Agronegócio

Pecuária deve ter prejuízos de R$ 136 milhões

A perspectiva é de menos terneiros para 2019 por causa da estiagem que compromete as pastagens da região e o boi gordo

Infocenter -

Dez mil produtores de gado de corte devem ser afetados na região, com um prejuízo de R$ 130 milhões, em decorrência dos quilos de carnes que não vão ter para comercializar e de terneiros que deixarão de nascer. Já três mil produtores de gado de leite devem amargar uma perda de R$ 6 milhões, segundo projeta a Emater. Os prejuízos são consequência da estiagem, que atingiu as pastagens.

A esperança está depositada na previsão de chuva para este final de semana, que poderá reverter a situação em alguns municípios, já que o cenário não é o mesmo. O supervisor regional da Emater, Luiz Ignácio Jacques, explica que a precipitação registrada na madrugada de sexta-feira não teve os mesmos índices, sendo maior em algumas cidades, onde choveu 70 milímetros, enquanto que em outras não passou de 4 mm.

“Onde está chovendo bem a pastagem tem condição boa”, comenta Jacques. Conforme ele, se tiver umidade o produtor poderá conseguir implantar as pastagens de inverno para um bom suporte, pois o pasto começa a crescer menos com a perda de luminosidade do dia. O pecuarista José Henrique Nunes, de Arroio Grande, confirma que a produção está prejudicada pela estiagem. Os reservatórios estão secando e é preciso chover para melhorar a situação.

“No fundo de nossa propriedade há uma barragem, mas devido ao uso para o arroz já foi toda embora”, conta. Não fosse um outro açude, não haveria mais água em razão das chuvas reduzidas, muito aquém da medida pluviométrica normal. A expectativa de Nunes é a mesma dos demais produtores: é preciso chover nos próximos dias para melhorar o cenário atual, de pastos acabando pela estiagem.
Levantamento da Emater na região indica que a fase predominante é o fim do entoure e que o estado nutricional do rebanho vem diminuindo, principalmente onde há dificuldade de água. As pastagens de verão não rebrotaram e a alimentação dos animais começa a ser comprometida. A estimativa de redução de peso é de aproximadamente dez quilos por animal no geral.

Exportação para o Oriente Médio
O supervisor da Emater acentua que a saída encontrada por muitos produtores é a exportação de gado para o Oriente Médio, pois há um grupo grande comprando a carne brasileira. Porém, isso está balizando o mercado e achatando os preços. Enquanto o quilo no mercado interno fica entre R$ 4,80 e R$ 5,10, na exportação o valor é maior.

De acordo com o representante da Agropecuária Astúrias, Rafael Diaz, com a perda de lavouras inteiras, a solução reside em exportar bovinos para a Turquia, melhor comprador. “O gado que não vai para exportação vale R$ 5,00 (quilo da carne) e o embarcado fica em R$ 6,50”, diz. “Não tem quem venda nessa seca, por isso a exportação é uma saída fantástica para o produtor”, afirma.

A Astúrias enviou para a Turquia nesta quinta-feira a terceira carga de bovinos da Zona Sul e outros municípios gaúchos deste ano, totalizando 5.530 cabeças. No primeiro embarque do ano, em janeiro, mandou 6,5 mil, e no segundo foram 5.730 animais.

O presidente do Núcleo Sudeste de Angus, Luiz Renato Leite Reis, também se manifesta favorável à exportação, por considerar igualmente como saída para o pecuarista comercializar o gado para um mercado que ele classifica como “bastante bom”. Enfatiza que a seca compromete a produção, pois, além, do gado gordo afetado, cai o índice de prenhez, com perspectiva de menos terneiros no ano que vem.

Observa que no ano passado foram exportados 85 mil bovinos de todo o Estado para o Oriente Médio pelo Porto de Rio Grande, total correspondente a 1% da produção da Zona Sul. “Temos carne de sobra. Podemos exportar 500 mil animais por ano que não haverá problema nem prejuízo algum para a sociedade”, assegura.

Observatório
Reis participou do lançamento do Observatório Gaúcho da Carne, que tem o acompanhamento e o apoio do Núcleo de Angus. Explica que a intenção é remontar a agência de carne gaúcha, pois hoje existem várias marcas de carne e o esforço é pulverizado. O objetivo é aproveitar a carne do Rio Grande do Sul como um todo. O Observatório reúne informações públicas sobre os elos da cadeia produtiva.

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