Explicações

Novas revisões de exames citopatológicos serão feitas

Ministério Público deverá solicitar ao IGP análise, possivelmente por amostragem, das 17 mil lâminas recolhidas em julho; 195 dos 196 testes feitos previamente apresentaram normalidade

Carlos Queiroz -

A promotora de Justiça Rosely de Azevedo Lopes pronunciou-se no início da tarde desta terça-feira (19), em coletiva de imprensa, quanto ao resultado das análises de exames citopatológicos analisados pelo Instituto Geral de Perícias (IGP). Das 196 amostras, todas referentes à Unidade Básica de Saúde (UBS) Bom Jesus, 195 não apresentaram qualquer discrepância quanto à verificação prévia realizada pelo Serviço Especializado em Ginecologia (SEG). Segundo a promotora, a próxima fase será de análises das outras amostras coletadas, em um formato que ainda será decidido com os peritos do IGP, provavelmente por amostragem. "O inquérito não será encerrado só porque houve esta perícia preliminar", garantiu.

Em sua fala, Rosely afirmou que as denúncias anônimas apresentadas pela imprensa, de que análises dos exames de papanicolau em Pelotas eram feitas por amostragem, pegaram o Ministério Público (MP) de surpresa. "Em sete anos que eu estou aqui em Pelotas, jamais houve qualquer denúncia ou queixa individual de alguma paciente ou de alguma UBS." O inquérito foi instaurado a partir das publicações em julho e 17 mil lâminas foram recolhidas, do período entre 2014 e 2018 segundo ela, e também por iniciativa do próprio laboratório, que abriu as portas aos investigadores. Elas foram enviadas ao IGP em Porto Alegre. A UBS da Bom Jesus foi escolhida, neste primeiro momento, por ser o local de onde partiram as denúncias. Todas as lâminas no período de um ano foram analisadas.

Segundo ela, a alteração apresentada na nova análise, dentro da literatura médica, está muito abaixo do esperado, na qual a promotora afirma poder haver de 20% a 30% de possibilidade de erros. "Evidentemente, não houve, pelo menos até o presente momento, nenhum exame realizado por amostragem", garantiu. Agora, o município será ouvido, com a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) tendo sido intimada a depor novamente na última segunda-feira. Ana Costa, secretária municipal de Saúde, já depôs no inquérito anteriormente e encaminhou os resultados de uma auditoria interna realizada em hospitais locais, com o resultado ainda não divulgado.

Novas análises serão feitas para concluir o inquérito
Das 17 mil amostras recolhidas em julho, algumas passarão por nova análise. "Evidentemente que serão feitas por amostragem, nós não faremos análise de 17 mil lâminas", afirmou, argumentando que o IGP não tem equipe ou estrutura para refazer todo o montante. Eles considerarão as UBSs do município nos períodos entre 2014 e 2017. As duas mil análises refeitas por iniciativa do próprio município junto ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre também serão consideradas no inquérito. Questionada sobre os municípios que tinham Pelotas como referência neste tipo de exame, afirmou que jamais foi procurada por qualquer representante deles, seja para denúncias ou para solicitar informações.

Ela diz que deseja ter as novas respostas até a metade do ano, mas a expectativa é de que leve pelo menos até o final de 2019, devido à falta estrutura do IGP. Qualquer prioridade e definição, segundo ela, virá dos técnicos do órgão. As amostras têm prazo de validade de cinco anos e por isso as de 2014, período citado no início das denúncias e no memorando, podem vir a ser priorizadas.

Casos isolados e irritação
A promotora afirmou que casos de mortes ou falsos negativos, apresentados por pelo menos quatro mulheres, podem ser pontos isolados. Rosely afirmou que pelo menos uma, noticiada como vítima, jamais fez exames em UBS, mas sim em instituições particulares. Além disso, apontou que especificidades como a presença de fungos, possíveis coletas feitas erroneamente por enfermeiros e a demora para buscar resultados podem influenciar nos resultados de cada caso. O Diário Popular questionou se os exames das mulheres que afirmam ter falsos negativos serão analisados especificamente nesta próxima análise e a promotora garantiu que sim. Com os casos na esfera criminal a partir de ações judiciais das mulheres ou familiares, ela disse que não se pronunciaria quanto a eles neste momento, por se tratar de um inquérito na esfera cível.

Durante a coletiva, quando confrontada sobre a possibilidade de realizar novas análises por amostragem para justamente tentar verificar se os exames eram ou não feitas dessa maneira, a promotora disse que confia no que os técnicos do IGP definirão. Perguntada sobre as dúvidas das próprias profissionais de saúde da UBS Bom Jesus, tendo inclusive gerado um memorando enviado à SMS, a promotora elevou o tom. "Ela, como médica, para se assegurar, repetiu (os exames)? (...) se ela achou que os exames estavam repetitivos e padronizados, competia a ela." As médicas, enfermeiras e técnicas da UBS Bom Jesus também serão chamadas a prestar esclarecimento na próxima fase do processo.

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