Contas

O alerta é pela economia de água

Logo nas primeiras palavras, o diretor-presidente Jacques Reydams enfatizou: "Essa grande fartura vai acabar. Vai ter que acabar"

Paulo Rossi -

A primeira conta de água com o valor calculado por consumo ainda nem chegou às residências, mas é melhor não aguardar para iniciar a repensar hábitos. Nos próximos dias - quando serão distribuídos os boletos a serem pagos em maio - as equipes do Sanep já começam a fazer as medições para as contas com vencimento em junho. Portanto, o uso consciente, que já deveria ter sido incorporado pelo bem do meio ambiente, agora terá de ser adotado para reduzir o impacto no bolso. Foi um dos principais alertas feitos nesta quinta-feira (31) à tarde, durante coletiva concedida à imprensa pela direção da autarquia.

Logo nas primeiras palavras, o diretor-presidente Jacques Reydams enfatizou: "Essa grande fartura vai acabar. Vai ter que acabar". E disse como quem prevê a lista de reclamações que estão por vir nos próximos meses. Até hoje, com a cobrança feita por área construída e por tipo de construção (madeira ou alvenaria), as famílias possuíam um crédito de 20 metros cúbicos para gastar, todos os meses; só pagavam adicional pelo excesso. Um método que nunca forçou o comportamento consciente. Afinal, dados que são referência nacional indicam que 20 mil litros são suficientes para abastecer quatro pessoas, com sobra (veja quadro).

Esbanjar a água potável para lavar carros e calçadas, por exemplo, tende a deixar de ser prática comum em um futuro próximo. Ao menos, é a projeção. "Imaginamos que as contas poderão gerar conflitos, questionamentos e surpresas, positivas e negativas, mas esta é uma forma justa e respeitosa", reitera Reydams e sugere que a conduta seja de economia. A reutilização de águas - como a que escoa da máquina de lavar roupa - e o armazenamento das pancadas de chuva tendem a deixar de ser hipóteses descartadas.

Expectativa inversa
O usuário também cria expectativas, não só para saber o valor da conta. O cidadão aguarda pela qualificação do sistema, já que 48,67% de toda a água tratada pelo Sanep se perde antes de chegar às residências. São litros e litros desperdiçados, todos os dias, em problemas na distribuição: vazamentos e ligações irregulares.
Conheça alguns detalhes (QUADRO 1)

- Tarifa social: Será criada agora, a partir da implantação do novo sistema de cobrança e dirigido a prédios exclusivamente residenciais, com o uso da água para fins domésticos e habitados por pessoas de baixa renda. Para requerê-la, o cidadão deve estar inscrito no Cadastro Único e ser beneficiário de programas sociais, como o Bolsa Família. Quem recebe benefícios previdenciários de até um salário mínimo também pode solicitar a tarifa social. Os interessados devem estar em dia com o Sanep. Se possuírem alguma dívida, devem negociá-la e já pagar a primeira parcela no dia do acordo.

Para solicitar o valor diferenciado, o cidadão deve apresentar documento de identidade, Cadastro de Pessoa Física (CPF), conta de água, folha-resumo do Cadastro Único ou extrato de recebimento de benefício previdenciário e comprovante de inscrição em programa do governo federal. O atendimento ao público será feito a partir de segunda-feira, das 8h30min às 11h30min. O endereço do Sanep é rua Félix da Cunha, 649.

- Condomínios: Os moradores de apartamentos e residenciais horizontais também irão pagar por consumo, mas como uma medição única no hidrômetro geral e o valor total rateado entre o número de unidades. Tecnicamente, entretanto, é possível instalar hidrômetros individuais. No caso dos condomínios horizontais, muitos já possuem entrada, próximo à moradia, que permite a instalação do equipamento, sem transtornos. Nos apartamentos, a medida também é possível, mas dependeria de obras, adequações e paredes quebradas. O mais simples - sugere o diretor-presidente - é a colocação de um hidrômetro por bloco, nos casos em que cada um deles possui reservatório. Embora não seja o ideal, já é uma condição que facilita o diálogo e a conscientização entre vizinhos. A expectativa é de que, em breve, o tema passe a ser debatido em assembleias gerais.

- Hidrômetros: Quem mora em locais onde não existe hidrômetro, o Sanep irá cobrar o equivalente a dez metros cúbicos, além dos valores do serviço básico e o esgoto. É uma decisão que tende a não ser favorável a quem vive sozinho, principalmente, se faz uso consciente. O ideal, então, seria a compra de um hidrômetro, que custa entre R$ 100,00 e R$ 110,00, e o pedido de instalação às equipes do Sanep, que nem irá descontar o preço investido pelo usuário - em contas de água futuras - nem poderá cobrar pelo serviço.

Saiba mais
- 1metro cúbico = mil litros
- O consumo médio de uma pessoa por dia é de 150 litros = 4,5 mil litros por mês
- Uma família com quatro integrantes, então, gastaria o equivalente a 18 mil litros por mês; patamar compreendido nos 20 mil litros que cada imóvel possui como crédito pelas regras atuais em Pelotas
- Com a nova legislação, aprovada na Câmara de Vereadores, o valor do esgoto será calculado com base em percentuais sobre o consumo de água: 80% para esgoto coletado e tratado, 60% para os casos em que é somente coletado, afastado do local e lançado no meio ambiente e 30% quando lançado no sistema de drenagem. Pelas regras que estavam em vigor até os dias de hoje, o usuário pagava pelo esgoto, exatamente, o mesmo valor estabelecido para água. Bastava multiplicá-lo por dois.
- Na coletiva, a direção da autarquia fez questão de apresentar dados que revelam que os preços fixados em Pelotas ficam abaixo dos de outras cidades gaúchas, como Novo Hamburgo e Caxias do Sul, assim como dos valores cobrados pela Corsan. Confira o exemplo:

10 m3 + esgoto (60%) + serviço básico (fixo)
* Categoria Residencial
- Sanep R$ 79,43
- Corsan R$ 86,83
- Novo Hamburgo R$ 90,00
- Caxias do Sul R$ 79,44
* Categoria Residencial Social
- Sanep R$ 32,07
- Corsan R$ 35,05
- Novo Hamburgo R$ 36,60
- Caxias do Sul R$ 44,69

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