Classificado como pandemia mundial pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o avanço do coronavírus levou a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Arquidiocese de Pelotas a emitirem um comunicado com a orientação de que, durante as missas, sejam evitados o abraço da paz e os apertos de mão, que fazem parte dos rituais católicos. A gravidade da situação também fez com que outras representações religiosas se posicionassem sobre o tema e buscassem orientar seus adeptos.

A nota da CNBB orienta a mudança nestes rituais das celebrações. Em Pelotas, a Arquidiocese, através do arcebispo metropolitano dom Jacinto Bergmann, emitiu um comunicado oficial com uma série de orientações endereçadas aos padres da região. No documento, constam recomendações específicas para três momentos da missa. No abraço de paz, a ordem é para que se evitem o abraço e o aperto de mão, mas que reforce de outras maneiras o sentimento de bem-querer em relação ao próximo. A oração do Pai-Nosso, normalmente realizada de mãos dadas, deve ser feita em compromisso com a fraterna comunhão, mas sem contato manual. E a sagrada eucaristia, ápice da celebração, deve ser recebida na mão, diminuindo o maior perigo de contaminação.

As recomendações foram aceitas com muita compreensão por parte dos padres que atuam na cidade. "As orientações passadas pelo bispo devem ser cumpridas. Vivemos este momento que o coronavírus preocupa a todos e faremos todo o possível para prevenir", afirma o padre Enéias Carniel, pároco da Igreja Santo Antônio, na praia do Laranjal. "Observaremos todas as recomendações do bispo. Temos que ter cuidado com os fiéis para evitar que mais pessoas sejam contaminadas com o vírus", declara o padre Flávio, da Igreja Nossa Senhora da Luz. Mundialmente, a pandemia cancelou o encontro dos bispos com o papa Francisco, que aconteceria no Vaticano, e já se discute a possibilidade da reunião nacional da CNBB também ser suspensa enquanto não se controlar a doença.

Medidas de segurança

A Igreja Luterana Nacional ainda não se posicionou oficialmente sobre a doença e suas formas de contágio, mas um comunicado institucional deve ser lançado. Mesmo assim, a Comunidade Luterana Martinho Lutero, das Três Vendas, já adota medidas de segurança de proteção aos fiéis. O pastor Éverton Klug Mesquita, responsável pela comunidade, conversou com a pastora Sinodal da Igreja e juntos optaram por uma série de ações para evitar a transmissão. Desde o dia 8, os fiéis têm recebido álcool gel no início e no fim dos cultos. Segundo o pastor, também está sendo solicitado às pessoas que não apertem as mãos durante as celebrações. A questão da doença, a forma como se desenvolve e de como o vírus se propaga são temáticas que têm sido abordadas junto aos adeptos da fé luterana.

No espiritismo, a Liga Espírita Pelotense segue as recomendações do Ministério da Saúde e, desta forma, procura evitar o uso de objetos compartilhados. Com relação à prática da doutrina, o secretário da liga, Mário Farias, frisa que, como não há rituais dentro dos centros espíritas, as atividades seguem normalmente. "O único momento de maior aproximação é na hora do passe e, ainda assim, não ocorre contato físico. As atividades têm acontecido normalmente", afirma.

As religiões de matriz africana, em especial a Umbanda, trazem outro olhar para a questão. O presidente da Federação Sul-rio-grandense de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros, Joabe Luis Bohns, alerta que ainda há muita falta de informação e que os centros procuram conscientizar as pessoas sobre a doença. "Gostaríamos que a Secretaria de Saúde agisse de maneira mais incisiva. Nós temos orientado que aqueles que apresentarem os sintomas da doença não venham para os nossos ambientes, já como uma maneira de prevenção. Também informamos sobre as formas de contágio da doença", destaca Joabe. Ele ainda afirma que ambientes mais arejados têm sido priorizados para a realização das celebrações.