Criança e adolescente

Naca busca mais espaço

Núcleo de Atenção à Criança e ao Adolescente vai resgatar campanha para arrecadar dinheiro e material de construção

Jô Folha -

Há oito anos o Núcleo de Atenção à Criança e ao Adolescente (Naca) adquiriu um terreno em Pelotas para construir a sede própria, mas a obra sempre andou a passos lentos, até ser interrompida, em 2014, por falta de recursos. Nos últimos dois anos foi feito apenas o fechamento de esquadrias para impedir a continuidade de invasões. Mais exatamente em 2015. De lá para cá nenhum tipo de serviço foi possível. Doação por parte do Ministério Público Federal do Trabalho de R$ 120 mil, resultantes de multas, deve subsidiar a mão de obra para retomar os trabalhos, mas é preciso mais e a campanha para arrecadar dinheiro ou material também será resgatada.

O Naca atende crianças e adolescentes vítimas de violência de toda a região e atua em um prédio alugado. A mudança para um local maior significaria ampliar as atividades proporcionadas aos menores, que atualmente não podem ser feitas por falta de espaço. Mas, por enquanto, apenas as paredes foram erguidas e colocada a cobertura. Carga de areia foi depositada no chão ainda sem piso para amenizar a grande quantidade de dejetos que havia no local, frequentemente ocupado por moradores de rua e usuários de drogas. Até fogo atearam lá dentro, conta a vice-presidente do Naca, Leda Chiattone Martins.

O Naca mantém atendimento a uma demanda estável, formada por menores a partir de três anos e até os 18, encaminhados pelo Juizado da Infância e Juventude, Delegacia da Criança e do Adolescente, Conselho Tutelar e Promotoria da Infância e Juventude. São crianças e adolescentes em medida de proteção que passam por avaliação, diagnóstico da situação, indicação e aplicação de tratamento. Além de receber o público-alvo, o Núcleo dá atenção também aos familiares, por meio de grupos e oficinas.

A presidente do Naca, Gisele Scobernatti, ressalta que muitos casos, no entanto, são encaminhados por alguns órgãos e pessoas de forma equivocada, como de adolescentes infratores, dependentes químicos ou com transtorno de humor. Os focos do Naca são a criança e o adolescente vítimas de violência. Quando se fala em abuso sexual, que ainda continua sendo o maior número de casos atendidos, o pai é o que mais abusa, seguido de padrasto. O que não contraria a ocorrência de casos com outros abusadores. R.R., 43, conta que a filha, agora com 18, foi vítima de estupro aos seis anos. O crime teria sido cometido pelo ex-genro. “Ela está se recuperando”, comenta, ao se referir à jovem e ao longo processo pelo qual passou.

Desde o ano passado também passou a atender o homem agressor, por meio de parceria com o Centro de Referência da Mulher e o Juizado Especial da Violência Doméstica. “A gente percebeu que têm crianças inseridas no contexto da violência contra a mulher, pois muitas vezes testemunham”, comenta Gisele.

Segundo ela, o Naca criou grupos de intermediação para atender os casais que se separam, emocionalmente não se desvinculam e usam os filhos para se atingirem. Casos como esses têm crescido e influenciado o ranking de atendimentos.

Nos últimos dois anos, o Naca conseguiu inserir os menores atendidos na prática de artes marciais e na última semana a primeira turma foi graduada. “Foi um projeto que deu muito certo”, salienta Gisele, ao se referir à proposta desenvolvida em parceria com a Academia Mota. A ideia é ampliar as opções e viabilizar práticas artísticas, com aulas de dança e teatro, produção de horta e jardinagem, culinária, entre outros. Por isso, a conclusão da obra da sede própria é importante, visto que lá terão espaço para novas ações.

#O que falta para concluir a obra 
Piso
Esquadrias
Instalação hidráulica
Instalação elétrica
Sanitários
Acabamento

#Como ajudar
Para doar material de construção ou ajudar com mão de obra, entrar em contato na sede atual do Naca, na rua General Telles, 517, ou pelo telefone (53) 3025-6771

Para doar qualquer quantia a pessoa deve depositar no Banrisul, agência 0320, conta corrente 06117471-05

*A nova sede em fase de construção fica situada na rua Barão de Santa Tecla, 94.

#Estrutura
O Naca funciona de segunda a sexta-feira, das 8h ao meio-dia e das 14h às 18h. Está localizado na rua General Telles, 517. O prédio é locado, tombado pelo Patrimônio Histórico da União, está em bom estado de conservação, tendo sofrido algumas adequações às necessidades dos atendimentos. Constituído de salas de administração, recepção, espera, equipe técnica, atendimento individual e de grupos, miniauditório para capacitações, brinquedoteca e ainda uma pequena cozinha.

#Incidência
Casos de abuso sexual, que há dois anos respondiam por 90% dos atendimentos, hoje representam 42%.

Aumentou o número de casos de abuso psicológico, ou seja, de menores que testemunham violência, passam por situações de xingamentos, humilhações e abandono. A síndrome de alienação parental também se encaixa como abuso psicológico e ocorre quando os pais se separam e não conseguem processar a separação, utilizando a criança para atingir o outro. Tal comportamento reflete no futuro dos filhos, que tendem a desajustes emocionais. Abandono emocional (crianças que não têm carinho e não são cuidadas) também é abuso psicológico.

#Tratamento
Atendimento às vítimas e aos familiares
Avaliação, diagnóstico e tratamento de situações de abuso sexual, maus-tratos e negligência envolvendo crianças e adolescentes. O atendimento destina-se a todo grupo familiar.

#Atendimento a abusadores sexuais - destinado à avaliação
Diagnóstico e tratamento de adultos e adolescentes protagonistas do abuso sexual, na condição de vitimizadores e que tenham sido encaminhados, sobretudo pela Polícia, Justiça e Ministério Público. Trata-se de uma ação que pretende em um só tempo ser terapêutica e também preventiva, no sentido de que não haja reincidências.

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