Ao observar alguns canais espalhados por Pelotas, a população pode perceber que, apesar de ser um local caracterizado pela poluição, ali existe vida. Principalmente em dias de sol é possível avistar dezenas de tartarugas e cágados que vivem neste ambiente. Esses animais encontrados nos canaletes são espécies nativas, provenientes de canais naturais e corpos de água adjacentes ao canal do Pepino. Algumas vezes, também, bichos apreendidos em criatórios clandestinos são devolvidos ao meio ambiente através de banhados próximos à zona urbana.

Duas espécies. Segundo o estudante de Biologia da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e integrante do Laboratório de Vertebrados, Omar Entiauspe, em geral podem ser encontradas as espécies Trachemys dorbigni e Phrynops hilarii, conhecidas popularmente como tartaruga tigre-d’água e cágado-de-barbelas, respectivamente. A primeira é comumente encontrada em pet shops, comercializada para estimação. Além disso, estima-se que esta seja a espécie mais comum no Estado. Já o cágado-de-barbelas possui um porte que beira os 40 centímetros e é considerado o maior quelônio do Rio Grande do Sul.

Retirá-los ou não destes locais?
De acordo com Entiauspe, há uma questão delicada quando se pensa em transferir as espécies para seus ambientes naturais. O mais adequado seria removê-las para o habitat natural, evitar conflitos e melhorar a qualidade de vida destes répteis. Entretanto, isso acarreta outras questões relativas à dificuldade de criar um programa de reintrodução, “visto que o habitat natural já vai conter indivíduos da mesma espécie, podendo ocasionar um desequilíbrio ecológico, com questões de competição por alimento, nicho e talvez introdução de patógenos (agente que pode causar doença) na população residente”, disse.

Espécies que habitam os canais

- Tigre-d’água
Nome científico: Trachemys dorbigni
Local de origem: América do Sul
Peso: cerca de três quilos
Tamanho: 35 cm de comprimento
Alimentação: onívora (alimenta-se de tudo)

- Cágado-de-barbelas
Nome científico: Phrynops hilarii
Local de origem: América do Sul
Peso: cerca de cinco quilos
Tamanho: 40 cm de comprimento
Alimentação: onívora