Cultura

Música para manter o Mercado vivo

Artistas da cidade organizam protesto para o sábado contra a medida de limitar apresentações musicais no Mercado Central

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(Foto: Gabriel Huth - Especial - DP)

O final de semana será de silêncio no Mercado Central de Pelotas. E assim tem sido desde a proibição de apresentações musicais que não sejam apenas voz e violão nos bares, pátios e restaurantes. A ordem partiu do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS). Neste sábado, músicos de diferentes ritmos e instrumentos se reúnem no local a partir das 18h, para fazer um protesto silencioso. O intuito é chamar a atenção para que o caso seja revisto e a música volte o Mercado, que se tornou um símbolo da cultura e da música popular de Pelotas.

Os problemas começaram com a proibição do Sexta Black, e após o cancelamento de uma apresentação do grupo Amigos do Sereno, de samba, um dia antes de ocorrer o evento, no final de março. Desde então, músicos e movimentos se uniram para reivindicar que o Mercado continue cumprindo seu papel cultural e popular nos pátios internos e nos bares, que se tornaram um grande ponto de encontro dos pelotenses.

“O Mercado é nosso”
Logo que foi reaberto, houve dificuldades para ocupar as bancas e introduzir o Mercado novamente no cotidiano da cidade. Passou a ser habitado pela população através de eventos culturais, avaliam alguns frequentadores, músicos e até permissionários de espaços, que sentiram o movimento aumentar. Sejam rodas de samba, apresentações no largo Edmar Fetter ou em bares - algumas até organizadas pelo poder público municipal -, o Mercado se tornou um ponto vivo da cultura popular, avalia Emerson Nunes, um dos integrantes do movimento O Mercado é nosso.

Emerson cita grupos como Renascença, Amigos do Sereno, Fuzuê e Clube do Choro, que se tornaram tradicionais naquele ambiente. “A gente pede que cada um que puder vir e trazer seu instrumento no sábado, vamos reunir todo mundo pra fazer um protesto silencioso”, explica.

Integrante do Amigos do Sereno, Wagner Lopes, acredita que os problemas tenham raízes na formação da cidade e o histórico na relação com a população negra e moradores da periferia. “São ritmos que por si só já tem um apelo popular e alguns permissionários não querem a periferia lá dentro”, critica o músico. O sambista comenta que o Mercado é um espaço democrático, onde as diferenças devem ser aceitas e o convívio deve ser respeitoso. Os eventos do Amigos do Sereno, lembra, terminavam por volta das 21h.

Prefeitura quer equilíbrio
Dentro da prefeitura, a responsável por gerir o Mercado Central, o tema é tratado por uma comissão que busca um equilíbrio entre permissionários, músicos e moradores do entorno. O assessor especial da prefeita, Fábio Machado, garante que está sendo feito um regramento para as apresentações e estão sendo colhidas assinaturas dos permissionários do local.

“Tem que haver um equilíbrio entre os eventos culturais, permissionários e moradores do entorno”, comenta. Uma proposta de regramento para apresentações no espaço é confeccionada na prefeitura. O documento poderá ser entregue na próxima semana ao MP-RS. “Esperamos fazer uma composição amigável”, diz Machado. Conforme o assessor, é desejo da prefeita que continuem as apresentações musicais no local. Há dúvidas se a medida se estende a eventos como Virada Cultural e Festival Internacional de Música do Sesc.

O que diz o Ministério Público
A questão surgiu na promotoria do Ministério Público, através de reclamações dos moradores do entorno, diz o promotor André de Borba. Até ele chegou um abaixo-assinado com reclamações referentes ao barulho. Sem saber ao certo quantas assinaturas eram contidas no documento, André diz ser uma quantidade considerável. Um acordo foi articulado com as secretarias municipais responsáveis pelo Mercado Central - Secretaria de Cultura (Secult) e Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação (Sdeti). “É um acordo provisório até que a gente reexamine”, relata. No entanto, ainda não há uma previsão para esta reavaliação do MP. Até que isso ocorra, ficou determinado que apenas apresentações de voz e violão poderão ser executadas no espaço público.

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