Garantir uma recordação especial do primeiro Natal dos bebês e transmitir leveza em um momento de apreensão para os familiares. Esses foram os propósitos de um ensaio fotográfico realizado com os pequenos que passaram essa data na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal do Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP). As imagens dos filhos vestidos com trajes natalinos foram entregues como um presente surpresa para os pais nesta segunda-feira (25).

Entre muitos cuidados e atenção, parte da equipe de 34 profissionais que trabalham na ala de tratamento se dedicaram a vestir os pacientes com gorrinhos e calças vermelhas. As poses fofas ficaram por conta das estrelas do ensaio, os oito bebês prematuros que estão internados. Devido às normas mais restritas que há nas UTIs, não é permitido que os visitantes tirem fotos dentro do local. Em razão disso, a iniciativa batizada como “memórias de amor” é uma forma de garantir um registro nessa data tão especial. Além de aproximar os recém nascidos do restante dos familiares, como irmãos, avós e tios, que anseiam por estar perto deles. 

 Um dos bebês que está na UTI Neonatal é o Rapha. Nascido em 16 de dezembro, desde então ele está internado devido a sua chegada ao mundo dois meses antes do tempo normal. Ansiosos e preocupados, os pais e a avó do bebê passam boa parte do dia na porta da ala de tratamento.

 A mãe coruja, Aline Gabriele Mendes, conta que assim como descreve o significado do nome do filho, a criança foi um “presente de Deus”, após quatro anos de tentativa de engravidar. “Rapha significa: Deus curou e como a gente não podia ter filhos, Deus nos deu Rapha. Ele ia nascer em fevereiro, mas ele veio prematuro só pra nascer perto do Natal”, conta emocionada.  

A massoterapeuta diz que o maior desejo da família é que o menino pudesse passar seu primeiro Natal em casa, onde tudo já está preparado há meses para a sua chegada. Mesmo assim, eles estão gratos pelas boas condições de saúde que o pequeno tem apresentado. “É complicado essa época de Natal a gente ter que passar aqui na UTI e eu brinco que ele é nosso boneco de vitrine porque a gente só pode olhar, não pode pegar, mas mesmo assim a gente é grato porque cada dia ele vem evoluindo”.

Humanização e conexão

A coordenadora da UTI Neonatal, Márcia Anderson, explica que geralmente os dez leitos do espaço de tratamento estão sempre preenchidos e em sua maioria por bebês que nasceram prematuros. “Os bebês têm um tempo muito variável de internação porque depende da idade gestacional, um bebe muito prematuro às vezes fica até três meses internado”, detalha. 

 Mesmo assim, a pediatra conta que na época do Natal, as internações são ainda mais angustiantes para os familiares, então o ensaio fotográfico foi um meio de levar esperança e conforto para eles. “Natal é uma época que remonta esperança e esses bebezinhos aqui estão longe da presença da família, então é uma maneira de humanização para trazer um pouco de alegria para esses pais”.

 A médica ressalta ainda que há profissionais sempre presentes nos cuidados dos pequenos. “E a presença dos pais é permitida 24 horas, mas é diferente de estar em casa junto com a sua família. Mas é um momento necessário para que eles consigam atingir as condições de saúde plena para terem alta”.