Linhas

Moradores da Z-3 criticam o transporte

Queixas são direcionadas à diminuição de horários e mudanças repentinas de trajetos

Jô Folha -

O relógio marca 8h05min quando o ônibus parte da Colônia de Pescadores Z-3, zona rural de Pelotas, rumo ao Centro. Todos os bancos já estão ocupados. Há cinco meses, para quem trabalha na cidade, este é o último horário possível para chegar antes das 9h ao destino. A linha das 8h15min foi cancelada. Segundo a Secretaria de Transporte e Trânsito (STT), não havia demanda suficiente de usuários para manter o horário. A medida gera desconforto entre os moradores da comunidade, que ainda reclamam do estado dos veículos e da falta de outros horários para o deslocamento. A linha acompanhada pela reportagem, segundo dados da STT, transporta uma média de 77 a 79 passageiros por dia e os moradores reclamam de superlotação.

Quando o ônibus sai da comunidade, alguns passageiros já estão de pé. O trajeto leva em torno de 50 minutos até a última parada no Centro. A medida de diminuir o valor das passagens veio em conjunto com a alteração da idade da gratuidade para idosos, que era de 60 anos e passou a ser de 65. A diminuição do valor da passagem agradou os moradores entrevistados, já que possibilita mais oportunidades de trabalho e facilidades de locomoção. No entanto, desagradam o estado de conservação dos coletivos, os poucos horários disponíveis e mudanças de trajeto sem a devida comunicação aos passageiros.

“O horário das 8h15min foi tirado depois que baixou a passagem. Ele fazia o trajeto pela Ferreira Viana, onde trabalho, e este vai pela Domingos de Almeida” conta Jaqueline Ferraz, que agora precisa caminhar mais para chegar ao trabalho.

Outro ponto negativo reforçado pelos usuários é a falta de acessibilidade para cadeirantes. Segundo eles, a região só é atendida por veículos comuns: sem elevador para cadeirantes e totalmente preenchido de bancos nos dois lados, diferentemente da maioria dos veículos das linhas urbanas.

De acordo com o agente de trânsito e integrante da equipe de fiscalização do transporte coletivo, Marcos Storch, o modelo sem acessibilidade seria de veículos reservas, utilizados quando outros estão em manutenção e eles não seriam utilizados no dia a dia da linha.

Protesto por melhorias
As más condições dos carros e a redução de linhas já foram motivo de protestos. No começo do mês passado, moradores se dirigiram à frente da empresa, na avenida Adolfo Fetter, para pedir melhorias. Josiana Danda, moradora da Z-3, estava no ônibus naquela noite. Segundo ela, o ônibus estava tão lotado que alguns passageiros aguardavam nas paradas e não puderam subir devido à superlotação. A média de intervalos entre um ônibus e outro é de uma hora. “Uma turma de guris estava jogando bola numa quadra próxima da ponte e foi deixada para trás, o que revoltou a gente”, relembra a usuária.

O agente Storch esclarece que a STT está ciente da situação e já notificou o consórcio para adicionar um veículo no horário das 17h40min. Esta linha já parte da primeira galeria com superlotação. Ele informa que o CTCP e uma indústria da avenida Domingos de Almeida já estariam em tratativas para conciliar a saída de trabalhadores em horários de transporte. “Quando isso acontece durante três a quatro dias seguidos, entramos em contato com o consórcio para incluir veículos. Mas isso depende de denúncias que recebemos e dos dados da bilhetagem eletrônica”, explica. No dia do protesto, informa Storch, muitos trabalhadores da indústria foram liberados ao mesmo tempo, o que teria gerado o problema.

Outra reclamação é sobre o trajeto do horário das 22h30min, no sentido Centro/Colônia. Atualmente o ônibus percorre a avenida Ferreira Viana e, garante o agente, será deslocado para a Domingos de Almeida, justamente para atender à demanda dos trabalhadores. Sobre a volta do horário das 8h15min em direção ao Centro, Storch informou que depende da demanda de passageiros.

“Esmeril de ônibus”
As mudanças de itinerários e os horários são estabelecidas pela STT, responde já nas primeiras perguntas o diretor do Consórcio do Transporte Coletivo de Pelotas (CTCP), Enoc Guimarães. A Secretaria é responsável pela fiscalização do sistema de transporte público municipal. “Baixou a tarifa e hoje o limite de idade dos ônibus é de dez anos. Antes as empresas colocavam veículos velhos que não podem ser usados no consórcio”, comenta. Outro fator necessário nesta conta, lembra o diretor, é a estrada de acesso à comunidade, classificada por Enoc como “esmeril de ônibus”, submetendo a mais manutenção e reparos os coletivos. “Não dá pra comparar um ônibus que vai andar lá com um que vai andar na Duque (de Caxias), por exemplo”.

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