Pesquisa

Nível de aprendizado está ligado ao desenvolvimento de doenças cardíacas

Estudo da Epidemiologia indica que educação está ligada às chances de desenvolvimento de problemas de coração

Carlos Queiroz -

Quanto mais você estuda, menores são as chances de sofrer um infarto, um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou qualquer outra doença cardiovascular. Esse é o resultado de um estudo realizado em colaboração entre universidades internacionais e a Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Para chegar a essa conclusão, durante um ano pesquisadores analisaram dados genéticos relacionados à predisposição a diferentes níveis de escolaridade.

De acordo com Fernando Pires Hartwig, doutorando da Pós-Graduação em Epidemiologia e colaborador do estudo liderado pelas universidades de Oxford, Londres (Reino Unido) e Lausanne (França), o trabalho se baseou em informações de 543 mil pessoas de diferentes nacionalidades, o que garante vantagens em relação a outras observações sobre o tema.

A pesquisa aponta que a cada 3,6 anos de escolaridade, as chances de desenvolvimento de doenças cardiovasculares caem em 33%. No entanto, alerta o estudo, a diminuição dos riscos não é linear. "É como se uma pessoa que fez todo o Ensino Médio tivesse um terço a menos de possibilidade de complicações que outra que não fez", explica o pesquisador da UFPel. Ou seja, frequentar instituições de ensino por dez anos, por exemplo, não garante probabilidade 90% menor de sofrer com estes males.

Essa redução nas chances de problemas de saúde conforme o grau de instrução formal já havia sido apontada em estudos anteriores. No entanto, a utilização de 162 variantes hereditárias - ao invés de uma simples relação socioeconômica - elimina possíveis distorções, acredita Hartwig. "Trabalhamos com pessoas ricas, pobres, diferentes grupos. Isso deixou de lado fatores econômicos e de oportunidades de acesso a ensino e saúde que poderiam influenciar no resultado."

Apesar do trabalho ser considerado importante cientificamente a ponto de ter ganhado destaque no British Medical Journal, uma das mais importantes publicações médicas no mundo, os pesquisadores ainda não definiram claramente de que forma as variações genéticas influenciam na escolaridade. Contudo, Hartwig ressalta a importância do acesso à educação. "Os resultados são bem consistentes e mostram os benefícios de uma melhor educação, da importância do acesso universal a oportunidades", conclui.

Mais educação, menos fumo e obesidade
Além da redução no risco de problemas cardiovasculares, a pesquisa mostrou também que o acesso à educação diminui consideravelmente também as chances de tabagismo e obesidade.
A cada 3,6 anos de escolaridade, também melhoram os níveis de triglicerídeos no sangue e de colesterol HDL, conhecido como o colesterol bom".

Redução de um terço no risco de doença cardiovascular
Chance 35% menor de tabagismo
Menor propensão à obesidade: redução de 0,7 kg/m2 no IMC (Índice de Massa Corporal)
Níveis mais saudáveis de triglicerídeos no sangue: redução de 12,3 mg/dL
Níveis mais saudáveis de colesterol HDL: aumento de 5,8 mg/dL no "colesterol bom"

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