da Silva, 61% das pessoas acima de 30 anos reconhecem que sofrem do problema.

Para chegar a essa conclusão, a pesquisa levou em conta informações obtidas com 539 homens e mulheres que integram a coorte de nascimentos de Pelotas no ano de 1982. Durante os anos de 1997, 2006 e 2013 eles foram visitados e responderam a perguntas relacionadas a saúde bucal, acesso a serviços odontológicos e padrão socioeconômico. O objetivo era estabelecer uma possível relação entre o desenvolvimento do mau hálito e um fator gerador específico: a periodontite.

Com base nestes dados, além de identificar o elevado índice de mau hálito autodeclarado, isto é, em que os próprios indivíduos reconheceram ter o problema, o estudo apontou ainda que a existência da periodontite amplia em duas vezes a chance de desenvolver halitose. Para a autora do trabalho, o estudo é significativo porque, diferentemente de outros semelhantes, foi realizado com base em uma coorte de pessoas com diferentes características. “São amostras claras de uma população em geral, não apenas quem está procurando por serviço odontológico, como em outras análises do tipo”, explica Manuela.

Mais do que mostrar a abrangência do problema entre a população, a cirurgiã-dentista destaca que é fundamental quebrar alguns conceitos equivocados sobre o mau hálito. Dentre eles, o de que uma das principais causas seria a existência de problema gástrico. “É algo que se tem como uma verdade e está errado, pois 80% dos casos de halitose são gerados por problemas intraorais (dentro da boca).” O que reforça a necessidade dos cuidados com a higiene bucal desde cedo. A pesquisa indicou que 21% dos entrevistados aos 24 anos já tinham periodontite em algum grau (leve, moderada ou severa), o que tende a se agravar com o passar do tempo, caso não seja identificada e tratada. Tanto que, aos 31 anos, a incidência mostrada pelo estudo subiu para 34%.

Não é mau hálito matinal
Um dos pontos destacados pela pesquisadora é a necessidade de diferenciar a halitose identificada em seu trabalho científico de um odor bucal passageiro. “O mau hálito ao acordar pela manhã, por exemplo, é normal pela baixa salivação, mas some em seguida. Aquele que tem alguma patologia envolvida, como é o caso desse ligado à periodontite, será de difícil controle”, diz.

Professor de Odontologia e pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, Flávio Demarco lembra que a halitose não provoca apenas sérios constrangimentos sociais. Para o orientador do estudo, já existem evidências de que as complicações decorrentes da periodontite podem estar associadas e até agravar problemas sérios de saúde como obesidade, diabetes e doenças cardíacas. “Os próximos passos dessa pesquisa serão aprofundar estas relações e ver os impactos na vida social das pessoas”, projeta.

O que é periodontite?
É uma doença causada pelo agravamento do processo inflamatório na gengiva (gengivite), se estendendo para os tecidos que dão sustentação aos dentes. Além do sangramento, a periodontite inicial é percebida quando há o rompimento das fibras que unem a gengiva, o dente e o osso. Se não for tratada em estágio inicial, a periodontite pode fazer com que a gengiva se afaste do dente. Em casos avançados, o dente ficará frouxo e cairá, caso não seja extraído. O tratamento periodontal não é imediato e precisa de continuidade, com visitas frequentes ao dentista.

Como avisar a um amigo
Como o mau hálito ainda é um assunto constrangedor e nem todo mundo tem coragem de avisar a um amigo ou parente sobre o problema, a internet pode ajudar. A Associação Brasileira de Halitose (Abha) tem em seu site uma ferramenta chamada “SOS Mau Hálito”. Nela, é possível indicar de forma anônima o nome e o e-mail da pessoa que sofre do problema para que ela receba uma mensagem com informações sobre como tratar. O endereço é www.abha.org.br/sos-mau-halito.

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