Coronavírus
Os dois lados da pandemia na Europa
Irmãos Niederhageböck contam como alemães e austríacos estão vivendo a quarentena
Divulgação -
A Alemanha é o quinto país do mundo com mais casos registrados de coronavírus. O estado alemão confirma mais de 111 mil casos, mas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apresenta uma taxa de letalidade considerada baixa, com pouco mais de 2,1 mil óbitos. Um panorama distinto da Áustria, que faz fronteira com a porção sul do território alemão. Os austríacos registram cerca de 13 mil confirmações de Covid-19 e aproximadamente 300 mortes. Duas realidades diferentes, que são vivenciadas pelos irmãos Guilherme e Bernardo Niederhageböck. Eles residem em Munique, cidade alemã, e Linz, município austríaco, respectivamente.
Ambos são amigos do pelotense e professor da UFPel Alten Teixeira. Em países diferentes, os irmãos trabalham na mesma empresa, a austríaca Rubble Master. Guilherme exerce sua atividade em uma verdadeira globalização. O brasileiro mora em Munique, na Alemanha, trabalha para a empresa austríaca e desenvolve suas funções na Irlanda do Norte. A instituição recentemente abriu uma filial no Reino Unido e Guilherme, que é engenheiro mecânico, é o embaixador da empresa no país. Semanalmente, ele viaja até o país para trabalhar. Viagens que foram canceladas com a pandemia e a promulgação dos decretos de circulação, há cerca de três semanas. “A primeira medida dos países foi fechar fronteiras aéreas e terrestres. No caso da Irlanda, o decreto foi bem rígido. A empresa está praticamente congelada lá, estamos sem atividade”, destacou. Guilherme trabalha agora em regime de home-office.
Em terras alemãs, Guilherme vive com a esposa, Clair. Ela também trabalha em home-office. “Nós temos milhares de casos, um baixo índice de mortos e as UTIs não estão lotadas. O governo está lidando com o vírus de uma maneira muito segura”, afirmou. Mas se a saúde é um destaque, a segurança preocupa. Ele afirma que, apesar das restrições, que proíbem aglomerações e circulação de pessoas, a população de Munique está dividida. Há quem respeite, mas, em contrapartida, um número expressivo sai para as ruas como se não houvesse o coronavírus. “A polícia aqui tem sido muito branda. Embora haja multas, o pessoal não é tão incisivo com quem está descumprindo”, destaca.
Guilherme e Bernardo são remunerados pelo governo austríaco durante a crise. Como a empresa teve de paralisar praticamente todas as suas atividades, a Áustria cobre 80% do salário dos funcionários. Assim como o parente que mora na Alemanha, Bernardo também trabalha em regime de home-office.
No entanto, o irmão residente na Áustria vive uma outra situação. Ele ainda está em quarentena obrigatória. O brasileiro esteve recentemente no Peru, em viagem de férias com a filha, e ainda cumpre o período estipulado para aqueles que retornam de viagem. “Quando o coronavírus ganhou grandes proporções, eu estava em Cuzco, com a minha filha. Voltamos para casa recentemente e já vivendo as regras de restrição” conta. Para conseguir desempenhar suas atividades no período da quarentena, ele explica que funcionários da empresa estiveram em sua residência e instalaram o computador que usaria habitualmente. “Eu ainda vivo a quarentena obrigatória para quem chega de viagem. Tenho participado de videoconferências, atividades on-line, e assim tenho cumprido uma jornada de seis a oito horas de trabalho, sendo que, na normalidade, eu cumpriria dez ou 12”, afirmou.
Bernardo ainda destaca os resultaos positivos da Áustria diante do coronavírus. Pelo cumprimento dos decretos, o governo austríaco cogita uma flexibilização das restrições e já há uma tendência no país de mudanças nas normas de circulação no final deste mês. “O pessoal aqui está muito consciente da gravidade do problema. Entre o final desse mês e o começo do próximo, o governo pretende flexibilizar as normas de comércio, que estão fechados neste momento”, declarou.
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