Alerta

Pampa tem 84 espécies de animais ameaçadas de extinção

Aves e peixes são as mais afetadas; pesca desregulada, destruição de campos nativos e poluição são algumas das causas apontadas

Foto: Divulgação - DP - Espécie Liolaemus arambarensis, do grupo de répteis está classificado como em perigo

​Na Salve, plataforma de dados recém lançada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o acompanhamento de quase 15 mil espécies animais de todo o País traz um alerta para a Zona Sul. No bioma Pampa, predominante no Rio Grande do Sul e também na região, 84 espécies estão ameaçadas de extinção. De todas as espécies listadas, 51 são dos grupos de aves e peixes.

O professor do Instituto de Biologia da UFPel, Rafael Dias, detalha os principais fatores que causam riscos a estes dois principais grupos. "Para os peixes é a captura excessiva pela pesca desregulada e a poluição dos rios e riachos por esgoto, restos de adubos e inseticidas e resíduos sólidos", observa. Outras espécies também são ameaçadas pela destruição do habitat natural causada pela construção de hidrelétricas, expansão da urbanização mal-planejada e lavouras. "As aves são ameaçadas, principalmente, pela destruição dos campos nativos por lavouras de soja e milho. Algumas espécies pela destruição das florestas. Outras ainda são ameaçadas, também, por caça ou captura para comércio ilegal de aves silvestres de gaiola", pontua Dias. Outra ameaça importante, segundo o professor, é a invasão de pinus e o próprio cultivo de pinus em áreas de campo, já que a silvicultura de eucalipto destruiu grandes áreas de campo nativo.

O sistema de classificação divide as espécies ameaçadas em três categorias: vulneráveis, em risco e criticamente em risco. No Pampa, a maioria das espécies está classificada como vulnerável. Dias garante que qualquer risco de desaparecimento de espécies sempre é um sinal de alerta. "Perder qualquer espécie é grave, ainda mais quando há alternativas para sua conservação. Quando são espécies únicas, pertencentes a linhagens evolutivas singulares, isso se agrava. Se são espécies que desempenham papeis importantes no funcionamento dos ecossistemas, a perda das funções ecológicas pode levar danos ao ambiente como um todo", comenta.

Ações para o futuro
É possível reverter o risco de extinção destas espécies? Segundo o professor, sim. No entanto, é uma corrida contra o tempo que precisa iniciar logo. "Quanto mais tempo passa, mais caro vai ficando. Já há conhecimento e tecnologia para isso e também não falta apoio popular", observa. Para Dias, um dos grandes problemas é a priorização do lucro em detrimento do bem comum. "Conservação e economia são coisas complementares, não antagônicas. Empresários que discordam disso estão fadados a desaparecerem, porque a própria economia e o perfil dos consumidores mudam. O problema é que essa mudança demora, e se não for feita logo, muita coisa será tragada junto com os negócios ambientalmente incorretos", frisa.

No caso específico do Pampa, o professor exemplifica que seria importante valorizar e subsidiar pecuaristas que criam gado em campo nativo. "A indústria da carne de gado como conhecemos é insustentável em médio prazo, e se essa atividade tem alguma chance de futuro, passaria pela produção de gado em áreas que naturalmente são cobertas de campo nativo", avalia. Para a comunidade, o recado é levar conscientização para o dia a dia. "Cabe aos cidadãos agir como consumidores mais responsáveis, preferindo produtos ambientalmente corretos e fazendo o seu papel coibindo atividades ilegais e também elegendo políticos comprometidos com uma economia sustentável", finaliza.

Panorama nacional
Ao todo, 1,2 mil espécies estão ameaçadas de extinção no Brasil. Deste total, 364 estão criticamente em risco. Os anfíbios estão no topo da lista, com 57,6% das espécies analisadas criticamente em perigo. Em seguida, os peixes continentais e os peixes marinhos possuem, ambos, mais de 34% das espécies em estado crítico. Já as aves têm mais de 50% das espécies registradas em situação vulnerável.


Cenário no Pampa, segundo o ICMBio
- 1,6 mil espécies registradas
- 42 espécies vulneráveis
- 26 espécies em perigo
- 16 espécies criticamente em perigo

Grupos ameaçados no Pampa
- Aves, peixes, répteis, invertebrados terrestres e de água doce, anfíbios, mamíferos e mamíferos aquáticos


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