A dificuldade de locomoção é uma questão rotineira para muitos moradores do loteamento Vasco Pires, no bairro Areal. No entanto, para quem reside na rua Fagundes Varela, a situação é ainda pior. No local, assim como nas vias paralelas, os buracos somados ao barro e a alagamentos impedem a mobilidade adequada inclusive de pedestres. Além disso, a falta de infraestrutura também é presente no tratamento de esgoto e a carência de acesso à eletricidade.

Assim que a chuva desta sexta-feira (18) cessou durante a tarde, o morador Josué Rodrigues aproveitou para arremangar a barra das calças e, com um enxada, cavar uma espécie de trilha para que água que estava acumulada escorresse de maneira mais rápida. O alagamento entre a Fagundes Varela e a esquina de outra via, que impede a passagem a seco, não é a única preocupação do perfurador de poços. Tem ainda os acidentes com veículos que já ocorreram no local. "Sempre foi assim e está cada dia piorando mais, aqui já andou caindo carros e atolando." Isso porque em razão do canal de esgoto estar encoberto por vegetação, os condutores tentam desviar do trecho em cima dela. "O pessoal opta por passar aqui e caem aqui na valeta que é funda, é preocupante."

Não são poucas as valetas obstruídas por plantas e por resíduos. Além da deficiência de saneamento básico na localidade, a falta de limpeza dos canais de esgoto a céu aberto contribui para o alagamento da rua. Quando há chuva mais intensa, é comum os resíduos encontrarem a água acumulada dos buracos. "A última chuva que teve aqui encheu todinha a casa do meu irmão porque é baixa, é difícil ter manutenção aqui", relata a dona de casa Roseli Soares. Sobre os serviços de infraestrutura, a moradora afirma que apenas um funciona. "Eles só vêm tirar o lixo".

Os prejuízos materiais em razão das péssimas condições da via também é motivo de reclamação de outro morador. "Vou ter que fazer a suspensão do meu carro porque detonou tudo." Indignado com a situação, o pedreiro Fabiano Alves diz que solicita o patrolamento da rua constantemente, mas que a demora para a realização do serviço de recuperação chega a até três meses. "É um total descaso da prefeitura com nós moradores dos bairros. Tem, buraco, água e lama."

Falta de eletricidade
Aliado à carência de serviços básicos como a infraestrutura adequada da via e do esgotamento sanitário, na Fagundes Varela também há moradores sem acesso a energia elétrica em suas casas. Cerca de cem famílias que residem no final da rua. Para contornar a limitação desse item básico, as pessoas improvisaram estruturas de madeiras semelhantes a postes e puxam a eletricidade do início da via. "Falta tudo aqui, não tem nem luz, um barreiro, só saindo de bota de borracha", comenta o morador, José Carlos Soares. Já o líder comunitário Carlos Girão diz que entrou com uma notícia de fato no Ministério Público pedindo para que a CEEE Equatorial realize a extensão do serviço. "É um perigo, olha as redes, imagina cem famílias pegando a energia de uma fase."

O que dizem Prefeitura e CEEE Equatorial
Conforme o secretário de Serviços Urbanos e Infraestrutura, Fábio Suanes, a pasta mantém uma rotina de manutenção das ruas não pavimentadas em toda a área urbana da cidade, tendo como prioridade as vias nas quais passa o transporte coletivo. "Após atender às ruas do transporte coletivo e dentro da capacidade estrutural e de pessoal da secretaria, buscamos garantir a manutenção periódica nas demais vias, como tem acontecido na Fagundes Varela."

Já sobre a falta de rede elétrica, a CEEE Equatorial diz que irá analisar a condição de execução da obra de extensão na via, assim como realizará um contato com a Prefeitura de Pelotas para verificar se a área é pública (regularizada para receber rede) ou privada (neste caso, os custos de expansão ficam a cargo dos clientes).