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Além da educação, muitas escolas públicas ainda são responsáveis pela alimentação balanceada de crianças e adolescentes. A fim de abraçar as famílias em situação de vulnerabilidade social, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) determinou ontem a distribuição da merenda - aquelas com as compras e entregas previamente programadas - aos alunos. Os kits alimentícios são compostos pelos mais diversos produtos e, segundo a 5ª Coordenadoria Regional de Educação (5ª CRE), cada escola deve se organizar de forma independente com base na realidade dos matriculados na rede estadual de ensino

Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Profª Lelia Romanelli Olmos, localizada no bairro Areal, a equipe diretiva trabalha no planejamento das doações e a expectativa é de alcançar em torno de 30 famílias. Por meio dos dados de cada um dos alunos a escola verifica a renda familiar, se os responsáveis possuem ou não vínculo empregatício e demais informações, como irmãos e parentes que também estão matriculados no educandário e fazem parte do núcleo familiar. "São famílias em situação de risco, com os responsáveis desempregados, autônomos e catadores de materiais recicláveis", explicou Alma Cristina Pinto, diretora.

A escola possui cerca de 180 alunos, entre seis e 14 anos, distribuídos em nove turmas de 1º a 5º ano. Grande parte dos estudantes mora nas localidades do Vasco Pires, Figueiras e Dunas, os 'fundos' do Areal, como é popularmente conhecido. Os kits da merenda vão conter itens básicos, explica a diretora, como arroz , feijão, açúcar, óleo, biscoito, leite, achocolatado e macarrão. A distribuição é feita de acordo com o estoque disponível, uma vez que os produtos não foram utilizados após a suspensão das aulas da rede estadual. Fora os alimentos, produtos de higiene também serão entregues aos professores e funcionários em contato com os itens, como máscaras, luvas e álcool gel. As compras são feitas através das verbas provenientes do Plano Nacional de Alimentação, somado a uma complementação dada pelo Estado do RS das verbas do ano anterior.

A escola, no entanto, passa pela dificuldade de listar todos os alunos em situação de vulnerabilidade social. "É difícil fazer uma distribuição assim sem que alguém fique de fora. Os dados que temos dependem de quando os responsáveis fizeram a matrícula dos alunos e atualizaram essas informações. Os que estavam empregados podem não estar hoje", ressaltou Alma Cristina. A atualização das matrículas ocorre em dezembro e fevereiro. Apesar desse obstáculo, os professores ajudam na organização listando os alunos aptos a receberem as doações, com base no contato anual que possuem com as famílias.

A coordenadora da 5ª CRE, Alice Maria Szezepanski, salienta: cada escola possui a própria realidade e singularidades, e com base nisso, deve organizar as doações. Desde a suspensão das atividades escolares, há duas semanas, a rede estadual trabalha em formas de evitar aglomerações para distribuir os kits. A compra das merendas na rede é feita de forma programada e, semanalmente, a escola recebe os alimentos. "Existe uma entrega para ser feita. E outra que, se não está ainda, em breve vai pro estoque", explica. A quantidade de produtos e como serão entregues é responsabilidade da escola, organizada a partir das limitações internas.

Muitas estavam retornando do período de férias escolares quando as aulas foram suspensas, por conta dos calendários diferentes, o que também implica na merenda e nos estoques de alimentos. O decreto de calamidade pública estadual foi publicado em 19 de março e, até então, tem validade sob todo território gaúcho. Até que ocorram mudanças, a medida segue valendo para os educandários da rede, explicou a coordenadora. "Para algumas famílias a existência da merenda é a grande alternativa. É uma ação solidária da escola para aqueles que estão tão vulneráveis nesse momento difícil", completa.