História
Museu da Baronesa completa cinco meses fechado
Quando o assunto em pauta é a sede definitiva à reserva técnica - há três meses acomodada no Salão Dona Sinhá - não há projeções
Jô Folha -
O aviso de fechamento por tempo indeterminado segue afixado na porta de entrada. Desde o início de dezembro. A expectativa, entretanto, é de que o Museu da Baronesa reabra ao público em junho, ainda durante o período da Feira Nacional do Doce (Fenadoce), que se estende até o dia 12. A informação foi confirmada na terça-feira pela diretora Annelise Montone. Quando o assunto em pauta é a sede definitiva à reserva técnica - há três meses acomodada no Salão Dona Sinhá - não há projeções. O caso, inclusive, foi parar no Ministério Público (MP), que abriu expediente para investigar as condições em que está o acervo.
Para o Museu voltar a receber visitantes, todavia, falta pouco. As atenções devem se dividir entre quatro medidas: a limpeza dos forros, a pintura da chamada Sala Verde - que deve transformar-se em recepção - e o enceramento do piso recém-trocado neste mesmo ambiente. A organização da exposição permanente também é imprescindível, já que durante a obra - que também incluiu o reparo de infiltrações - o acervo foi agrupado e colocado embaixo de lonas pretas.
Agora, resta torcer para as peças, que contam um pouco da história e da maneira de viver das famílias abastadas do século 19 em Pelotas, estarem novamente à disposição da comunidade. Sejam turistas sedentos por informação. Sejam moradores curiosos em conhecer um pouco mais do que se passou por aqui.
Reserva técnica à espera
Uma denúncia de más condições de conservação chegou ao Ministério Público (MP), gerou visita ao local e deverá se transformar em Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Um ofício a ser enviado à prefeitura irá solicitar a apresentação formal do projeto que prevê a criação de um espaço específico e definitivo para a disposição da reserva técnica, que corresponde a aproximadamente 70% do acervo do Museu.
“É possível perceber que tanto a Casa Azul, onde a reserva estava guardada antes, como o Salão em que está agora, possuem problemas estruturais”, afirmou o promotor Rodrigo Brandalise, na tarde desta quarta, ao se referir a sinais de umidade, infiltração e goteiras. Daí a importância das duas medidas que estão por vir: um novo encontro com professores e pesquisadores que encaminharam a denúncia - e podem auxiliar na avaliação técnica de eventuais prejuízos aos materiais - e o conhecimento oficial do projeto. De preferência, com cronograma que demonstre o compromisso em sair efetivamente do papel.
Ao se manifestar, a diretora do Museu voltou a defender que o local é provisório e garantiu que todas as providências serão tomadas para a solução definitiva ocorrer o mais rápido possível. Annelise Montone admitiu que os reparos em um dos cantos do Salão ainda dependem de complementação; em mais uma das tantas vezes em que o Casarão passa por manutenções pontuais. “Estamos sempre atentos, sempre monitorando. Como era um local que já tínhamos conhecimento que havia uma goteira, não havia acervo embaixo”, argumentou.
E sustentou que a reserva técnica recebe um olhar diário. Recebe ventilação diária, para tentar suprir a falta de climatização. O objetivo, ao menos, é evitar a ação de traças e a disseminação de mofo; difícil diante de tanta chuva e de variações de temperatura.
Nos planos
O prédio que se transformará em abrigo definitivo à reserva técnica do Museu da Baronesa deverá possuir 150 metros quadrados de área construída. É o que está previsto. O projeto arquitetônico está pronto, mas ainda faltam os projetos complementares e o orçamento final.
Duas fontes de recursos devem ajudar a viabilizar os planos. Em torno de R$ 335 mil, já aprovados, serão oriundos do Fundo Municipal de Proteção e Recuperação Ambiental, através do qual outros R$ 115 mil serão destinados à reforma da nova sede da Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA). “É uma permuta justa que fazemos, porque a reserva técnica deixou a Casa Azul”, destaca Fabrício Tavares, assessor especial do secretário Felipe Fernandes.
O valor de uma multa ambiental, fixada em R$ 327 mil, também será canalizado à revitalização do parque da Baronesa, conforme estabelecido em acordo com a Promotoria e o Poder Judiciário. Aproximadamente 10% serão aplicados na elaboração de projetos e o restante será direcionado à fase de execução.
São negociações que tornam mais próxima a possibilidade de a proposta se concretizar. Enquanto isso, a maior parte da reserva está improvisada no Salão Dona Sinhá, onde eram realizadas iniciativas, como o Música no Museu. Na Casa Azul, permanece apenas o chamado arquivo deslizante. São peças, como sapatos, cartas, documentos, chapéus e vestidos (dispostos em prateleiras) acondicionados em armários de aço. Uma situação preocupante, ainda que temporária - já defendiam, no final do ano, especialistas que não recomendavam a remoção do acervo.
Para a diretora, o momento é de “olhar para frente”. E apostar nas obras que estão por vir. Só não se sabe a partir de quando.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário