Alerta

Mortalidade infantil volta a subir em Pelotas

A taxa preliminar deste ano segue baixa se comparada à média histórica mas é maior que a do ano passado

Depois de alcançar um número extremamente satisfatório em 2017, a taxa de mortalidade infantil voltou a crescer em Pelotas. Os dados preliminares da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que levam em conta os seis primeiros meses deste ano, revelam 11,56 mortes a cada mil nascidos vivos. No ano passado, a taxa foi de 9,9/1.000. Apesar disso, o índice segue menor do que a média dos últimos dez anos, de 13,5/1.000.

A explicação para o aumento pode estar no alto índice de prematuridade provocado pelos partos gemelares. "Neste ano, o número de partos de gêmeos cresceu bastante", aponta a diretora de ações em saúde da SMS Eliedes Ribeiro. Ela explica que este tipo de operação é mais complicado e com mais riscos. Até o fim de junho, 24 prematuros extremos (nascidos até a 30º semana de gestação) engrossaram o índice de mortalidade infantil na cidade. Em todo o ano passado, foram 16.

Por outro lado, as mortes por malformações devem diminuir neste ano. Em 2017, nove crianças de até um ano perderam a vida por esse motivo. No primeiro semestre de 2018, apenas um caso foi registrado. Eliedes ressalta que os dados são preliminares e a situação pode mudar até o fim do ano. "Este é o tipo de coisa que não conseguimos prever", pontua.

Bom exemplo

No Hospital-Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), uma das referências materno-infantil da região, a realidade é diferente. O índice de mortalidade infantil está diminuindo a cada ano. Em agosto, por exemplo, o hospital não registrou nenhum caso. Os fatores de risco, como a prematuridade, não deixaram de existir. "Pelo contrário, temos nenês cada vez menores", completa a médica neonatologista Maria Amália Saavedra.

O motivo para resultados tão satisfatórios é a qualificação dos servidores. Nas salas de parto, todos os profissionais são neonatologistas - especialistas em crianças com até 28 dias de vida. Parte da equipe multidisciplinar que trabalha no hospital também tem formação específica na área. "Temos oftalmologistas, fonoaudiólogos e fisioterapeutas que são neonatologistas", exemplifica a médica.

De acordo com Maria Amália, contar com profissionais especializados faz toda a diferença, principalmente, na primeira hora de vida do bebê. "Essa equipe sabe exatamente o que fazer em cada caso", comenta. Além disso, o corpo clínico do hospital investiga minuciosamente os óbitos para entender o que aconteceu e quais atitudes poderiam ser diferentes. "Estamos sempre em busca do conhecimento", fala.

Outra estratégia do hospital para tentar diminuir o índice de mortalidade entre os prematuros é simular o ambiente intrauterino. A cada turno, a UTI pediátrica passa 30 minutos com as luzes apagadas e em total silêncio. É o "momento psiu!", que ajuda no desenvolvimento neurológico do bebê. Evitar o manejo excessivo desses bebês é outra atitude adotada. "Eles deveriam estar dentro do útero e, por isso, podem estranhar o toque", explica Maria Amália.

Uma campanha iniciada dentro do HE pretende aproximar as mães de seus nenês prematuros. O medo de perder os filhos, por vezes, faz com que elas se afastem instintivamente da criança. A atenção, por outro lado, é um dos fatores que contribuem para aumentar as chances de o pequeno sobreviver. Neste cenário surgiu a "boneca do apego". O produto é uma meia de bebê recheada de algodão que tem o cheiro da mãe. "Isso dá tranquilidade para a criança e agrega a mãe neste processo de cuidar do seu filho", justifica a médica.

Contribua!

O Hospital-Escola da UFPel precisa de meias novas de recém-nascido para confeccionar as bonecas do apego. Doações podem ser feitas diretamente no HE, na rua Professor Araújo, 538.

 

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