Ciência
O impacto da pandemia nos educadores físicos
Pesquisa da UFPel analisará como o novo coronavírus afeta a atuação, a saúde mental, a carga horária e a remuneração dos profissionais
Jô Folha -
O novo coronavírus demandou mudanças na rotina. Entre outras medidas, exigiu a necessidade do distanciamento social e a adoção de protocolos de higiene, necessários para a manutenção da saúde, além de alterações no exercício de diversas atividades, como no caso dos profissionais de Educação Física. E para avaliar o impacto da pandemia na atuação desses trabalhadores em Pelotas, uma pesquisa está sendo desenvolvida pelo Grupo de Estudos em Epidemiologia da Atividade Física, da Escola Superior de Educação Física (Esef), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). As respostas, obtidas por meio de formulário online, poderão contribuir com o desenvolvimento de estratégias para auxiliar o exercício da profissão durante e após a pandemia.
Um dos integrantes do estudo, o doutorando em Educação Física pela Esef, Natan Feter, explica que a pesquisa busca identificar a forma como a pandemia impactou na realização das atividades desenvolvidas pelo profissionais, considerando as novas formas de atuação, como a oferta via plataformas digitais, e aspectos como o desenvolvimento, controle e o monitoramento dos exercícios aos alunos. “Como que essa necessidade de se reinventar dentro da profissão têm impactado a nossa área”, disse Feter, que atualmente está em estágio na The University of Queensland, na Austrália.
As alterações promovidas na carga horária e na remuneração dos profissionais durante o período também são o foco do estudo, assim como a saúde mental dos educadores físicos, diante da necessidade de reinvenção no modo de atuação e de uma possível redução salarial. Conforme o doutorando, a pesquisa é baseada incialmente em três braços. O primeiro composto por profissionais que atuam em estabelecimentos como academias, ginásticas, hidroginásticas e outros. Um segundo é voltado para os educadores físicos que atuam em escolas privadas e o terceiro para profissionais do programa Vida Ativa, da prefeitura de Pelotas. Uma nova etapa ainda deve ser aberta, contemplando as respostas dos trabalhadores de escolas públicas, de forma a identificar os mesmos fatores nos educadores físicos que atuam nessas instituições.
Feter conta que, além promover uma reaproximação entre as produções da Universidade com a comunidade externa, o estudo também busca aproximar novamente os profissionais formados da instituição de ensino, auxiliando-os no exercício das atividades. Com isso, a partir dos resultados, a ideia é identificar também as dificuldades dos educadores e os grupos que estão sendo mais afetados. “E a partir desses resultados, desenvolver estratégias e propostas de pra auxiliar esses profissionais durante e pós-pandemia”, contou. A expectativa é que a pesquisa possa atingir cerca de 638 profissionais de Educação Física do município até o dia 24 de junho, quando poderá ocorrer o encerramento dessa primeira etapa. O resultado, segundo o doutorando, poderá ser divulgado em poucos dias.
O dia a dia no exercício da profissão
“Esses efeitos (da pandemia) surtem um impacto direto nas nossas atividades”, relatou Everson Júnior, personal trainer e proprietário de uma academia na região central do município. Entre as adaptações necessárias, como a restrição de atividades presenciais em decorrência da pandemia, a solução encontrada foi o reforço na oferta de atividades utilizando a internet, a partir do envio de treinos e do contato com os alunos por plataformas online, em chamadas de vídeo. “Adaptamos os treinos aos materiais que as pessoas tinham”, afirma, citando a utilização de galões de água, sacos de alimentos e baldes como forma de suprir a falta de equipamentos adequados durante os treinos. “A gente procurou, dentro das nossas possibilidades, trabalhar em home office e não deixar de levar atividade física para essas pessoas”, completou. A adesão à nova modalidade, no entanto, não foi totalmente adotada pelos clientes, o que promoveu uma queda de 75% no faturamento no local. Como personal trainer, ele explica que a remuneração dos profissionais, muitos autônomos, são feitas por horas trabalhadas. Com a pandemia, no entanto, houve queda na demanda, e uma consequente redução no salário. “E a dificuldade vem, porque tu não tem faturamento e as contas seguem da mesma forma”, pontua o profissional.
Mais informações sobre a pesquisa podem ser encontradas nas páginas do estudo no Instagram (https://www.instagram.com/efcovid19/) e no Facebook (https://www.facebook.com/covid.ef.5) e por e-mail ([email protected]). O formulário pode ser acessado pelo site: https://bit.ly/2ADeamA
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