O protagonista dessa reportagem é grande e já foi creche, escola, até loja de departamento. Agora, precisa de auxílio para ter nova função, após anos de desuso. O projeto Comunidade em Rede está com financiamento coletivo para angariar R$ 50 mil que serão destinados à reforma da antiga sede do Sindicato dos Pescadores da Colônia Z-3. O objetivo é fazer dela espaço próprio do coletivo.

O dinheiro arrecadado será utilizado para reparos estruturais. A prioridade é o telhado, mas é preciso também refazer um dos banheiros, arrumar o piso e montar nova cozinha. "A gente brinca que terá uma casa", comenta a estudante Natália Fidélis, uma das participantes do Comunidade em Rede. A ideia é transformar o galpão, cedido pelo sindicato, em local para a realização de oficinas, reuniões e demais encontros do projeto, cujo início foi em 2016.

Com o fim do Fórum de Álcool e Drogas, a Z-3 ficou carente de uma iniciativa que trabalhasse com os moradores ações para coibir o uso do crack, novo e perigoso personagem que ganhou terreno na localidade com a ausência da safra do camarão e, por consequência, o agravamento de crise financeira. O Comunidade em Rede surgiu aí, com oficinas permanentes e foco em crianças e adolescentes. A primeira foi voltada ao muay thai, lecionada pela Academia Motta, e com o tempo conseguiu levar os participantes a torneios estaduais e nacionais. Porém, aos poucos os alunos foram deixando de comparecer, até que as aulas fossem canceladas por falta de integrantes.

Concomitantemente, o Comunidade em Rede foi ganhando a confiança da população da Z-3, calejada por conta de projetos acadêmicos que muitas vezes utilizam a região para pesquisa, mas não retornam com os resultados. "É um projeto feito por nós, não de fora. Com as pessoas conhecendo, essa rede foi se construindo e hoje está estruturada, para não agir apenas apagando incêndios, mas a longo prazo", diz Natália.

A etapa seguinte foi a criação do Festival de Cultura da Colônia Z-3. O evento, que já teve três edições, tem apoio importante das duas universidades e da prefeitura, mas é com o trabalho dos moradores da região que realmente sai. São eles que conseguem mesas, cadeiras e o material gráfico para a divulgação, por exemplo. "A última edição aconteceu com baixíssimo custo, porque conseguimos quase tudo emprestado", conta a estudante. Ter sede própria é o próximo passo.

Como contribuir
A campanha de financiamento coletivo se encerra no dia 13 de agosto e está disponível aqui.