Acostumado a carregar pessoas no banco de trás em viagens por aplicativo, a sexta-feira (25) foi para Jeferson da Motta Duarte carregar amigos para o resto da vida em agradecimento pela solidariedade. Em torno de 30 colegas motoristas de aplicativo se uniram para reconstruir a casa de sua mãe, que pegou fogo na última quarta-feira. Localizado no bairro Navegantes próximo ao Campo do Osório, o imóvel ficou totalmente destruído com o sinistro.

A sexta-feira foi de tirar as mãos do volante e colocar as mãos na massa. Uma fila de carro se formou na Travessa 4, onde fica a casa. Enquanto um enchia carrinhos de terra para aterrar, outro mexia a massa e outro rebocava uma parede. E foi unindo forças e o pouco que cada um sabia que as paredes iam sendo levantadas, rebocadas e a casa ganhando novamente cara de moradia.

Membros de dois grupos de Whatsapp, o Union e o AutoUbers, se uniram pela causa. Já na quarta-feira, quando o imóvel pegou fogo, os motoristas foram até o local prestar apoio à família atingida. O fogo começou num curto circuito na rede elétrica do imóvel.

"A gente não tem nem palavras para agradecer a ajuda que estamos recebendo. O pouco que a gente tinha se perdeu", relata Jeferson. Ele é motorista há cerca de um ano. Faz menos de dois meses que ingressou no grupo, considerado já como uma segunda família. Na casa morava sua mãe, Nara Regina, além de sua irmã e quatro crianças, entre três e sete anos. O gesto dos colegas, avaliou Jeferson, são daquelas atitudes que o dinheiro não paga, e apenas a amizade e a solidariedade são capazes de retribuir.

União e ação
A criação do grupo tem origem na segurança e na solidariedade. Com quase 100 membros, são quase 20 mulheres. Quando o endereço da viagem é considerado perigoso, os próprios motoristas compartilham sua localização em tempo real durante todo o trajeto. "A gente costuma dizer que aqui ninguém dirige sozinho. Qualquer coisa, pedimos ajuda no grupo e logo alguém aparece", conta Márcia, motorista e integrante do Union.

O nome do grupo, explica o fundador Ciro Fagundes, foi o de unir e ajudar quem precisasse: um carro estragou, um pneu furou, um colega está em perigo. Desde a fundação, já foram feitas outras ações, cita.

"Quando o Jeferson postou que estava precisando de ajuda, surgiram mais de 40 carros no dia aqui. Pessoal se mobilizou. Vamos fazer o básico: montar o telhado, fazer piso e contra piso, para que eles voltem a morar aqui", disse.

Como ajudar
O grupo aceita qualquer doação de material de construção para utilizar na obra. Doações podem ser feitas diretamente no endereço, na Travessa 4, número 15, ou na avenida Cidade de Rio Grande, número 795.