Educação
O sonho está do outro lado do mundo
A pelotense Giulia Michelon embarca no dia 1º de abril para o Japão, onde irá cursar a graduação
Jô Folha -
Uma pelotense de 19 anos está prestes a embarcar para o Japão. Giulia Michelon conquistou uma bolsa para cursar a graduação em uma universidade japonesa e deve permanecer por lá pelos próximos cinco anos. Muita dedicação à língua e intensa preparação foram a base para o bom desempenho da jovem que concorreu à vaga com pessoas do mundo inteiro.
A bolsa, ofertada pelo governo japonês, cobre gastos com passagens aéreas de ida e volta, taxas da faculdade e um auxílio mensal para que ela possa se dedicar inteiramente aos estudos. Além de vagas na graduação, há oportunidades para pós-graduação, cursos técnicos e preparação de professores. O consulado do Japão em Porto Alegre, responsável por aplicar a prova no Estado, considera que a bolsa de graduação é a mais difícil de conquistar.
O esforço de Giulia foi tão grande quanto o seu sucesso. Ela começou a estudar japonês aos 13 anos, assistindo a vídeos na internet. Em seguida, matriculou-se em um curso de línguas e se apaixonou cada vez mais pelo idioma. Buscando sempre ir além da sua zona de conforto, iniciou aulas particulares para aprimorar a língua. Recentemente, o Exame de Proficiência em Língua Japonesa atestou que o nível dela no idioma é o segundo mais alto em uma escala de um a cinco. A prova para obter o N1, titulação máxima, ela pretende realizar lá no Japão.
Com os ideogramas na ponta da língua, veio a vontade de conhecer e até se mudar para o país. "Eu sempre quis ir para o Japão, mas não sabia como nem o que iria fazer lá", comenta. A luz surgiu enquanto cursava o último ano do Ensino Médio. Um colega de aula descobriu que existia essa bolsa e mostrou a Giulia. Com o objetivo definido, iniciava-se a preparação.
A primeira vez que prestou a prova foi em 2016, quando ainda cursava Letras na UFPel. "Meu objetivo era conhecer o processo", explica. Com esta experiência na bagagem, ela pôde se preparar melhor para tentar novamente a bolsa em 2017. Na época, diminuiu ao máximo a carga horária da faculdade para conseguir se dedicar às lições de Japonês, Inglês e Matemática. O esforço deu resultado. Segundo o consulado japonês em Porto Alegre, a performance dela evoluiu muito de um ano para o outro.
O exame é composto por três fases. No início, todos os candidatos realizam uma prova escrita. Aqueles que obtiverem um desempenho satisfatório são chamados para uma entrevista presencial com o cônsul japonês e outros dois representantes do consulado. "A conversa mesclava o japonês, inglês e o português", recorda. A boa performance nesta segunda fase foi imediatamente reconhecida. A notícia da aprovação para a última fase saiu em minutos.
Poucos recomendados
É o próprio consulado gaúcho quem indica ou não o candidato para a última etapa. De acordo com o órgão, fazia anos que nenhum candidato do Estado era recomendado para obter a bolsa de graduação. Na fase final, os documentos da postulante são enviados ao governo japonês. A concorrência, então, torna-se internacional. Isto ocorre porque a mesma prova que é aplicada no Brasil também é feita por candidatos de outros países com os quais o Japão mantém relações comerciais.
A aprovação veio em novembro, quatro meses após o início do processo seletivo, e trouxe também insegurança. "Eu nunca morei fora de casa", conta, prestes a se mudar para o outro lado do mundo. Não é só a distância que assusta. A alteração drástica no modo de viver também tem grande impacto. "Estou muito feliz, mas vai ser difícil. É tudo muito diferente", resume.
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