Endividamento

Número de inadimplentes em Pelotas bate recorde

Três em cada dez pelotenses estão na Serasa, aponta levantamento feito pelo órgão

Foto: Carlos Queiroz - DP - Três em cada dez pelotenses possuem nome na Serasa

Pelotas registrou um recorde no número de pessoas endividadas no mês de agosto. Segundo dados da Serasa, 105.589 pessoas estavam inadimplentes. Isso significa que três em cada dez moradores de Pelotas estão com o nome na Serasa. Com um total de 325 mil dívidas, o valor chega a R$ 524,5 milhões. A média devida por pessoa é de R$ 4.968, com cada dívida girando em torno de R$ 1.612.

Segundo a Serasa, 29,29% das dívidas no Brasil são com bancos e cartões de crédito, 24,47% são de contas básicas, como água e luz, e 15,30% com financeiras. As faixas etárias mais endividadas no País são as de 41 a 60 anos, representando 35% dos inadimplentes, e de 26 a 40, correspondendo a 34,5% do total. A Serasa coleta dados de inadimplência junto a instituições financeiras, diferente do SPC e do SCPC, por exemplo, que possuem dados dos devedores de lojistas credenciados relacionados a compra de bens ou serviços.

O número de endividados cresce há pelo menos quatro anos e saltou de 91 mil pessoas em agosto de 2019 para o patamar atual. Em abril de 2020, nos primeiros meses da crise sanitária, o número chegou a 95 mil. Entre 2020 e 2022, o número de devedores oscilou entre 84 e 90 mil, até assumir tendência de alta no ano passado, quando passou dos 90 mil e não baixou mais. Com algumas oscilações, o número de inadimplentes superou os cem mil em novembro do ano passado.

Pandemia e auxílios
Doutor em desenvolvimento econômico e professor da UFPel, Marcelo Passos explica que os números da inadimplência podem ser relacionados a fatores como o pagamento de programas de transferência de renda, como o Auxílio Emergencial, no período da pandemia. "Quando o auxílio começa a ser pago a quantidade de inadimplentes e de dívidas vão caindo, de março até dezembro de 2020. Depois, quando o Auxílio Emergencial é suspenso em janeiro de 2021, a quantidade volta a crescer", avalia.

A primeira vez que o número de inadimplentes passou dos cem mil foi em novembro do ano passado, teve uma leve queda em dezembro, mas voltou a subir em 2023. O único mês de 2023 em que o número de inadimplentes diminuiu foi julho, quando foram 104,4 mil ante 105,2 mil de junho. Em agosto, no entanto, a trajetória de alta foi retomada.

O professor explica que outros fatores, como a inflação e o aumento da taxa de juros, contribuíram para a elevação do endividamento. "Isso fez com que muitas pessoas não conseguissem sair da inadimplência e outras entraram", diz. "O governo herdou essa realidade de endividamento elevado. Com os programas como o Desenrola, ele tenta renegociar as dívidas e trazer as pessoas de volta para o mercado de crédito", avalia Passos.

Como sair do endividamento
Para tirar o nome de entidades de proteção ao crédito como a Serasa, há caminhos como o Feirão Limpa Nome, oferecido por instituições parceiras da Serasa, que oferece descontos de até 90% para que o inadimplente possa limpar o nome.

Há também o Desenrola Brasil, programa do governo federal para renegociação de dívidas. A fase três da iniciativa começa em outubro, quando poderão participar pessoas que recebem até dois salários mínimos ou que estejam inscritas no Cadastro Único, e que tenham dívidas negativadas de até R$ 5 mil. Para participar, é preciso ter uma conta de nível prata ou ouro no Gov.br e aguardar o lançamento da plataforma do programa para renegociar as dívidas.


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