Paternidade
Pai versão 2018
Deivide Santos é pai há um ano e oito meses e de lá pra cá sua vida mudou completamente
Carlos Queiroz -
O girar da chave dentro da cabeça de Deivide Santos, 38, foi no momento quando descobriu a chegada da paternidade. Nos nove meses de gestação de sua filha Louise ele já se sentia pai. O desejo da paternidade surgiu em conjunto com a esposa Roxana ao ver a casa própria concluída. Era hora dos espaços serem habitados. Hoje Deivide é quem passa a maior parte do tempo com a filha, participa ativamente da sua criação e acompanha Louise em todas as atividades na escola em função dos horários de trabalho da esposa. Ainda incomum, o caso dele mostra uma nova configuração no sentido de ser pai em 2018. Hoje, as responsabilidades e tarefas precisam ser cada vez mais compartilhadas entre a família, e criar um filho não é mais papel destinado somente para as mulheres.
Conforme uma pesquisa feita pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2016, as mulheres realizam duas vezes e meia mais trabalho doméstico e trabalhos relacionados a cuidados do que os homens. No Brasil, um censo escolar realizado em 2011 apontava para 5,2 milhões de estudantes sem o registro do nome do pai na certidão de nascimento. O Rio Grande do Sul lidera o ranking na região com cerca de 198 mil crianças.
Ser pai, para Deivide, vai além. Ele conta que dedica 100% do seu tempo para a filha. O trabalho de representante comercial exercido junto com o pai permite que o tempo seja desfrutado vendo o desenvolvimento da pequena. Ele reforça a todo momento, no entanto, o papel fundamental da esposa, aprovada num concurso público durante o primeiro ano de Louise.
Paizão
"Eu queria muito ser pai, e ser um pai pra minha filha como meu pai foi pra mim. As vezes eu pareço um super herói pra ela", brinca Santos, que viu sua vida mudar completamente com a chegada da filha. Ao abrir a porta da casa, a primeira imagem de um visitante na casa de Deivide são brinquedos organizados em cima de um tatame. Chegar em casa do trabalho hoje não é mais sinônimo de descanso, e sim de interação e brincadeiras com a filha. Apesar do cansaço, estes momentos compensam um dia de estresse, conta.
A rotina de pai começa às 7h da manhã. É hora de preparar os lanches da filha, frutas, sucos, refeições feitas na escola junto com outras colegas. O pai leva em torno de uma hora para ajeitar tudo o que a filha precisa levar. Nestes cinco meses de escola, o desenvolvimento já é evidente ao observar a filha em casa. "É sensacional. Mudou tudo na minha vida. Colocar uma pessoa no mundo exige muita responsabilidade, mas é fantástico ver ela crescendo", relata emocionado. Apesar de ser habitual a maior participação das mães na criação dos filhos, Santos vê como fundamental a divisão de tarefas.
Quando perguntado sobre o medo de colocar uma filha no mundo, o pai mostra-se seguro e mostra já ter ficado horas refletindo a respeito. "Antes eu pensava que era egoísmo ter um filho neste mundo cheio de problemas. Hoje eu penso o contrário: minha filha precisa fazer parte da mudança do mundo", manifesta.
Lei quer aumentar a licença paternidade
Um projeto de lei que tramita no Senado Federal aumentar para 60 dias o período de licença-paternidade. A matéria aguarda ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça para ser votada. Hoje, trabalhadores em regime de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) têm cinco dias de licença. A lei tem o intuito de intensificar a participação do pai nos primeiros dias de vida das crianças.
Programa Empresa Cidadã
Lançado pela Receita Federal em 2009, o programa quer estimular as empresas a prorrogar por mais 60 dias as licenças-maternidade e por mais 15 dias as licenças-paternidade. Como contrapartida, a receita oferece deduções em impostos.
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